Lançado em 2019, The Outer Worlds chamou bastante a atenção de fãs de RPG e, especialmente, fãs de Fallout. A nova série da Obsidian claramente se inspirou bastante na franquia de jogos pós-apocalípticos, o que faz sentido já que o estúdio conta com desenvolvedores que criaram ou que trabalharam nos jogos originais de Fallout, incluindo Tim Cain e Leonard Boyarsky.
Além disso, a empresa também desenvolveu Fallout New Vegas, um dos jogos mais amados da franquia, quando a Bethesda estava ocupada com Skyrim. Por isso, não foi uma grande surpresa que The Outer Worlds tivesse praticamente o mesmo estilo de gameplay, humor, combate, companheiros e missões que a sua grande inspiração, mudando apenas o cenário apocalíptico para algo futurista no espaço.
Após 6 anos, sua sequência está prestes a chegar no PC e consoles sob a promessa de oferecer uma aventura mais divertida e com sistemas mais profundos do que antes. Por cortesia da Xbox, tivemos a chance de experimentar The Outer Worlds 2 antecipadamente e te contamos nossas impressões completas na análise logo a seguir!
Aventura em Arcadia
Se você já jogou o primeiro jogo, vale dizer que a sua estrutura de gameplay se mantém bem parecida em The Outer Worlds 2. Há muitas melhorias, é claro, mas não é o tipo de sequência que te deixa perdido. Caso não tenha experimentado a aventura anterior, felizmente não há qualquer problema. O game conta com uma trama, protagonista, personagens e planetas totalmente inéditos, então nenhum conhecimento prévio é necessário para aproveitar a jornada pelo sistema solar de Arcadia.
Falando na história principal, vou apenas revelar o mais básico: você é um comandante encarregado de ajudar a investigar um recente problema com fendas que surgiram pelo universo e que podem levar à destruição da civilização. A missão não dá muito certo e você decide ir atrás de respostas, encontrando diversos aliados e inimigos no caminho, além de ainda ter que se preocupar com as tais fendas.
Caso não tenha experimentado a aventura anterior, felizmente não há qualquer problema.
No meio disso, você poderá explorar alguns planetas, recrutar companheiros, lidar com facções e realizar diversas missões secundárias. Como no primeiro jogo, tudo pode se resolver na base da porrada ou com a ajuda de um arsenal de habilidades diferentes, o que sempre gera resultados muito mais interessantes do que se apenas matasse todo mundo toda hora. Essa foi uma ótima melhoria em relação ao título antecessor, já que The Outer Worlds 2 oferece bem mais oportunidades de colocar essas habilidades em prática e ainda faz isso em momentos que realmente importam e fazem a diferença em como a situação pode se desenrolar.
Isso também significa que esse é um título que pode ser jogado múltiplas vezes, sempre optando por estilos completamente diferentes de gameplay. Nesta minha primeira campanha, por exemplo, optei por uma protagonista mais diplomática, que costumava ter uma carreira acadêmica e com foco em utilizar suas habilidades de comunicação, ciência e hack, além de um conhecimento menor em medicina e arrombamentos. Por isso, o combate direto não ficou tão favorecido, então também precisei me esconder nas sombras e favorecer os ataques letais de surpresa quando necessário.
Assim, eu pude fazer escolhas bem específicas no que diz respeito à trama e as missões secundárias. Caso tivesse focado em outras habilidades, não seria possível seguir o mesmo caminho, o que transformaria bastante o resultado das quests, incluindo a história principal.
Esse é outro ponto positivo, já que realmente deu para sentir que The Outer Worlds 2 possui mais consequências para as suas decisões. Se no primeiro jogo as escolhas pareciam mais superficiais e não afetavam realmente as coisas ao seu redor, eu definitivamente não fiquei com a mesma sensação na maior parte do tempo com a sequência.
Outro fator que muda bastante sua experiência são as “falhas”, um sistema que existe desde o primeiro jogo. Essas falhas são descobertas no seu personagem ao longo do game e você pode escolher se quer ativá-las ou não. No geral, elas são negativas, mas podem oferecer uma pequena vantagem. Esse sistema é divertido porque pode te oferecer limitações interessantes e trazer um desafio maior durante a aventura, então eu recomendo aceitar algumas dessas falhas quando elas surgirem.
Companheiros para a vida toda
Eu sempre gostei bastante dos companheiros disponíveis no primeiro jogo, então estava bem ansiosa para ver o que a Obsidian tinha a nos oferecer em The Outer Worlds 2. Felizmente, o estúdio não nos decepcionou e ainda melhorou a experiência com os aliados que podemos recrutar em nossa jornada por Arcadia. Eles ainda possuem missões próprias com as quais você pode ajudar, mas sinto que há uma interação muito maior deles com o resto do mundo e com os outros companheiros em sua equipe.
Há muitos momentos durante missões e diálogos em que companheiros específicos podem ser úteis, oferecendo uma ajuda extra ou uma informação importante. Você também pode conversar com eles a qualquer momento para conhecê-los melhor ou ter uma outra perspectiva da situação que estiver enfrentando no momento. É claro que eles também podem te ajudar muito durante os combates, seja com suas armas ou suas habilidades especiais.
Fora esses personagens fixos, tenho que dizer que também adorei conversar com a maioria dos NPCs que encontramos pelos diferentes cantos dos planetas que visitamos. O diálogo e a construção das missões são alguns dos grandes destaques desse jogo na minha opinião. Mesmo o texto usado para descrever as situações que vão acontecendo são bem humorados e criativos, algo que dá para nós brasileiros aproveitarmos bastante, já que o game está localizado em português.
Será que tinha mais?
Sei que já falei bastante de habilidades, missões e companheiros, então imagino que os jogadores que preferem focar no combate devem estar mais ansiosos para saber se ele é bom nesse jogo. Apesar de eu não ter passado tanto tempo em confrontos diretos, definitivamente deu para me divertir durante as lutas. Há diversas armas de longo alcance e para combate corpo a corpo, além da opção de ataques surpresas para os fãs de um gameplay stealth.
Você pode alocar seus pontos de habilidade e de talento para focar mais no combate e melhorar sua destreza com as armas, melhorando ainda mais sua experiência. Infelizmente, só achei que os tipos de inimigos se tornam meio repetitivos em cada planeta, isso vale para o design e para o estilo de luta deles, o que pode tornar as lutas mais previsíveis do meio para o fim do jogo.
O game deixa uma sensação de que havia mais conteúdo planejado em alguns momentos
Outro aspecto que preciso comentar é a exploração geral do game. Realmente há mais a se ver e a se fazer em The Outer Worlds 2 do que em seu antecessor, mas é bom ter em mente que os mapas de cada planeta são bem contidos, provavelmente para oferecer mais conteúdo criado manualmente em vez de muita coisa gerada proceduralmente. Eu não vejo isso como algo negativo, mas é bom ter isso em mente se esperava mapas bem mais abertos ou cheios de coisas a se encontrar a todo momento.
Por fim, também vale dizer que o game deixa uma sensação de que havia mais conteúdo planejado em alguns momentos. Isso acontece principalmente em missões ou em arcos maiores de história, seja de algo secundário, das facções ou da campanha principal mesmo, já que há alguns desfechos parecem abruptos. Isso acontece com muitos jogos e não dá para realmente saber se muita coisa foi cortada de The Outer Worlds 2, mas ele definitivamente te deixa pensando se não era para ter algo a mais em certas ocasiões.
Vale a pena?
Para quem era fã do primeiro game ou simplesmente está com saudades de um gameplay parecido com Fallout, é quase impossível não recomendar The Outer Worlds 2. O jogo ainda tem alguns pontos em que poderia melhorar, mas é facilmente um grande aprimoramento em relação ao seu antecessor. As missões, os diálogos, os companheiros, habilidades e as escolhas são alguns de seus grandes destaques e que dão aquela cara de um RPG verdadeiro a esse título. O cuidado e carinho de seus desenvolvedores é perceptível e, talvez por isso, The Outer Worlds 2 nos deixa com essa sensação de querer ainda mais.
Nota do Voxel: 89
Pontos positivos (prós):
- Excelente texto nos diálogos, missões e descrições;
- Maior uso de habilidades diferentes para resolução de problemas;
- As escolhas parecem ter um impacto maior e é difícil prever o resultado;
- Os companheiros são interessantes e possuem maior interatividade com o mundo e entre si mesmos.
Pontos negativos(contras):
- Não há grande variedade de inimigos
- O desfecho de algumas missões parece muito abrupto;
- Combate pode se tornar previsível.
The Outer Worlds 2 chega em 29 de outubro no PC, PS5 e Xbox Series S e X, com lançamento no Game Pass Ultimate — o acesso antecipado começa nesta sexta-feira (24). Uma cópia do game para computador foi cedida pela Microsoft para a realização dessa análise.