O ano 536 d.C. é frequentemente citado por historiadores como um dos períodos mais sombrios da humanidade. Relatos históricos e evidências científicas apontam que esse foi o início de uma fase marcada por fenômenos climáticos devastadores, queda acentuada de temperaturas, colapso agrícola e crises sociais profundas em diversas regiões do planeta. Pesquisadores sugerem que tudo começou após uma enorme erupção vulcânica – ainda sem origem totalmente confirmada – que lançou poeira e partículas na atmosfera, bloqueando a luz solar e provocando um “inverno vulcânico” global.
Estudos indicam que a erupção pode ter ocorrido em El Salvador ou na Islândia, com registros geológicos que reforçam a hipótese islandesa. Também há indícios de que uma série de erupções entre 536 e 540 d.C. intensificou o cenário de caos climático.
Céu escurecido e colapso climático
Registros escritos da época evidenciam o impacto do escurecimento do céu. Em 538, o estadista romano Cassiodoro descreveu um Sol enfraquecido, com aparência azulada e incapaz de projetar sombras ao meio-dia. O historiador bizantino Procopius também relatou um efeito semelhante, apontando temor generalizado diante do fenômeno.
A ciência moderna confirma esses relatos: amostras de gelo na Groenlândia e na Antártida revelam presença de partículas vulcânicas e poeira ácida, enquanto anéis de árvores na Dinamarca demonstram crescimento extremamente reduzido nesse período — reflexo direto do frio e da baixa luminosidade.
Impactos globais do ano 536
O resfriamento abrupto atingiu principalmente o Hemisfério Norte, contribuindo para o início da chamada Pequena Idade do Gelo da Antiguidade Tardia. A agricultura colapsou, com falta de alimentos e fome generalizada, especialmente na Europa e na Ásia. A seguir, alguns eventos associados ao período:
- quedas drásticas nas temperaturas globais
 - relatos de neve no verão na China
 - secas severas em regiões da América do Sul
 - registros de falhas nas colheitas e fome na Irlanda
 - epidemias, incluindo peste bubônica no Egito
 
Poucos anos depois, a situação piorou com a chegada da Peste Justiniana, que matou milhões no Império Bizantino, contribuindo para seu enfraquecimento. O impacto social e político foi profundo e duradouro, influenciando o declínio de antigas potências.
Ao mesmo tempo, o clima mais seco na Ásia Central pressionou tribos nômades a deslocarem-se, provocando conflitos regionais e, curiosamente, alianças inesperadas entre povos da estepe e o Império Romano do Oriente. Em outra parte do mundo, o aumento de chuvas na Península Arábica favoreceu o florescimento de novas forças políticas, abrindo caminho para a ascensão do poder árabe no século VII.
Consequências históricas duradouras
O ano 536, portanto, não foi apenas um período de dificuldade momentânea. Ele marcou o início de transformações geopolíticas profundas, alterando rotas de poder e provocando crises que repercutiram por séculos. Para muitos especialistas, trata-se de um ponto de virada na história global, em que fenômenos naturais moldaram diretamente o destino de civilizações inteiras.
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As informações são do IFL Science.
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