Aplicativo ajuda pessoas cegas a andar com precisão em ambientes fechados

Aplicativos de navegação para smartphones e GPS já têm recursos que ajudam na navegação de pessoas cegas. No entanto, essas tecnologias ainda enfrentam desafios, como conectividade em ambientes internos e a necessidade de ter o dispositivo sempre à mão – o que, em alguns locais, pode ser um problema de segurança.

Um artigo publicado recentemente superou alguns dos principais empecilhos desses recursos e vai fornecer uma nova forma de pessoas cegas se guiarem em ambientes fechados com mais precisão e comodidade.

Aplicativos de navegação já têm recursos para pessoas cegas, mas enfrentam desafios (Imagem: Shutterstock)

Recursos de navegação para pessoas cegas ainda têm desafios

O professor de Ciência da Computação e Engenharia da Universidade da Califórnia em Santa Cruz Roberto Manduchi dedicou grande parte de sua carreira à pesquisa e criação de tecnologias de acessibilidade para pessoas cegas e/ou com deficiência visual. Ao longo dos anos, ele identificou uma necessidade de ferramentas que ajudem na navegação em ambientes fechados.

Outros sistemas desse tipo já existem, mas têm desafios:

Um deles é a dependência dos smartphones. A partir do momento que o usuário precisa tê-los na mão, isso pode virar um problema de segurança;

Outro empecilho é que muitas vezes as pessoas que usam esses recursos contam com apoio de cães-guia, bengalas ou suportes no geral. Se elas precisarem segurar o celular o tempo todo, há uma redução no conforto da mobilidade;

Empresas como Google e Apple são algumas das que têm opções de navegação interna, mas elas dependem de sensores instalados dentro dos edifícios, como aeroportos e estádios. Ou seja, nem todo lugar fechado funciona, sem contar que a solução é mais difícil de ser implementada;

O sinal também pode ser um problema. Atualmente, se os GPS não funcionarem em alguns ambientes, não há navegação.

Aplicativo foi testado dentro do edifício da universidade (Imagem: Roberto Manduchi/Reprodução)

Aplicativo ajuda na mobilidade em ambientes fechados

Pensando nisso, Manduchi e sua equipe criaram um aplicativo que promete superar os desafios atuais, fornecendo mais segurança, mobilidade e conforto para pessoas cegas.

O trabalho detalhou os recursos. Para começar, os pesquisadores se basearam em smartphones, já que eles são acessíveis e saem mais baratos do que criar um dispositivo separado. Além disso, os celulares já contam com sensores integrados e recursos de acessibilidade próprios.

Funciona assim:

O aplicativo usa um mapa interior do edifício para traçar o caminho até o destino;

Em seguida, ele usa sensores e outros recursos já disponíveis nos celulares (como contador de passos) para monitorar o trajeto;

Esses mesmos recursos rastreiam a localização do usuário para dar coordenadas;

Há um desafio nesta etapa: a localização pode não ser exata. Para resolver esse problema, os pesquisadores incorporaram um método chamado filtragem de partículas, que impõem restrições físicas para ambientes fechados e impede que os celulares interpretem dados erroneamente (por exemplo, uma pessoa andando através de uma parede apenas porque fez uma curva);

O aplicativo também usa o magnetômetro do aparelho para identificar anomalias no campo magnético, normalmente criadas por grandes aparelhos. Elas funcionam como marcos de localização dentro de um edifício e ajudam o recurso a entender o melhor caminho;

As instruções são faladas, eliminando a necessidade de ter o aparelho sempre à mão, e podem ser complementadas com vibrações.

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Aplicativo foi testado e ajudou a superar dificuldades de pessoas cegas

Além de fornecer mais segurança e conforto, os aplicativos têm integração com smartwatch e fornecem as instruções cerca de cinco metros antes de uma mudança, para que a pessoa não seja pega de surpresa.

O sistema foi testado dentro do edifício Baskin Engineering dentro da própria Universidade da Califórnia em Santa Cruz. Segundo o TechXplore, a navegação foi um sucesso, mas a equipe continuará a polir a interface para melhorá-la.

Futuramente, eles trabalharão na integração do aplicativo com recursos de IA que permitam tirar fotos e analisar os ambientes com mais detalhes.

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