O deserto do Atacama, no Chile, é conhecido por ter o “céu mais bonito do mundo” e concentra alguns dos principais observatórios astronômicos do planeta, incluindo o maior deles, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), que precisou entrar em “modo de sobrevivência” nos últimos dias devido a um fato curioso: neve no deserto.
Pois é: se você coloca um equipamento no deserto, uma das coisas que imagina é que dificilmente ele vai ficar molhado. E, de fato, o Atacama recebe menos de 2,5 cm de chuva por ano (o que é extremamente pouco), então o ALMA não é exatamente preparado para isso.
Mas a neve mudou as coisas por lá e cobriu parte do deserto. A queda de neve ocorreu sobre a Instalação de Apoio às Operações do ALMA, localizada a uma altitude de 2.900 metros e cerca de 1.700 quilômetros ao norte de Santiago.
Isso obrigou os cientistas a suspenderem as operações do observatório desde o último dia 26 de junho.
“Não há registro de queda de neve no acampamento base há mais de 10 anos. Não neva todos os dias no ALMA!”, disseram representantes do ALMA à Live Science. Apesar disso, o Planalto do Chajnantor, região onde fica o telescópio, costuma sofrer com neve algumas vezes no ano.
“No inverno, algumas tempestades são alimentadas pela umidade do Pacífico, que pode estender a precipitação até mesmo para as áreas costeiras do Deserto do Atacama”, explicou Raúl Cordero, climatologista da Universidade de Santiago, à Live Science.
No entanto, a queda de neve no observatório não era esperada. A tempestade foi desencadeada por uma instabilidade atmosférica incomum que afeta o norte do Chile. A Direção Meteorológica do Chile emitiu um alerta de neve e vento devido à passagem de um “núcleo frio” pela região.
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Modo de sobrevivência do ALMA
Na manhã da última quinta-feira (3), o observatório ativou seu protocolo de segurança em “modo de sobrevivência”: além da queda de neve, as temperaturas haviam caído para -12 °C, dificultando os trabalhos no local.
Com o protocolo ativo, todas as grandes antenas do ALMA foram reorientadas a favor do vento, ajudando a minimizar possíveis danos causados pelo acúmulo de neve ou por rajadas fortes.
“Assim que a tempestade passa, equipes de limpeza de neve são imediatamente acionadas para inspecionar visualmente cada antena antes de retomar as observações”, disseram representantes do ALMA.
Maior observatório do mundo
O ALMA é um dos projetos astronômicos mais avançados do mundo. Operando em conjunto por uma parceria internacional entre Europa, América do Norte e Ásia, em cooperação com o Chile, o ALMA é composto por um conjunto de 66 antenas de alta precisão que trabalham em sintonia para captar radiação eletromagnética em comprimentos de onda milimétricos e submilimétricos.
Essa tecnologia permite estudar regiões frias do universo, como nuvens moleculares onde nascem estrelas, discos protoplanetários que formam planetas, e galáxias distantes, revelando detalhes antes inacessíveis.
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