O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/MMA) divulgou nesta semana os resultados dos exames realizados nas 11 ararinhas-azuis que viviam na natureza e foram recapturadas por suspeita de infecção. Todas elas testaram positivo para o circovírus.
A enfermidade não tem cura e costuma matar as aves na maioria dos casos. Uma investigação está sendo conduzida para identificar a origem do vírus.
Ararinhas-azuis estavam soltas e foram recapturadas por suspeita de vírus
As 11 ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) foram repatriadas da Europa e estavam no Criadouro para Fins Conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul, em Curaçá (BA). Elas foram soltas na natureza em 2022.
No entanto, em maio deste ano, o ICMBio detectou o circovírus em uma das aves e instaurou um protocolo para impedir a disseminação para outros animais. As 11 aves soltas passaram por exames, que constataram a presença do vírus em todas.
Cláudia Sacramento, coordenadora da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio, que está no caso, comentou a situação:
Se as medidas de biossegurança tivessem sido atendidas com o rigor necessário e implementadas da forma correta, talvez a gente não tivesse saído de apenas um animal positivo para 11 indivíduos positivos para circovírus. O que a gente espera é que o ambiente não tenha sido comprometido, ameaçando a saúde de outras espécies de psitacídeos da nossa fauna,
Cláudia Sacramento, coordenadora da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio
O que é o circovírus, sem cura e letal para as ararinhas-azuis?
- O circovírus é oriundo da Austrália e o principal causador da doença do bico e das penas em psitacídeos (grupo de aves que inclui araras, papagaios e periquitos);
- Os sintomas incluem alteração na coloração das penas, falhas no empenamento e deformidades no bico das aves;
- O vírus não tem cura e costuma matar as aves contaminadas na maioria dos casos;
- O patógeno não infecta humanos, nem aves de produção.
Investigação vai determinar origem do vírus
Segundo comunicado do ICMBio, investigações em andamento buscam identificar a origem do vírus. Em seguida, o protocolo é separar os animais que testaram positivo e negativo, com medidas que impeçam a disseminação.
O Instituto realizou vistorias no criadouro em parceria com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e a Polícia Federal. Foi constatado que os protocolos de biossegurança não estavam sendo seguidos. As medidas exigidas incluíam a limpeza e desinfecção diária das instalações e utensílio, incluindo os comedouros nas quais eram fornecidos o alimento para as aves de vida livre, além do uso de equipamento de proteção individual por parte dos funcionários.
Segundo comunicado do ICMBio, os locais estavam “extremamente sujos, com acúmulo de fezes ressecadas”. Além disso, os funcionários foram “reiteradamente flagrados utilizando chinelos, bermuda e camiseta durante o manejo dos animais”.
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O local, anteriormente identificado sob a denominação Blue Sky, foi multado em cerca de R$ 1,8 milhão. Uma operação do Inema também autuou a instituição em cerca de R$ 300 mil.
O criadouro é parceiro da organização alemã Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, na sigla em inglês), que detém 75% das ararinhas registradas em todo o mundo.
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