A arte rupestre encontrada em uma rocha perto de Assuã, no Egito, pode revelar informações sobre as primeiras dinastias egípcias há 5 mil anos. O arqueólogo Dorian Vanhulle pesquisou a obra e divulgou suas descobertas em um novo estudo publicado na revista Antiquity.
Essa gravura em pedra parece representar um barco ornamentado com cinco figuras. Ao canto, há uma pessoa remando, enquanto no meio está um personagem sentado sobre uma estrutura elevada, interpretada pelo pesquisador como um palanquim.
Segundo o estudo, essa figura central pode ser um sujeito da realeza. Ele apresenta um queixo alongado, que se acredita ser uma representação da barba falsa utilizada por governantes desde a Primeira Dinastia, iniciada em 3085 a.C. Além disso, esse sujeito também tem um “traço vertical” sobre a cabeça, que pode ser “algum tipo de adorno”, como escreveu Vanhulle.

Gravura pode ser anterior à primeira dinastia do Egito
Para datar a gravura, o pesquisador examinou o estilo dos traços e comparou com referências anteriores. O formato do barco e das figuras se assemelha a representações dos períodos pré-dinástico e Arcaico, enquanto o topo da embarcação parece ter “chifres”, uma decoração comum no início da Primeira Dinastia.
“Os barcos estão entre os temas mais recorrentes na iconografia egípcia. Durante os períodos pré-dinástico e Arcaico (c. 4500–3085 a.C.), que prenunciaram o Egito faraônico, o barco é onipresente e revestido de significados ideológicos e simbólicos complexos”, disse Vanhulle, autor do estudo e diretor do Musée du Malgré-Tout, na Bélgica, em um comunicado.
O pesquisador acredita que a cena retratada seja anterior ao reinado de Narmer, fundador da Primeira Dinastia. Seu argumento é que a gravura não apresenta o símbolo serekh, um hieróglifo que retrata um palácio com o nome do governador ao lado de Hórus, deus do poder na mitologia egípcia.
Vanhulle constata no artigo que a ausência desse símbolo sugere que a figura sentada não é um rei. Mesmo assim, o pesquisador estima que a obra foi produzida no “amanhecer da Primeira Dinastia, talvez pouco antes do reinado de Narmer”, segundo escreveu no estudo.

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A rocha com as gravuras foi encontrada em 2022, na margem oeste do rio Nilo. A descoberta faz parte do Projeto Arqueológico Aswan-Kom Ombo (AKAP), em que pesquisadores estão documentando a arte rupestre no local da construção da Nova Cidade de Assuã, uma cidade planejada a 12 km da Assuã antiga.
As descobertas do estudo têm implicações fundamentas na forma como os arqueólogos entendem o início do Antigo Egito. “O painel é uma adição importante ao conjunto de gravuras existentes. Ele pode nos ajudar a compreender melhor o papel da arte rupestre nos eventos cruciais que levaram à formação do Estado egípcio”, concluiu o Dr. Vanhulle.
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