2025 começou com Donald Trump assumindo o governo dos Estados Unidos e, com isso, tivemos mudanças na NASA. Isso, claro, envolveu o programa Artemis, o tão esperado retorno do homem à Lua. Mas será que muita coisa mudou em relação ao ano passado?
Logo no começo do ano, Elon Musk, que até então ocupava o cargo no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), declarou que a ida à Lua era uma perda de tempo e que o foco deveria ser direto a Marte (com a Starship, claro). O bilionário ainda criticou o foguete da NASA.
Ainda sob a influência de Musk, Jared Isaacman foi indicado para ser administrador da NASA. O bilionário, que liderou a missão Polaris Dawn da SpaceX, prometeu fazer mudanças na agência, trazendo sua experiência corporativa para dentro dela.
Apesar de concordar com Musk, o empresário garantiu que a Artemis iria adiante e que o homem deve voltar à Lua durante o governo Trump. No entanto, a indicação de Isaacman foi retirada, e a NASA passou a maior parte do ano sob o comando de Sean Duffy (até que o empresário fosse novamente indicado e assumisse a agência no último dia 17).
O programa Artemis
Em linhas gerais, o programa Artemis visa estabelecer a presença humana na Lua novamente, mais de 50 anos depois da última missão lunar tripulada da história.
Faz parte dos objetivos colocar a primeira mulher na Lua, já que o programa Apollo contou apenas com astronautas homens. Aliás, é daí que vem o nome da missão, já que na mitologia grega, a deusa Artemis era a irmã gêmea do deus Apollo.
Outro objetivo é colocar a primeira pessoa negra no nosso satélite natural, criando a tripulação mais diversa já vista na Lua.
Na parte científica, o principal é conseguir criar missões mais viáveis para a Lua, reduzindo os custos e criando uma presença humana constante por lá. Isso levará a construção de uma base fixa, com moradias e instalações.
Além disso, essa base e a experiência adquirida nas missões serão usadas para futuras missões à Marte, que seguindo o planejamento da NASA, devem começar na década de 2030.
Apesar da primeira decolagem recente, a história do programa é bem antiga. O projeto deriva do ano de 2004, mas foi cancelado diversas vezes e foi afetado pelos cortes no programa de ônibus espaciais feitos pela NASA. Foi apenas em 2017 que a Artemis entrou em desenvolvimento ativo.
Quando a Artemis 2 será lançada?
Durante o ano todo, a NASA manteve a perspectiva de lançar a Artemis 2 no primeiro semestre de 2026, e, ao que tudo indica, Duffy manteve o cronograma como previsto. No entanto, com a troca no comando e tantos atrasos anteriores, é difícil prever o que pode acontecer.
A Artemis 2 chegou a ser previsa para 2024, adiada para 2025 e depois para 2026. Isso pode tornar a perspectiva de um lançamento breve algo distante, mas, felizmente, tudo parece estar caminhando bem para um lançamento nos primeiros meses de 2026, inclusive o foguete SLS passou por testes recentemente. O cenário da Artemis 3, no entanto, é bem mais incerto.
Recentemente, um cronograma interno da SpaceX, obtido pelo site Politico, indica que a Artemis 3, a primeira missão tripulada à Lua só ocorreria em setembro de 2028.
O documento revela que a SpaceX planeja realizar a primeira demonstração crítica de reabastecimento orbital entre naves Starship apenas em junho de 2026, seguida por um pouso lunar não tripulado em junho de 2027. Esses marcos são considerados essenciais antes de qualquer tentativa de missão com astronautas.
O desenvolvimento do sistema Starship enfrentou obstáculos significativos em 2025. Dos cinco lançamentos realizados este ano, os três primeiros resultaram na perda do estágio superior da nave. Apenas os dois últimos voos – da versão “Block 2” – demonstraram com sucesso capacidades críticas, incluindo pousos suaves no oceano.
A NASA ainda aguarda a apresentação formal do cronograma revisado pela SpaceX e, oficialmente, mantém a Artemis 3 programada para 2027.
Como foi a Artemis 1?
Para falarmos da Artemis 2, precisamos falar da missão que deu início ao programa Artemis, a 1, que ocorreu no final de 2022, e colocou a cápsula Orion e o foguete Space Launch System (SLS) juntos pela primeira vez, levando a capsula para a órbita da Lua.
Após mais de dez anos desde que começou a ser desenvolvido, o SLS foi lançado rumo à Lua no dia 16 de novembro de 2022. Formado pelo propulsor de mesmo nome e a cápsula de tripulação Orion, o megacomplexo veicular de 98 m de altura decolou da plataforma LC-39B, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, às 3h47 (pelo horário de Brasília), dando início a tão aguardada missão Artemis 1.
Alguns dias depois ela voltou para o ponto mais próximo da Lua, onde usou a força gravitacional do satélite para voltar à Terra. No dia 5 de dezembro, a Orion realizou uma queima de motores de 207 segundos, a maior de toda missão Artemis 1, para realizar a manobra de retorno ao planeta. No mesmo dia ela registrou todos os 6 pontos da Lua visitados por humanos.
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Em seu terceiro dia de missão, ela liberou as primeiras imagens da Lua. A espaçonave estava a 350 quilômetros da Terra, e 150 quilômetros da Lua. Na manhã do sexto dia, a missão Artemis 1 fez seu sobrevoo mais próximo do satélite a 100 quilômetros de distância. O momento foi transmitido pela NASA e rendeu muitas imagens da Terra vista da Lua.
Alguns dias depois ela voltou para o ponto mais próximo da Lua, onde usou a força gravitacional do satélite para voltar à Terra. No dia 5 de dezembro, a Orion realizou uma queima de motores de 207 segundos, a maior de toda missão Artemis 1, para realizar a manobra de retorno ao planeta. No mesmo dia ela registrou todos os 6 pontos da Lua visitados por humanos.
O principal objetivo desse voo não tripulado foi testar tecnologias essenciais para todas as outras missões do Programa Artemis, como o foguete e a cápsula em si, além dos sistemas de comunicação e de suporte de vida. Estavam a bordo da espaçonave três manequins humanoides (dois femininos e um masculino) para verificar os efeitos que a exposição excessiva à radiação pode gerar no organismo humano em uma missão lunar de longa duração.
Quais os objetivos da Artemis 2?
Em termos gerais, Artemis 2 será semelhante à missão Artemis 1, utilizando o SLS e a espaçonave Orion em uma jornada com destino à e ao redor da Lua. Com uma tripulação a bordo, o voo ajudará a testar os sistemas centrados no ser humano, como suporte de vida, comunicações e controles de voo.
“O perfil exclusivo da missão Artemis 2 se baseará no teste de voo não tripulado Artemis 1, demonstrando uma ampla gama de capacidades do SLS e da Orion necessárias em missões espaciais profundas”, disse Mike Sarafin, gerente do projeto Artemis da NASA, em um comunicado. “Essa missão provará que os sistemas críticos de suporte à vida da Orion estão prontos para sustentar nossos astronautas em missões de longa duração à frente e permitir que a tripulação pratique operações essenciais para o sucesso de Artemis 3″.
Como a distância entre a Lua e a Terra é de 384.400 km (em média, já que ela eventualmente se aproxima e se distancia no decorrer de sua órbita), a espaçonave chegará a cerca de 448.400 km do nosso planeta.
De acordo com a agência, os níveis de radiação do ambiente do espaço profundo ao redor da Lua são muito mais intensos do que os encontrados na órbita baixa da Terra, onde fica a Estação Espacial Internacional (ISS). Sendo assim, a NASA precisará coletar dados sobre a capacidade da cápsula Orion de manter os astronautas seguros e saudáveis durante toda a missão.
Além de verificar os sistemas de suporte à vida da tripulação, o voo Artemis 2 será usado para testar o quão bem a Orion pode manobrar no espaço sob controle humano.
Assim que a espaçonave atingir a órbita elevada da Terra, quase 24 horas após o lançamento, ela vai se separar de seu Estágio de Propulsão Criogênica Interina (ICPS), essencialmente o segundo estágio do SLS.
Uma vez que tenha se separado do ICPS, a tripulação usará os controles e câmeras a bordo da Orion para se alinhar com o propulsor de segundo estágio descartado, a fim de testar as qualidades de manuseio da cápsula e os sistemas relacionados.
Após esse procedimento, a espaçonave usará seu Módulo de Serviço Europeu (ESM) construído pela Airbus para executar a chamada queima de injeção translunar (TLI), uma manobra propulsiva que a colocará em uma rota em direção ao nosso satélite natural.
A cápsula Orion e sua tripulação então viajarão 10.300 quilômetros até o lado oculto da Lua antes de embarcar em uma viagem de retorno de quatro dias à Terra.
Apesar de chegar perto, Artemis 2 ainda não pousará na Lua porque muitos dos sistemas de hardware e software, manobras e procedimentos envolvidos nas futuras missões lunares planejadas pela NASA nunca foram testados antes.
O post Artemis 2: o maior lançamento de 2026 (e dos últimos 50 anos) apareceu primeiro em Olhar Digital.