Há pouco mais de uma década, os carros chineses eram vistos com desconfiança fora da Ásia. Hoje, a história é outra. A China não só se tornou o maior exportador de automóveis do planeta, como começa a disputar espaço com gigantes tradicionais da Europa, Japão e Estados Unidos.
Entre elétricos, híbridos e SUVs, o avanço é rápido e estratégico. Marcas como BYD, Chery, GWM, Geely e NIO representam o novo poderio industrial chinês, e muitas delas já miram o mercado brasileiro como ponte para a América Latina.
Quais as marcas de carros chinesas mais famosas?
BYD: o sonho elétrico que virou realidade
A BYD (Build Your Dreams) é o símbolo mais claro da virada chinesa no setor automotivo. Fundada em 2003, a empresa começou fabricando baterias e hoje é uma das maiores montadoras do mundo (somando elétricos e híbridos plug-in). Em 2023, superou a Tesla em volume global de vendas e consolidou sua presença em mais de 70 países.
No Brasil, o movimento é ousado: a BYD inaugurou uma fábrica em Camaçari (BA), no antigo complexo da Ford, e já planeja produzir modelos 100% elétricos no país. A marca aposta na eletrificação acessível, com modelos como o Dolphin e o Seal, que combinam design, autonomia e preço competitivo.
Mais do que vender carros, a BYD está exportando um modelo de futuro: tecnologia própria, cadeia de baterias local e uma imagem de marca limpa e moderna.
Chery: a pioneira que abriu caminho
Muito antes da onda elétrica, a Chery foi a primeira montadora chinesa a apostar em presença global. Fundada em 1997, começou exportando para mercados emergentes e, pouco a pouco, conquistou espaço com preços agressivos e design mais refinado.
No Brasil, a marca fincou raízes em Jacareí (SP) em 2014 e, anos depois, formou parceria com o grupo CAOA, criando a CAOA Chery. Em 2025, o G1 noticiou que a prefeitura pretende leiloar fábrica da Caoa Chery se não for apresentado um plano para retomada da produção.
A Chery também lidera uma estratégia de segmentação que revela a maturidade das marcas chinesas: criou divisões como Omoda, Jaecoo e Exeed, voltadas a públicos diferentes e com foco crescente em veículos híbridos e elétricos. A marca se tornou sinônimo de expansão inteligente, um passo à frente da simples importação.
GWM: o poder da nova geração
A Great Wall Motors (GWM) é a representante mais ambiciosa da nova geração de montadoras chinesas. A empresa aposta em SUVs e picapes híbridos e tem uma estratégia de globalização cuidadosamente calculada.
Com fábricas em vários continentes, escolheu o Brasil como base de produção para a América do Sul.
Sua unidade em Iracemápolis (SP), inaugurada em 2025, já monta modelos como o Haval H6 e a picape Poer P30. A ideia é simples: fabricar localmente, reduzir custos logísticos e competir diretamente com marcas tradicionais como Toyota e Volkswagen.
A GWM também investe pesado em software e conectividade, transformando o carro chinês num produto digital – com assistentes de voz, atualizações via nuvem e sistemas híbridos inteligentes.
Geely: o império por trás de nomes famosos
A Geely talvez seja menos conhecida pelo público brasileiro, mas é uma das empresas mais poderosas do setor automotivo global. Além de produzir seus próprios veículos, o grupo chinês é dono de marcas como Volvo, Polestar, Lotus e parte da Smart – um império silencioso que demonstra o alcance financeiro e tecnológico da China.
Fundada em 1986 e sediada em Hangzhou, a Geely investe em pesquisa e design na Europa, unindo engenharia ocidental e escala industrial chinesa. Seus modelos elétricos e híbridos vêm conquistando mercados europeus e asiáticos, enquanto a empresa estuda uma entrada direta no Brasil nos próximos anos.
A Geely não se limita a fabricar SUVs e elétricos: por meio de braços como DreamSmart, ECARX, Aerofugia e Geespace, o grupo investe em wearables, veículos voadores, rede de satélites e inteligência de mobilidade, uma estratégia que redefine o que significa ser fabricante de automóvel.
NIO: o luxo elétrico da nova era
Entre as marcas emergentes, a NIO é o nome mais comentado quando o assunto é carro elétrico premium. Fundada em 2014, a montadora conquistou o mercado chinês e europeu com seus SUVs de alta performance e sistemas de troca rápida de bateria, uma tecnologia que elimina a espera por recarga.
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A empresa aposta em design sofisticado, experiência digital integrada e um modelo de assinatura que transforma o carro em serviço. Mesmo sem presença direta no Brasil, a NIO inspira startups e consumidores brasileiros, mostrando que luxo e sustentabilidade podem andar lado a lado.
Com concorrentes como Tesla, BMW e Polestar no radar, a NIO é hoje o retrato da nova ambição tecnológica da China: exportar inovação e estilo de vida, não apenas automóveis.
O impacto da ascensão chinesa
O domínio chinês na indústria automotiva já é um fato. A combinação de produção em larga escala, domínio tecnológico e visão estratégica transformou o país de aprendiz em protagonista. No Brasil, essa presença se traduz em fábricas, empregos e uma nova disputa pelo futuro da mobilidade, cada vez mais elétrica, conectada e acessível.
Com BYD, Chery e GWM já instaladas e Geely e NIO de olho no mercado, o cenário é claro: o carro chinês deixou de ser promessa e passou a ser referência. E, se o ritmo continuar, a próxima década poderá ser lembrada como o momento em que o eixo da inovação automotiva girou definitivamente para o Oriente.
Afinal, a fama que Toyota, Honda e Kia construíram ao longo de décadas – de confiabilidade, eficiência e tecnologia acessível – começa agora a ser disputada por marcas chinesas.
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