Astronautas chineses ficam “presos” no espaço após nave ser atingida por lixo orbital

Três astronautas chineses estão temporariamente “presos” no espaço depois que a cápsula de retorno da missão Shenzhou-20 foi atingida por algo – que se acredita ter sido fragmentos de lixo espacial

De acordo com o divulgado pela Agência Espacial Tripulada da China (CMSA) na rede social Weibo, o incidente ocorreu poucas horas antes do desacoplamento da nave da estação Tiangong, onde a equipe está morando e trabalhando desde abril. O caso está sob investigação, mas as autoridades chinesas ainda não sabem a extensão dos danos nem quando a tripulação poderá voltar à Terra.

Os membros da missão Shenzhou-20, Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie, em foto oficial antes de serem lançados à estação espacial chinesa em abril. Crédito: CNSA

Em resumo:

  • Trio de astronautas chineses está “preso” em órbita após acidente com a nave de retorno;
  • Um impacto, provavelmente causado por lixo espacial, adiou a volta da missão Shenzhou-20 para casa;
  • Técnicos avaliam riscos e estudam alternativas;
  • Casos semelhantes já ocorreram com astronautas da Estação Espacial Internacional;
  • Cresce a preocupação com a “Síndrome de Kessler” e seus efeitos, aumentando os esforços para contenção do problema.

Os taikonautas Wang Jie, Chen Zhongrui e Chen Dong deveriam retornar na quarta-feira (5), após concluírem a troca de comando com a nova equipe da Shenzhou-21, que chegou à estação na sexta-feira (31). No entanto, aproximadamente às 10h30 da manhã (horário de Pequim), a CMSA informou que o regresso seria adiado por motivos de segurança.

Um foguete Long March-2F lançou a tripulação da missão Shenzhou-20 ao espaço em 24 de abril de 2025. Crédito: China Central Television (CCTV)

Técnicos analisam o impacto na espaçonave

Segundo a agência, há suspeita de que a cápsula tenha sido atingida por pequenos detritos orbitais. Técnicos fazem agora uma análise de impacto e uma avaliação de risco para garantir a integridade de todos os seis astronautas atualmente a bordo da Tiangong. Nenhum detalhe adicional foi divulgado até o momento.

A espaçonave danificada segue acoplada à estação e é composta por três partes: um módulo de propulsão, o compartimento habitável e a cápsula de retorno equipada com paraquedas. Caso alguma dessas seções apresente risco, o veículo poderá ser descartado e substituído por outra nave de reserva. Nesse cenário, os astronautas voltariam à Terra a bordo do módulo de retorno da Shenzhou-21, conforme o protocolo da agência chinesa.

Conforme destaca o site Ars Technica, a China mantém sempre um foguete Long March-2F e uma espaçonave Shenzhou reserva prontos para emergências no espaço. Assim, se os três astronautas da Shenzhou-20 precisarem retornar usando a cápsula da Shenzhou-21, a tripulação que continuar na estação poderá voltar depois com o veículo reserva.

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Astronauta bate recorde chinês de tempo em órbita

Durante a missão, o comandante Chen Dong estabeleceu um novo recorde nacional ao ultrapassar 400 dias acumulados em órbita – um marco que será ampliado com o atraso inesperado. O recorde mundial pertence ao cosmonauta russo Oleg Kononenko, com mais de 1.100 dias diretos no espaço.

O episódio remete a outros contratempos espaciais que mantiveram astronautas em órbita mais tempo do que o previsto. Frank Rubio, da NASA, estabeleceu o recorde norte-americano ao permanecer 371 dias na Estação Espacial Internacional (ISS) entre 2022 e 2023, por causa de um vazamento na cápsula Soyuz MS-22. 

Os astronautas da NASA Sunita Williams e Butch Wilmore passaram muito mais tempo que o previsto dentro da Estação Espacial Internacional. Crédito: NASA

Outro exemplo, mais recente, é o de Butch Wilmore e Suni Williams, também da NASA, retidos na ISS após falhas na cápsula Boeing Starliner que obrigaram a dupla a ficar longe da Terra por 286 dias, entre junho de 2024 e março de 2025 – um período muito maior que os oito dias inicialmente previstos para a missão.

Esta não é a primeira vez que a estação Tiangong enfrenta problemas com lixo espacial. Em 2023, um painel solar foi atingido por um fragmento, o que causou falhas temporárias de energia. Desde então, os engenheiros reforçaram a blindagem externa da estrutura durante atividades extraveiculares de manutenção.

O número de detritos espaciais cresce rapidamente conforme novas missões e satélites são lançados. Especialistas alertam para o risco da chamada “Síndrome de Kessler” – efeito em cascata em que colisões entre satélites e fragmentos geram novos detritos, tornando a órbita da Terra cada vez mais perigosa e congestionada.

Para evitar esse cenário, agências e empresas privadas testam tecnologias de remoção e prevenção de detritos, em uma corrida contra o tempo para impedir que o acúmulo de lixo espacial ameace não só as missões em órbita, como também a observação do céu a partir da Terra.

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