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Ataque hacker revela ‘fazenda de celulares’ que inundava TikTok com perfis falsos

by Fesouza
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Um ataque hacker expôs uma operação organizada para inundar o TikTok com perfis falsos gerados por inteligência artificial (IA), usados para promover produtos como se fossem influenciadores reais. 

A estrutura pertence à Doublespeed, startup apoiada pelo fundo Andreessen Horowitz (a16z). E veio à tona após a invasão de seus sistemas internos, segundo o site 404 Media.

O invasor conseguiu assumir o controle de mais de 1.100 celulares, usados para simular usuários comuns da plataforma. A revelação jogou luz sobre um modelo de negócio que mistura automação, IA e publicidade disfarçada (muitas vezes sem deixar claro para o público que se trata de conteúdo artificial ou patrocinado, diga-se).

A ‘fazenda de celulares’ que fazia IA parecer gente de verdade no TikTok

O hacker relatou ao 404 Media que, ao explorar uma brecha de segurança descoberta no fim de outubro, passou a ter acesso direto ao backend da Doublespeed, incluindo os computadores que controlavam fisicamente centenas de smartphones conectados em racks.

Capturas de tela de perfis criados por IA que promoviam produtos no TikTok
Os perfis falsos criados com IA promoviam diversos tipos de produtos (Imagem: Reprodução/Redes sociais)

Esses celulares não estavam ali por acaso. Eles formavam uma “fazenda de celulares”, estrutura usada para fazer plataformas como o TikTok acreditarem que contas falsas são de pessoas reais. Cada aparelho operava com contas próprias, endereços de internet diferentes e tarefas específicas, imitando o comportamento cotidiano de usuários humanos.

Com esse sistema, a Doublespeed conseguia administrar mais de 400 contas no TikTok. Cerca de 200 delas eram usadas ativamente para promover produtos, enquanto as demais passavam por um processo de “aquecimento”, fase na qual a conta posta conteúdo comum antes de começar a divulgar anúncios, reduzindo o risco de banimento.

No próprio site, a empresa não escondia a proposta: substituir influenciadores humanos por personagens artificiais. O slogan resume a lógica do negócio: “Nunca pague por um ser humano de novo”. Na prática, isso significava criar engajamento em escala, com custo menor e controle total sobre o discurso.

Produtos promovidos, regras violadas e planos de expansão

Os perfis falsos promoviam uma variedade de produtos. Entre eles, aplicativos de idiomas, aplicativos de relacionamento, aplicativos religiosos, além de suplementos alimentares e massageadores. O conteúdo aparecia em forma de imagens, slideshows e até vídeos gerados por IA, muitas vezes simulando relatos pessoais.

tiktok
TikTok informou que suas diretrizes proíbem esse tipo de prática e passou a rotular alguns dos perfis identificados como conteúdo gerado por IA (Imagem: DANIEL CONSTANTE/Shutterstock)

Em vários casos, não havia qualquer indicação de que aquele material era publicidade ou conteúdo gerado por IA. Isso fere as regras do TikTok, que exigem que criadores sinalizem conteúdos criados ou alterados por IA quando mostram pessoas ou cenas realistas.

Após ser procurado pelo 404 Media, o TikTok informou que suas diretrizes proíbem esse tipo de prática e passou a rotular alguns dos perfis identificados como conteúdo gerado por IA, além de remover vídeos citados na reportagem.

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Mesmo assim, o modelo parecia longe de ser abandonado. Em outubro, a Doublespeed levantou US$ 1 milhão com a Andreessen Horowitz e já anunciou planos de levar seus perfis artificiais para Instagram, X e Reddit

Segundo o site, representantes dessas plataformas indicaram que o serviço violaria suas políticas. ISso sugere que a disputa entre redes sociais e esse tipo de automação está apenas começando.

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