Uma falha global na Amazon Web Services (AWS), divisão de computação em nuvem da Amazon, provocou instabilidades em centenas de plataformas e serviços nesta segunda-feira (20). A pane afetou grandes empresas e aplicativos populares, incluindo Alexa, Zoom, Duolingo, Snapchat, Fortnite, Mercado Livre e Prime Video.
O problema começou a ser identificado por volta das 4h11 (horário de Brasília) e atingiu pelo menos mil empresas, segundo dados compilados pelo site Downdetector. No pico do incidente, mais de 6,5 milhões de usuários em diferentes países relataram falhas de acesso. Embora a situação tenha começado a se normalizar nas primeiras horas da manhã, a Amazon confirmou que ainda havia instabilidades em parte dos serviços.
O que causou a falha na AWS?
De acordo com a própria Amazon, o problema se concentrou na região US-EAST-1, onde fica um de seus principais datacenters, localizado no norte da Virgínia, nos Estados Unidos. Essa área é considerada estratégica, pois abriga parte essencial da infraestrutura que sustenta operações globais da AWS.
Em comunicado, a empresa informou que a interrupção envolveu “taxas de erro significativas” no DynamoDB, o sistema de banco de dados da companhia voltado para aplicações de alta demanda. O problema acabou se espalhando para outros serviços hospedados na mesma região, totalizando mais de 60 produtos impactados.
“Podemos confirmar taxas de erro significativas em solicitações feitas ao serviço DynamoDB na região US-EAST-1. Nossos engenheiros estão trabalhando para mitigar a falha e entender completamente a causa”, disse a Amazon por volta das 5h30 (horário de Brasília).
Mais tarde, a companhia detalhou a origem da pane. “Identificamos a origem dos problemas de conectividade de rede que afetaram os serviços da AWS. A causa raiz está em um subsistema interno responsável por monitorar a integridade de nossos balanceadores de carga. Estamos limitando novas solicitações de criação de instâncias EC2 para auxiliar na recuperação e seguimos trabalhando ativamente em medidas de mitigação”, informou a empresa em atualização publicada em sua página de status.
Falha gravíssima afeta confiabilidade da nuvem
Segundo Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, a falha foi gravíssima e afetou diretamente a confiabilidade da nuvem. Ele explica que o problema envolveu uma falha de DNS, que funciona como a “lista telefônica da internet”. Quando o DNS fica indisponível, os aplicativos não conseguem acessar suas bases de dados, tornando serviços inoperantes por algumas horas.
É uma falha técnica gravíssima porque um dos requisitos da nuvem é justamente confiabilidade e disponibilidade. Muitas empresas ficam expostas, sem plano B, sem alternativa quando algo assim acontece.
Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação
O especialista reforça que, mesmo após a Amazon reestabelecer os serviços, a recuperação completa leva horas, já que são aplicações complexas e de grande escala, não bastando um simples reboot para resolver o problema.
Serviços e aplicativos impactados pelo apagão da AWS
Além de interromper o funcionamento de aplicativos amplamente usados, como Zoom, Alexa, Duolingo, Snapchat, Prime Video, Fortnite, Roblox, Coinbase, Mercado Livre e Mercado Pago, a falha também afetou operações de companhias aéreas e outros bancos e plataformas de e-commerce. Estimativas indicam que mais de mil empresas foram atingidas em diferentes setores.
No Brasil, o incidente afetou principalmente fintechs e plataformas de e-commerce, enquanto a maior parte dos aplicativos atingidos pertence ao mercado americano. Segundo relatórios de usuários e monitoramento de instabilidades, mais de 500 aplicativos enfrentaram interrupções temporárias, refletindo a dependência crescente de empresas e usuários de uma infraestrutura de nuvem centralizada.
O caso reacende o debate sobre a dependência de serviços de nuvem concentrados em poucas big techs. Especialistas apontam que, com cerca de um terço da internet apoiada na AWS, falhas em um único datacenter podem gerar um efeito dominó sobre sistemas digitais no mundo todo.
A Amazon informou que seus engenheiros seguem monitorando o desempenho da rede e que a maioria dos serviços já foi restaurada. Até as 10h40, 37 dos 60 produtos afetados apareciam como “resolvidos” na página de integridade da AWS.
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Um lembrete sobre a fragilidade da internet
Embora a falha tenha sido controlada em poucas horas, o episódio mostra como a infraestrutura da internet continua vulnerável a interrupções em larga escala. Casos semelhantes já haviam ocorrido em anos anteriores, como o colapso nos sistemas da CrowdStrike em 2024, que paralisou aeroportos, bancos e hospitais em diferentes países.
Com o crescimento da demanda por armazenamento e inteligência artificial, o desafio de garantir resiliência e redundância em grandes provedores de nuvem tende a aumentar. E, enquanto poucas empresas concentram boa parte da infraestrutura digital global, qualquer instabilidade pode rapidamente se transformar em um apagão mundial.
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