Cerca de 70% da superfície da Terra fica debaixo d’água. Mesmo assim, apenas 0,001% do que existe no fundo do mar já foi explorado pelo homem. Um dado que impressiona, mas não impede que as nossas ações prejudiquem a vida nestes locais distantes.
De acordo com especialistas, detonações de rochas, sinais estridentes de sonares, roncos de motores de navio e outros ruídos emitidos pela atividade humana estão ficando cada vez mais altos. E todo este barulho traz impactos importantes para as espécies marinhas.
Sons são fundamentais para diversas espécies
- Segundo reportagem do G1, o som desempenha um papel essencial para as espécies marinhas, como reprodução, alimentação, manutenção da estrutura social e fuga de predadores.
- A atividade humana, no entanto, ofusca os ruídos naturais destes ecossistemas.
- De acordo com pesquisadores, os níveis de barulho emitidos pela humanidade nos oceanos atingiram os maiores patamares desde que a medição começou.
- O International Fund for Animal Welfare (IFAW), por exemplo, destaca que 250 mil embarcações podem viajar simultaneamente ao redor do planeta.
- Alguns destes navios de carga emitem até 190 decibéis de ruído, o que é muito mais alto do que um avião decolando, e quase o mesmo nível de um show de rock.
- Em seres humanos, ruídos altos acima de 120 dB podem causar danos imediatos aos ouvidos.
- Já patamares acima de 140 dB causam dor e podem levar a danos permanentes à audição.
- Além das frotas cada vez maiores, os canhões de ar comprimido usados para encontrar reservas de petróleo no fundo do mar e a mineração em águas profundas aumentam os níveis de barulho.
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Quais os impactos para a vida marinha?
Os cetáceos, mamíferos exclusivamente aquáticos representados pelas baleias, botos e golfinhos, enviam e recebem sons complexos para se comunicar uns com os outros, navegar pelas águas, encontrar alimentos e muito mais. Os peixes e invertebrados também usam o som para essas funções, bem como para se deslocar.
É importante destacar que o som viaja mais rápido e mais longe na água (cerca de 1.480 metros por segundo) do que no ar (343 metros por segundo). Isso significa que ele percorre longas distâncias com relativamente pouca perda de intensidade ou volume, beneficiando os animais em seu habitat natural, mas também amplificando os impactos da atividade humana.
Um dos efeitos do aumento dos ruídos foi identificado em golfinhos. Segundo cientistas, os animais estão gritando para se comunicar uns com os outros em função do barulho humano. Mesmo assim, ainda apresentam dificuldade para trabalhar juntos. Já as baleias podem ficar desorientadas com os ruídos, o que pode levar a encalhes nas praias e causar fatalidades de outras maneiras.
Atualmente, existem regulamentações nacionais e regionais para controlar os níveis de ruído do oceano, mas nenhum acordo internacional neste sentido. A ONG World Wildlife Fund (WWF) defende que até mesmo uma redução de 10% na velocidade dos navios reduziria seus níveis de ruído em 40%. Um tema que ainda precisa ser discutido com maior atenção.
O post Barulho humano alcança o fundo do mar e coloca animais em risco apareceu primeiro em Olhar Digital.