Postos de combustível de todo o Brasil serão obrigados a usar bombas medidoras criptografadas a partir de 2029, conforme revelou o UOL nesta quinta-feira (4). A nova tecnologia ajuda a prevenir uma das principais fraudes descobertas durante a Operação Carbono Oculto da Receita Federal, na semana passada.
A força-tarefa desmantelou um esquema de sonegação de impostos e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis responsável por movimentar R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. As práticas ilícitas ligadas ao crime organizado incluíam, também, adulterações de combustível e nas bombas de abastecimento.
Como funciona a bomba de combustível criptografada?
Usando tecnologia desenvolvida no Brasil, a bomba criptografada é imune ao “golpe da bomba baixa” praticado nos postos que foram alvo da megaoperação. Neste tipo de fraude, o equipamento usado no abastecimento passa por modificações para fornecer uma menor quantidade de combustível do que a informada no painel.
- Ou seja, o proprietário do automóvel paga uma determinada quantia por 30 litros de gasolina, por exemplo, mas na verdade leva menos do que isso de combustível, sem perceber;
- Na nova bomba, a tentativa de adulteração da informação sobre a quantidade de combustível abastecida leva ao travamento do equipamento, impedindo a continuidade da fraude;
- A bomba possui uma assinatura digital inviolável para cada operação de abastecimento realizada, que funciona como um carimbo eletrônico;
- Ela também conta com monitoramento remoto, memória inviolável e não permite acesso aos cabos de automação, aspectos geralmente explorados nas fraudes.
A implementação das bombas de combustível antifraude acontecerá de forma gradual, mas elas já estão disponíveis em alguns postos. O equipamento atualizado com a tecnologia custa de 20% a 30% mais caro do que os modelos antigos, mas há discussões em andamento entre as entidades do setor para facilitar a substituição pelos postos.
Vale destacar que os dispositivos modernos não resolvem todos os problemas apontados pela investigação, como a adulteração de combustíveis. Neste último caso, a fiscalização fica a cargo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Quais postos já utilizam a bomba de combustível criptografada?
No estado de São Paulo, as novas bombas antifraude estão disponíveis em 171 postos de combustível, com 445 equipamentos certificados e instalados, atualmente. É possível conferir os endereços dos estabelecimentos no site do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem-SP).
Como a quantidade de postos com a nova tecnologia ainda é baixa, recomenda-se ter alguns cuidados na hora de abastecer para não cair em golpes:
- Desconfiar sempre de preços muito baixos;
- Evitar promoções que só aceitam pagamento em dinheiro ou usando apps desconhecidos;
- Verificar o selo do Inmetro ou do Ipem na bomba;
- Solicitar a nota fiscal;
- Em caso de desconfiança, peça ao posto para fazer o teste da medida-padrão de 20 litros, obrigatório nos estabelecimentos, que comprova a precisão da medição.
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