Astrônomos descobriram um buraco negro deslocado do centro de sua galáxia. Localizado a 230 milhões de anos-luz da Terra, ele é considerado raro e pode complementar o que sabemos sobre buracos negros e galáxias anãs. A descoberta foi publicada este mês na revista Science Bulletin.
No decorrer dos séculos de estudo astronômico, era comum encontrar buracos negros no centro de galáxias. Porém, nas últimas décadas, pesquisadores têm descoberto alguns desses astros colossais que não obedecem essa regra: os buracos negros errantes.
O MaNGA 12772-12704 é um desses. Ele está a cerca de três anos-luz de distância do centro de sua espiral galáctica. A equipe estimou sua massa em cerca de 300 mil vezes a do Sol, o que o coloca na categoria de massa intermediária (IMBH).
Os pesquisadores identificaram que a galáxia onde ele se encontra exibe sinais sutis de um núcleo galáctico ativo (NGA), região central alimentada por um buraco negro supermassivo. Além disso, detectaram uma emissão de rádio deslocada do centro geométrico da galáxia, fator decisivo para a descoberta.
A equipe também descobriu uma estrutura em forma de jato que se estende por 7,2 anos-luz saindo do objeto espacial. Ao analisar dados de arquivos de 1993 a 2023, perceberam que a luminosidade de MaNGA 12772-12704 variou irregularmente no decorrer das décadas. Esse comportamento ajudou os pesquisadores a descartar a possibilidade de o astro ser os remanescentes de uma supernova.
“É como um farol cósmico iluminado por um buraco negro errante, embora tenha se afastado do centro galáctico, ele ainda brilha com energia poderosa”, disse o Dr. Liu Yuanqi, coautor do estudo e pesquisador na Academia Chinesa de Ciências, em um comunicado.
Buraco negro errante está em uma galáxia anã
Os astrônomos encontraram MaNGA 12772-12704 em uma galáxia anã, espécime com massa menor e uma história evolutiva simples. Elas funcionam como “fósseis cósmicos”, pois preservam pistas sobre a formação de diferente astros, dentre eles os buracos negros.
Entre as mais de 3 mil galáxias anãs descobertas no projeto Mapeando Galáxias Próximas no Observatório Apache Point (MaNGA), localizado nos EUA, a descrita pelos pesquisadores é única. Dessas, 628 apresentam possível atividade de NGA e 62% aparecem longe do centro de suas galáxias, mas apenas MaNGA 12772-12704 reúne todas essas características.
“Esta pesquisa nos leva a repensar a coevolução entre buracos negros e galáxias. Os buracos negros não são apenas ‘motores’ centrais, eles também podem remodelar silenciosamente suas galáxias hospedeiras a partir dos arredores”, disse o Dr. Tao An, coautor do estudo e pesquisador na Academia Chinesa de Ciências.
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A descoberta traz observações diretas de como os supermassivos podem se formar. Os dados sugerem que eles crescem a partir da fusão de diversos buracos negros menores, processo considerado uma das possíveis origens desses astros que sustentam galáxias inteiras.
Agora, novos projetos como o Telescópio Esférico de Abertura de Quinhentos Metros (FAST), na China, e o Square Kilometer Array, um radiotelescópio internacional, podem expandir esse conhecimento, dando novas pistas sobre a origem dos misteriosos buracos negros errantes.
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