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Buracos negros não conseguem resolver conflito na expansão do Universo

by Fesouza
6 minutes read

Há muito tempo, cosmólogos tentam decifrar um enigma conhecido como “tensão de Hubble”, termo que se refere a uma discrepância persistente entre as medições da taxa de expansão do Universo. 

Uma das soluções estaria na perda de massa durante a fusão de buracos negros – mas, estudos recentes sugerem que isso não resolve totalmente o problema, o que mantém o mistério no ar.

Em resumo:

  • Existe uma diferença entre os cálculos que medem a expansão do Universo;
  • Essa discrepância, chamada “tensão de Hubble”, intriga cientistas há alguns anos;
  • Entre as explicações possíveis, estão as fusões de buracos negros;
  • Um novo estudo refuta a hipótese e mantém o enigma sem solução.

O ponto central da questão está na “constante de Hubble”, unidade de medida que indica o ritmo da expansão do espaço. Observações do Universo primitivo, como a radiação cósmica de fundo, mostram valores bem menores do que os obtidos por medições feitas no Universo mais próximo. A diferença entre os dois resultados só cresceu nos últimos anos e segue sem explicação.

Buracos negros não conseguem resolver conflito na expansão do Universo
Edwin Hubble, autor da Constante de Hubble, segurando o esboço de uma galáxia. Crédito: Acervo Público dos EUA

Taxa real de fusões de buracos negros é insuficiente para explicar tensão de Hubble

Uma das possibilidades levantadas pelos cientistas é que a quantidade de matéria no Universo talvez não seja tão estável quanto os modelos sugerem. Alguns teóricos imaginaram que a matéria escura poderia estar se transformando em radiação invisível. O problema, conforme destaca o site Space.com, é que a própria matéria escura ainda não é compreendida, o que torna essas hipóteses pouco sólidas e ainda muito especulativas.

Outra ideia investigada é o papel dos buracos negros. Quando dois deles se fundem, parte de sua massa se transforma em energia e se espalha pelo espaço na forma de ondas gravitacionais. Essa massa deixa de existir de maneira efetiva. Atualmente, essas ondas podem ser medidas diretamente por detectores como o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO) e também de forma indireta, usando pulsares que funcionam como relógios cósmicos espalhados pelo Universo.

Pesquisadores anunciaram a detecção da maior fusão de buracos negros já captada pela humanidade.
A taxa real de fusões de buracos negros é cerca de 10 mil vezes menor do que a necessária para justificar a discrepância nas medições da expansão do Universo. Crédito: YouTube – NASA Goddard

Um grupo de astrofísicos da Universidade Vanderbilt, nos EUA, realizou cálculos para descobrir se esse processo seria de fato capaz de explicar a tensão de Hubble. Eles avaliaram a frequência provável dessas fusões ao considerar quantas estrelas massivas se formam, quantas acabam colapsando em buracos negros e qual a chance de tais objetos se aproximarem o bastante para se fundirem.

De acordo com os resultados, descritos em um artigo disponível para revisão no repositório de pré-impressão arXiv, a taxa real de fusões é cerca de 10 mil vezes menor do que a necessária para justificar a discrepância observada. Mesmo com incertezas nas estimativas, os números não chegam perto do que seria preciso.

Ainda assim, a pesquisa representa um avanço importante, pois cada hipótese descartada ajuda a estreitar o caminho em direção à solução. E os cientistas continuam seu trabalho como detetives do cosmos, analisando pistas, eliminando suspeitos e buscando desvendar um dos maiores mistérios da ciência moderna.

Buracos negros não conseguem resolver conflito na expansão do Universo
Representação artística do Universo em expansão. Crédito: Anshuman Rath – Shutterstock

Leia mais:

Universo pode frear expansão e iniciar contração gradual

Considerada um fator constante que impulsiona o afastamento cada vez mais acelerado das galáxias, a energia escura pode ter atingido seu pico quando o Universo tinha cerca de 70% da sua idade atual e, desde então, vem perdendo força, estando, atualmente, cerca de 10% mais fraca.

Uma descoberta publicada em março levanta a possibilidade de que, num futuro distante, a aceleração possa cessar, estabilizando a expansão ou até a revertendo, em um colapso apelidado de “big crunch”. Saiba mais aqui.

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