C2PA: a nova fronteira da autenticação digital de imagens

À medida que as eleições presidenciais dos Estados Unidos se aproximam, a internet tem sido inundada com fotos de figuras políticas como Donald Trump e Kamala Harris. Entre essas imagens, há desde fotos impactantes de uma tentativa de assassinato até fotos mundanas de comícios e até mesmo fotos que mostram os candidatos em situações chocantes, como queimando bandeiras e segurando armas.

Muitas dessas imagens, no entanto, são falsas, resultado da crescente sofisticação das ferramentas de IA generativa, que estão tornando a confiança nas nossas percepções visuais cada vez mais difícil. Para enfrentar esse problema, várias gigantes da mídia digital estão trabalhando em soluções baseadas em metadados. O sistema de autenticação de imagens C2PA é um dos principais exemplos dessa abordagem.

Imagens criadas por IA estão impactando as eleições dos Estados Unidos. (Imagem: Lightspring / Shutterstock.com)

Esse padrão técnico, apoiado por empresas como Microsoft, Adobe, Arm, OpenAI, Intel, Truepic e Google, fornece informações detalhadas sobre a origem das imagens, ajudando os usuários a identificar se elas foram manipuladas.

Andy Parsons, membro do comitê de direção da C2PA e diretor sênior da CAI na Adobe, explicou ao The Verge que tecnologias de proveniência, como as Credenciais de Conteúdo, funcionam como um rótulo nutricional para o conteúdo digital.

Tecnologias de proveniência como as Credenciais de Conteúdo — que funcionam como um rótulo nutricional para o conteúdo digital — oferecem uma solução promissora ao permitir que fotos de eventos oficiais e outros conteúdos carreguem metadados verificáveis, como data e hora, ou, se necessário, sinalizem se a IA foi utilizada ou não. Esse nível de transparência pode ajudar a dissipar dúvidas, especialmente durante notícias de última hora e ciclos eleitorais.

Andy Parsons, membro do comitê diretor da C2PA e diretor sênior da CAI na Adobe, ao The Verge

Implementação e adoção do padrão C2PA

Apesar das vantagens do padrão C2PA, a sua implementação enfrenta desafios significativos, particularmente no que diz respeito à interoperabilidade. Embora o padrão esteja tecnicamente estabelecido, sua adoção prática ainda é limitada. Algumas marcas de câmeras, como Sony e Leica, já incorporam assinaturas digitais baseadas no C2PA, fornecendo informações como configurações da câmera, data e local da captura da imagem.

No entanto, a adoção por outras marcas e a integração com smartphones, que são as câmeras mais acessíveis para a maioria das pessoas, ainda estão aquém. Apple e Google, por exemplo, ainda não implementaram suporte para o padrão C2PA em seus dispositivos.

Edição e processamento de imagens

Além da captura, o processo de edição também desempenha um papel crucial na autenticação de imagens.

Softwares de edição de imagens, como Adobe Photoshop e Lightroom, podem incorporar dados de autenticidade às imagens, destacando como e quando foram alteradas.

No entanto, muitos aplicativos de edição, como Affinity Photo e GIMP, não suportam uma solução interoperável de metadados, o que dificulta a resolução de questões de autenticidade em larga escala.

A Capture One, um popular software de edição de fotos, afirmou estar analisando a integração de recursos de rastreabilidade como o C2PA para apoiar os fotógrafos impactados pela IA.

Exibição e acesso a metadados

Mesmo quando uma câmera suporta dados de autenticidade, esses dados nem sempre são acessíveis ao público. Uma câmera Sony compatível com C2PA foi usada para capturar imagens notáveis, como a foto de Trump após a tentativa de assassinato e uma imagem que parecia mostrar a bala disparada.

No entanto, essas informações de metadados não são amplamente visíveis nas plataformas online, como X e Reddit, que não exibem essas informações quando as imagens são publicadas. Além disso, mesmo veículos de mídia que apoiam o padrão, como o New York Times, não sinalizam visivelmente as credenciais de verificação após usarem o padrão para autenticar fotografias.

Leia mais:

Como recortar, copiar e colar texto ou imagem no celular Android

Como fazer busca por imagem no Pinterest

Como alterar tamanho de imagem de graça online?

Desafios de adoção do C2PA pelas plataformas

Para que o sistema de autenticação digital de imagens seja amplamente eficaz, é essencial que plataformas online adotem o padrão C2PA. Embora o X (antigo Twitter) tenha mostrado interesse, a adesão ainda é um desafio. A Meta também enfrenta dificuldades com a forma como rotula o uso de IA em imagens.

O sistema de rotulagem “Feito com IA” da Meta gerou controvérsias ao ser aplicado de forma excessiva, cobrindo até mesmo retoques menores. A Meta atualizou esses rótulos para reduzir a ênfase no uso de IA e acredita que a adoção generalizada das Credenciais de Conteúdo é crucial para estabelecer a confiança.

Sistema da Meta sofreu atualizações após críticas com adoção de rótulos de forma generalizada. (Imagem: Cristian Valderas / Shutterstock.com)

O futuro da autenticação digital

Embora o sistema C2PA ofereça uma abordagem promissora para a autenticação digital, ele não é uma solução perfeita.

A eficácia do sistema depende da adoção por plataformas e produtos, e ainda existem limitações, como a possibilidade de remoção de metadados através de capturas de tela. De acordo com Mounir Ibrahim, diretor de comunicações da Truepic, a detecção de manipulação e geração de IA é, na melhor das hipóteses, probabilística.

Apesar de os sistemas de marcação de água serem robustos, eles não são totalmente interoperáveis. A solução não é perfeita, mas o sistema de rotulagem criptográfica representa uma abordagem viável para identificar conteúdo autêntico, manipulado e gerado artificialmente em larga escala.

O post C2PA: a nova fronteira da autenticação digital de imagens apareceu primeiro em Olhar Digital.

Related posts

Galaxy S26 pode ‘copiar’ iPhone e recarga magnética Qi2, mostra vazamento

Chineses se passam por doutor e aplicam golpe de R$ 1 milhão no Brasil

Adoçantes podem envelhecer o cérebro mais rápido, diz estudo brasileiro