Calendário maia previa eclipses com precisão surpreendente

Um artigo publicado nesta quarta-feira (22) na revista Science Advances revela como o calendário maia permitia prever eclipses com uma precisão impressionante, séculos antes do surgimento da astronomia moderna. 

Assim como outras civilizações antigas, os maias observavam o céu em busca de sinais divinos e usavam padrões celestes para orientar decisões religiosas e políticas. Mas seu sistema de contagem do tempo era único e, até hoje, continua sendo um dos maiores enigmas da arqueologia.

Moeda banhada a ouro, com o calendário maia cunhado – artefato de colecionador. Crédito: Prachaya Roekdeethaweesab – Shutterstock

Em resumo:

  • Estudo revela que o calendário maia era capaz de prever eclipses com impressionante precisão histórica;
  • Chamado Tzolk’in, o calendário guiava cerimônias e decisões humanas;
  • Observando luas novas, maias calculavam fases lunares com erro mínimo;
  • Com isso, previam eclipses solares e lunares em alinhamentos precisos;
  • Guardiões ajustavam ciclos astronômicos, mantendo o calendário útil por séculos.

Calendário maia tinha 260 dias

Conhecido como Tzolk’in, o calendário sagrado dos maias tinha 260 dias e era usado tanto para cerimônias quanto para prever o destino das pessoas. No Códice de Dresden, um dos poucos manuscritos maias preservados na história, há uma tabela que registra 405 luas novas – o equivalente a 46 ciclos completos do Tzolk’in. Essa correlação permitia aos astrônomos daquela civilização prever fases da Lua com uma margem de erro de apenas um dia.

Os eclipses acontecem quando o Sol, a Terra e a Lua ficam perfeitamente alinhados, algo que só ocorre em momentos específicos da órbita lunar. Esse alinhamento se dá nos chamados “nodos”, pontos em que a órbita da Lua, inclinada cerca de cinco graus em relação à da Terra, cruza o mesmo plano do Sol. Quando esse alinhamento se dá durante a Lua cheia, a Terra fica entre o Sol e a Lua, bloqueando sua luz e formando o eclipse lunar. Já quando ocorre na Lua nova, a Lua se posiciona entre o Sol e a Terra, projetando sua sombra sobre o planeta, dando origem ao eclipse solar.

Um eclipse solar (esq.) ocorre durante a fase nova da Lua (mas, não todos os meses). Da mesma forma que eclipses lunares (dir.) ocorrem somente nas luas cheias (e também não em todas). Créditos: Incogito/SenecaS/Shutterstock

Esses fenômenos não se repetem todos os meses porque, na maior parte do tempo, a Lua passa um pouco acima ou abaixo do Sol no céu. Mesmo assim, os maias conseguiram perceber padrões nesses alinhamentos e desenvolveram cálculos precisos para prever quando voltariam a ocorrer – algo notável para uma civilização sem instrumentos ópticos ou tecnologia moderna.

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Especialistas maias em cronologia era responsáveis por ajustes nos ciclos

Assim, o calendário de 260 dias servia não apenas para marcar o tempo, mas também para prever quando esses fenômenos poderiam ocorrer, em qualquer parte do planeta. Enquanto eclipses lunares podiam ser vistos por milhões de pessoas, os solares, visíveis apenas em pequenas regiões, ganhavam ainda mais importância simbólica e ritual.

O calendário sagrado dos maias tinha 260 dias e era usado tanto para cerimônias quanto para prever o destino das pessoas. Crédito: Imagem gerada por IA/Gemini

Com o passar dos anos, no entanto, as previsões se tornariam imprecisas se o calendário não fosse reajustado. Os “guardiões do dia”, especialistas maias em cronologia, aprenderam a corrigir essa defasagem usando dois ciclos astronômicos: o inex, de 358 meses, e o saros, de 223 meses. Ambos continuam sendo usados pela astronomia atual.

Ao site IFLScience, o autor do estudo, John Justeson, da Universidade Estadual de Nova York, nos EUA, explicou que esses ajustes garantiam que o sistema maia permanecesse preciso por séculos. Os pesquisadores estimam que o calendário tenha sido criado entre os anos de 1083 e 1140 e seria capaz de prever eclipses até os dias de hoje.

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