O calor das noites está se tornando um inimigo silencioso do descanso. Um novo estudo mostra que temperaturas elevadas não só encurtam o sono, como também pioram sua qualidade e afetam a saúde.
A pesquisa analisou milhões de noites de sono e revelou quem sofre mais com o problema — além de apontar riscos ainda maiores no futuro, com o avanço das mudanças climáticas, alerta o New Atlas.
Como o calor bagunça o sono
Dormir bem depende de um processo simples: o corpo precisa esfriar para entrar em sono profundo. Quando isso não acontece, o descanso vira um quebra-cabeça incompleto. Segundo o estudo da Universidade do Sul da Califórnia (USC), noites quentes deixam o organismo em estado de alerta, aumentam a desidratação e fragmentam os estágios do sono.
Os pesquisadores analisaram a duração, a continuidade e a eficiência do descanso e encontraram um padrão claro: quanto mais quente, pior.
Este trabalho é um passo importante para entendermos como o sono é afetado por estressores ambientais como o calor, que podem aumentar o risco de doenças e até mesmo de morte.
Jiawen Liao, primeiro autor do estudo, em comunicado.
Dispositivos vestíveis monitoraram o sono
Diferentemente de estudos baseados apenas em questionários, este mergulhou fundo em dados reais. Foram avaliados registros de sono de 14.232 adultos nos Estados Unidos ao longo de uma década, coletados por dispositivos vestíveis como o Fitbit e cruzados com informações meteorológicas detalhadas.
No total, os cientistas analisaram cerca de 12 milhões de noites relacionadas à duração do sono e mais 8 milhões focadas nos estágios e interrupções. Isso permitiu entender, com precisão inédita, como o calor externo afeta o descanso no dia a dia.
Entre os principais efeitos observados estão:
- Redução do tempo total de sono.
- Mais tempo acordado após adormecer.
- Menor eficiência do sono.
- Atraso para pegar no sono.
- Interrupções frequentes nos estágios profundos.
Cada aumento de 10 °C na temperatura, seja durante o dia ou à noite, reduziu o tempo de sono em dois a três minutos. “Isso pode parecer pouco, mas quando se soma a milhões de pessoas, o impacto total é enorme”, destacou Liao.
Quem sofre mais hoje — e quem sofrerá amanhã
O impacto do calor não é igual para todos. Adultos entre 40 e 50 anos perderam mais sono do que os mais jovens, e as mulheres se mostraram mais vulneráveis do que os homens. Pessoas com doenças crônicas, renda mais baixa e moradores da Costa Oeste dos EUA também foram mais afetados.
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Os meses de junho a setembro, auge do verão no hemisfério norte, concentraram as maiores perdas. Olhando para o futuro, o cenário preocupa: até 2099, os adultos americanos podem perder entre 8,5 e 24 horas de sono por ano devido ao aumento das temperaturas noturnas. “Direcionar intervenções e mudanças nas políticas para esses grupos pode ser particularmente impactante”, disse Liao.
Os pesquisadores agora investigam soluções práticas, como programas de higiene do sono, telhados verdes e melhorias na refrigeração interna, para reduzir os efeitos das noites quentes.
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