Um novo estudo conduzido pelo Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa sugere que comer castanha-do-pará diariamente pode reduzir a inflamação e melhorar a saúde intestinal de mulheres com sobrepeso ou obesidade.
O consumo regular da castanha já vem sendo associado a benefícios intestinais em pesquisas anteriores, muitos deles devido aos seus altos níveis de selênio, um mineral essencial com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Apesar disso, recomenda-se limitar a quantidade diária para evitar toxicidade.
A investigação brasileira acompanhou a dieta de 56 mulheres acima do peso, com idades entre 20 e 55 anos durante oito semanas, de junho de 2019 a setembro de 2021. Os resultados foram publicados no The Journal of Nutrition.
Castanha-do-pará controla a inflamação e melhora a saúde do intestino
A pesquisa buscou entender o impacto do consumo diário de castanha-do-pará em mulheres com sobrepeso ou obesidade.
As participantes seguiram uma dieta controlada, e uma parte delas consumiu 8 gramas de castanha como um lanche diário.
Ao longo do acompanhamento, o grupo que consumiu castanha-do-pará apresentou níveis mais altos de selênio no sangue.
Esse grupo também mostrou uma redução significativa nos indicadores de inflamação, como a proteína C-reativa.
Além disso, houve uma melhora na permeabilidade intestinal, indicando uma barreira intestinal — uma espécie de filtro de nutrientes — mais saudável.
As mulheres que perderam mais peso com a dieta apresentaram maiores reduções nos níveis de inflamação.
No geral, as evidências sugerem que o selênio presente na castanha-do-pará pode estar ligado à redução da inflamação e à melhora da saúde intestinal.
A castanha-do-pará tem benefícios, mas é preciso cautela
Alyssa Simpson, nutricionista gastrointestinal e proprietária da Nutrition Resolution, em Phoenix, explica ao Medical News Today que a riqueza de selênio está provavelmente por trás dos resultados do estudo brasileiro.
O selênio atua como um poderoso antioxidante, aumentando as selenoproteínas que neutralizam o estresse oxidativo e reduzem as citocinas pró-inflamatórias, melhorando assim a permeabilidade intestinal.
Alyssa Simpson
Apesar de ser um mineral importante, o corpo humano não é capaz de produzir selênio naturalmente. Por isso, precisamos recorrer a fontes como peixes e frutos do mar, aves, carne ou vegetais, como sementes de girassol e a castanha-do-pará.
Uma única castanha fornece aproximadamente 96 microgramas de selênio. Isso é quase o dobro da ingestão diária indicada de 55 microgramas para a maioria dos adultos. Ou seja, mesmo sendo uma ótima fonte, a especialista recomenda cautela. O ideal é consumir entre 1 a 2 castanhas-do-pará por dia e não depender apenas da semente para cuidar da saúde intestinal.
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Resultados do estudo são limitados
O novo estudo tem suas limitações. O pequeno número de participantes, curta duração, e o fato de incluir apenas mulheres jovens e de meia-idade no Brasil, restringem a generalização dos resultados para outras populações. Além disso, a adesão à dieta foi monitorada por autorrelatos, o que pode introduzir erros.
Esses fatores sugerem que os resultados devem ser interpretados com cautela. Simpson destaca a necessidade de mais pesquisas para isolar as variáveis da dieta e entender melhor as interações envolvidas nos resultados encontrados.
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