A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (20) um projeto de lei sobre “adultização”. O texto, do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), cria regras para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital.
O Projeto de Lei 2628/2022, já aprovado no Senado, prevê que redes sociais adotem o “dever de cuidado”, princípio jurídico que obriga empresas a adotar medidas para evitar danos a terceiros. Se as empresas descumprirem as normas, poderão ser responsabilizadas civil, criminal e administrativamente.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou a proposta como o principal tema da semana. E convocou uma comissão geral para discutir o assunto nesta quarta.
Na terça-feira (19), os deputados aprovaram em votação simbólica o regime de urgência, o que permite acelerar a tramitação. A medida gerou protestos da oposição, que criticou a ausência de registro nominal dos votos.
O que prevê o projeto contra ‘adultização’ que deve ser votado na Câmara
O Projeto de Lei 2628/2022 estabelece que empresas de tecnologia cujos produtos sejam destinados ou acessados por menores de idade deverão adotar mecanismos para prevenir ou reduzir a exposição a conteúdos nocivos, como:
- Exploração e abuso sexual;
- Violência física, bullying virtual e assédio;
- Incentivo à automutilação e a transtornos de saúde mental;
- Jogos de azar, tabaco, álcool e drogas;
- Publicidade enganosa.

Além disso, as plataformas terão de:
- Realizar avaliações de risco e oferecer ferramentas de controle parental;
- Remover de imediato conteúdos ilegais de abuso sexual infantil, mesmo sem ordem judicial, após notificação;
- Criar barreiras confiáveis de verificação de idade em sites pornográficos;
- Proibir a coleta de perfis comportamentais de menores para fins publicitários;
- Impedir a venda de “loot boxes” em jogos eletrônicos direcionados a crianças e adolescentes;
- Vincular contas de menores aos perfis de seus responsáveis legais.
Ferramentas de controle parental
A lei também determina que as configurações padrão dos sistemas de controle parental venham ativadas. Entre elas:
- Limitar comunicações de terceiros com crianças e adolescentes;
- Restringir o acesso não autorizado a dados pessoais;
- Definir tempo máximo de uso de serviços e limitar recursos que prolonguem a utilização;
- Controlar recomendações personalizadas;
- Bloquear o compartilhamento da geolocalização;
- Incluir recursos de educação midiática para uso seguro da internet;
- Restringir o uso de ferramentas de inteligência artificial que não sejam indispensáveis ao funcionamento do produto.
Penalidades previstas
O descumprimento da lei poderá resultar em:
- Advertência com prazo para correção;
- Multa de até 10% do faturamento da empresa ou até R$ 50 milhões por infração;
- Suspensão temporária das atividades;
- Proibição definitiva de funcionamento no Brasil.
Os valores arrecadados com multas irão para o Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente.
Debate sobre “censura”
Parlamentares contrários à proposta alegam risco de censura, sobretudo pelo trecho do projeto de lei sobre serviços de “acesso provável” por menores – expressão considerada vaga pela oposição.
Já os defensores afirmam que o projeto é essencial para garantir segurança digital a crianças e adolescentes num ambiente cada vez mais marcado pela presença de plataformas online.

O assunto voltou ao holofote político após o youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicar um vídeo no qual denunciava a “adultização” de menores de idade e como redes sociais facilitavam a vida de pedófilos.
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Entre usuários denunciados por Felca no vídeo, está o influenciador Hytalo Santos. Após ser alvo do Ministério Público e da polícia, Hytalo teve perfis suspensos nas redes sociais. Na sexta-feira (15), o influenciador e o marido dele, Israel Nata Vicente, foram presos.
O caso ajudou a intensificar o debate no Congresso e deu força à tramitação do projeto contra a “adultização”.
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