Projetados para impedir o acesso à internet, apps de mensagem e serviços do Google, celulares vendidos na Coreia do Norte estão entre os dispositivos mais censurados do mundo. É o que aponta uma análise feita pelo youtuber Arun Maini, do canal Mrwhosetheboss, divulgada no último sábado (22).
Analisando um smartphone top de linha chamado “Samtaesung 8” e um modelo de entrada contrabandeados do país asiático, o criador de conteúdo britânico se deparou com dispositivos que funcionam como sistemas de vigilância em tempo integral e de imposição de ideologias. Ele aprofundou uma análise feita pela BBC, que já demonstrava como o governo local espiona os cidadãos.
Internet controlada pelo regime norte-coreano
Rodando Android 10 e Android 11, os celulares têm apps conhecidos, como navegadores, player de música, calendário e câmera. No entanto, tratam-se de versões falsas e que, em alguns casos, nem abrem ou servem apenas para a exibição de propagandas, de acordo com Maini.
- Além disso, esses smartphones não têm acesso à internet global, permitindo somente a navegação por sites e serviços aprovados por Kim Jong-un em uma espécie de intranet estatal;
- Qualquer tentativa de instalar novos apps nos aparelhos exige ir a uma loja física e solicitar autorização, em muitos casos dadas apenas de maneira temporária;
- Os usuários também não podem modificar o fuso horário nem sincronizar com servidores externos, dificultando a comunicação com pessoas fora do país;
- Somente jogos liberados pelo regime local estão disponíveis, assim como filmes de origem russa e indiana e produções que homenageiam líderes nacionais.
O youtuber detalha, ainda, que os celulares da Coreia do Norte até apresentam certos conteúdos internacionais de grande popularidade, que são pirateados e oferecidos aos usuários. No entanto, são versões editadas pelo governo para se adaptar às normas e cultura do país.
E ao tentar digitar “Coreia do Sul” em qualquer caixa de texto desses telefones, o sistema operacional faz uma correção automática, exibindo a expressão “estado fantoche”. Os aparelhos também censuram gírias e outras referências ao país vizinho, alertando sobre a proibição de palavras ou convertendo as frases para uma versão local.
Prints e arquivos inacessíveis
A vigilância nos celulares norte-coreanos inclui, também, registros de tudo o que os proprietários fazem. Capturas de tela são feitas a cada abertura de app, segundo o criador de conteúdo, com as imagens armazenadas em pastas bloqueadas, acessíveis somente às autoridades.
Esses aparelhos impedem, ainda, o compartilhamento de arquivos, via Bluetooth ou cabo, exceto aqueles com assinatura digital do governo. Em determinados casos, os conteúdos podem ser apagados se o usuário insistir na transferência.
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