As exportações de minerais de terras raras na China estarão sujeitas a novas regras a partir de 8 de novembro, poucos dias antes do fim da trégua na guerra tarifária com os Estados Unidos. O Ministério do Comércio chinês incluiu cinco novos elementos na sua lista de 12 minerais sob controles rígidos de exploração: hólmio, érbio, túlio, európio e itérbio.
A China é responsável por quase 70% da mineração mundial de terras raras e controla cerca de 90% do processamento global desses elementos, que são necessários em uma ampla gama de produtos, desde veículos elétricos, eletrônicos de consumo, incluindo laptops e celulares, motores de aeronaves e radares militares.

Pela nova regulamentação, empresas estrangeiras precisarão de uma aprovação especial para importar itens que contenham elementos de terras raras provenientes da China, mesmo que sejam traços mínimos, segundo a NBC News. A medida busca “salvaguardar a segurança nacional” e impedir o uso dos minerais por setores de defesa em outras nações.
“A maioria dos fabricantes de ímãs de terras raras nos EUA, Japão e outros lugares continuam fortemente dependentes de terras raras da China, então essas restrições forçarão algumas decisões difíceis — especialmente para qualquer empresa envolvida em usos militares de terras raras, porque espera-se que a maioria dessas licenças de exportação sejam negadas”, disse Neha Mukherjee, analista de terras raras da Benchmark Mineral Intelligence, à reportagem.
Reação americana
Na quinta-feira (9), o presidente Donald Trump disse que ainda não havia sido informado sobre as mudanças, mas ameaçou reduzir compras de produtos chineses. “Importamos da China em grandes quantidades”, disse Trump durante uma reunião de gabinete. “Talvez tenhamos que parar com isso.”
“A Casa Branca e as agências relevantes estão avaliando de perto qualquer impacto das novas regras, que foram anunciadas sem qualquer aviso e impostas em um esforço aparente para exercer controle sobre todas as cadeias de fornecimento de tecnologia do mundo”, disse uma autoridade da Casa Branca à Reuters.

A indústria americana de terras raras registrou US$ 520 milhões em investimentos apenas no segundo trimestre, sendo a maior parte proveniente do governo. Uma única empresa de ímãs garantiu um acordo de US$ 400 milhões com o Departamento de Defesa dos EUA para garantir o fornecimento dos minerais raros a partir da Austrália. Com sede em Las Vegas, a MP Materials pretende iniciar produções ainda neste ano em uma fábrica no Texas, informa a NBC.
“Isso deve servir de alerta para o governo dos EUA, indicando que precisamos investir mais e nos dedicar mais às capacidades nacionais. Ambas são cruciais para reconstruir a base industrial de terras raras dos Estados Unidos”, disse Nazak Nikakhtar, ex-subsecretária do Departamento de Comércio americano, à reportagem.
Leia Mais:
- Guerra dos chips: China está contornando sanções dos EUA
- LY-1: o laser naval que a China diz ser mais forte que o dos Estados Unidos
- Chineses reagem à criação do visto K em resposta aos EUA
Moeda de troca
A exploração de terras raras deve ser um dos tópicos da reunião entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping após o fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico na Coreia do Sul, que começa no final deste mês.

“As terras raras continuarão sendo uma parte fundamental das negociações entre Washington e Pequim”, afirmou George Chen, sócio do The Asia Group, à NBC. “Ambos os lados querem mais estabilidade, mas ainda haverá muitos rumores antes que os dois líderes, o presidente Trump e Xi, possam chegar a um acordo final no ano que vem, quando se reunirem. Esses rumores são todos táticas de negociação.”
O post China restringe terras raras — e complica indústria americana apareceu primeiro em Olhar Digital.