Cibercriminosos chineses miram governos da América Latina em ataques cibernéticos em 2025

Os conflitos globais têm um reflexo direto na cibersegurança. Um relatório da ESET revelou que grupos cibercriminosos russos intensificaram ataques contra a Ucrânia, enquanto agentes maliciosos chineses miram países da América Latina – uma movimentação diretamente relacionada à disputa de poder entre Estados Unidos e China na região.

Aqui na América Latina, a principal ameaça chinesa atende pelo nome de FamousSparrow. O grupo fez uma verdadeira turnê pela região entre junho e setembro de 2025, atacando majoritariamente órgãos governamentais de países como Argentina, Equador, Guatemala, Honduras e Panamá.

De acordo com especialistas em cibersegurança, os ataques chineses funcionam como uma retaliação à aproximação desses países aos Estados Unidos e uma tentativa de reaproximação com nações que antes mantinham relações mais próximas com Beijing.

Como funcionam os ataques chineses

O relatório sobre Ameaças Persistentes Avançadas de abril a setembro de 2025 da ESET mostra que grupos chineses estão usando cada vez mais a técnica de adversary-in-the-middle tanto para acesso inicial quanto para movimento lateral dentro das redes invadidas – uma evolução tática preocupante.

Basicamente, nesse tipo de ataque, um invasor se posiciona entre duas partes que pensam estar se comunicando diretamente, interceptando e manipulando as comunicações em tempo real. É como se alguém estivesse lendo suas mensagens e até mesmo alterando o conteúdo sem que você perceba.

Ucrânia continua no centro dos ataques russos

Na Europa, os grupos russos intensificaram suas operações contra a Ucrânia e diversos países membros da União Europeia. O Gamaredon se destacou como o grupo mais ativo, com um aumento notável na intensidade e frequência de suas operações de espionagem cibernética contra alvos ucranianos.

Já o Sandworm concentrou seus esforços em ataques destrutivos, mirando especialmente os setores governamental, energético, logístico e de grãos – o objetivo claro é enfraquecer a economia ucraniana.

Um ponto que chama atenção é que mesmo os alvos não-ucranianos desses grupos russos apresentam conexões estratégicas ou operacionais com a Ucrânia, reforçando que o país permanece no centro dos esforços de inteligência russos.

O grupo RomCom, por exemplo, explorou uma vulnerabilidade zero-day no WinRAR para implantar backdoors em setores críticos da União Europeia e Canadá, incluindo finanças, manufatura, defesa e logística. Zero-days são falhas de segurança que ainda não têm correção disponível, tornando-as especialmente valiosas e perigosas.

Cibercriminosos podem estar usando IA em ataques

O grupo alinhado à Belarus, FrostyNeighbor, explorou uma vulnerabilidade XSS no Roundcube para atacar empresas polonesas e lituanas através de emails de phishing que se passavam por negócios poloneses.

Um detalhe intrigante dessa campanha foi o uso distintivo de bullet points e emojis de uma forma que lembra conteúdo gerado por inteligência artificial, sugerindo que os cibercriminosos podem estar incorporando IA em suas operações para tornar as mensagens mais convincentes.

Até a própria ESET virou alvo. O grupo russo InedibleOchotense conduziu uma campanha de phishing se passando pela empresa de cibersegurança, enviando emails e mensagens pelo Signal com um instalador trojanizado. A vítima acabava baixando tanto um produto legítimo da ESET quanto o backdoor Kalambur, demonstrando o nível de sofisticação e ousadia desses grupos.

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