Cientistas alertam para problema curioso em viagens espaciais longas

Depois de Apollo 11, em 1969, a humanidade nunca esteve tão perto de retomar as grandes viagens espaciais. A Nasa quer levar o homem de novo à Lua daqui a dois anos. Dessa vez, porém, o nome da missão será Artemis.

A mesma agência espacial americana divulgou nas últimas semanas uma meta ainda ousada: chegar a Marte até 2040!

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Para você ter uma ideia da diferença absurda entre as duas coisas, basta olhar para a distância. Em média, a Lua fica a aproximadamente 384.400 km da Terra.

Achou longe? Pois Marte fica um pouquinho depois… A distância entre os dois planetas varia de 54,6 milhões de quilômetros a cerca de 401 milhões de quilômetros, dependendo das posições orbitais.

A questão aí é matemática: estamos falando de algo mais de 100 vezes maior. Com a diferença podendo chegar até a casa do milhar.

Quando o assunto são essas viagens espaciais longas, logo pensamos no consumo de combustível, na elaboração de uma rota, no tempo de demora e em outros diversos pontos. E, por vezes, acabamos nos esquecendo de coisas simples, mas que também têm sua importância.

É o caso dos medicamentos.

Uma viagem ao Planeta Vermelho pode demorar tanto que os remédios a bordo venceriam – Imagem: sergei voevitko/Shutterstock

Pesquisa mostra que remédios venceriam pelo caminho

Sim, as pessoas também ficam doentes no espaço.

Um levantamento feito com astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) mostra que eles sentem dores musculares, sofrem com alergias e têm que enfrentar até mesmo congestão nasal.

O que é natural, já que eles são seres humanos como a gente.

E o que fazemos quando isso acontece? Vamos a um médico e tomamos um remedinho que passa.

Só que os astronautas estão a milhares de quilômetros da Terra.

As tripulações normalmente levam médicos consigo e as naves carregam remédios.

Só que esses remédios não durariam no caso de uma viagem espacial longa.

É o que descobriram pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos.

Eles simularam uma viagem até Marte e os cálculos mostraram que mais da metade dos medicamentos iriam vencer antes do fim da missão.

Eles consideraram que os remédios usados seriam como aqueles disponíveis na ISS.

A partir disso, descobriram que 54% dos 91 remédios analisados dura 36 meses ou menos.

Numa estimativa mais otimista, ou seja, que cheguemos e voltemos do Planeta Vermelho rapidamente, cerca de 60% desses medicamentos iriam vencer antes do fim da missão.

Já numa estimativa mais conservadora… bem, aí 98% dos medicamentos iriam expirar.

Mesmo treinados, os astronautas também são humanos e podem precisar de remédios – Imagem: Toonus/Shutterstock

O que os cientistas recomendam então?

Antes de falar sobre a recomendação, vale destacar que os efeitos ligados a remédios vencidos podem ser adversos. Em alguns casos, eles podem fazer mal à saúde.

Na maioria das vezes, porém, ele apenas perde um pouco da eficácia. Tanto que nos Estados Unidos, por exemplo, eles trabalham com o conceito de “best if used by”. Ou seja, é melhor se utilizado até esta data.

Não que você deva consumir remédios vencidos! Não faça isso em casa! Estamos falando no caso de uma missão espacial que duraria anos (quase 3 anos, no caso de Marte).

E uma das sugestões dos pesquisadores é tomar mais unidades do medicamento. Se ele “perdeu força”, uma das soluções seria justamente aumentar a dose. Mas sem deixar de levar em consideração o risco que isso pode representar.

Outra alternativa seria trabalhar em conjunto com a indústria farmacêutica para desenvolver drogas que tenham um vencimento maior.

Os EUA querem levar o homem à Lua em dois anos e a Marte até 2040 – Imagem: Vadim Sadovski/Shutterstock

Independentemente do que farão, fato é que uma decisão deve ser tomada – e logo. Principalmente se a Nasa alcançar esse objetivo de mandar o homem a Marte dentro da próxima década.

O artigo com essas conclusões foi publicado na revista npj Microgravity. Você pode ler a pesquisa na íntegra clicando neste link aqui.

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