Você pode até gostar de beber sozinho, mas é inegável que beber e socializar estão relacionados, e quando bebemos com outras pessoas em volta a sensação parece ser mais prazerosa. Em busca de desvendar as razões por trás disso, um novo estudo foi realizado.
A nova pesquisa revela por que o álcool faz as pessoas se sentirem mais felizes em ambientes sociais, mas não quando bebem sozinhas. Usando moscas-da-fruta, os cientistas descobriram que a dopamina no cérebro desempenha um papel fundamental na amplificação dos efeitos eufóricos do álcool durante as interações sociais.
O estudo destaca o envolvimento do receptor de dopamina D1 no impacto do álcool no cérebro, oferecendo percepções sobre a vulnerabilidade ao Transtorno por Uso de Álcool (AUD). Esta descoberta pode abrir caminho para uma melhor compreensão e tratamento do AUD.
Embora possam parecer uma escolha pouco convencional para obter conhecimento sobre o comportamento humano, as moscas-da-fruta partilham cerca de 75% dos mesmos genes que causam doenças humanas, e deixá-las bêbadas pode trazer resultados que ajudam a entender o organismo humano quando há consumo de álcool.
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Como o estudo com as moscas foi conduzido
Os experimentos da equipe de pesquisadores consistiram em expor moscas-da-fruta, sozinhas ou em grupo, ao vapor de etanol e medir sua velocidade média para determinar o grau de resposta induzida pelo etanol.
Enquanto as moscas que “beberam sozinhas” apresentaram um ligeiro aumento no movimento, as moscas expostas ao etanol em grupo apresentaram um aumento significativo na velocidade e no movimento.
Depois, eles testaram se a dopamina desempenha um papel na resposta das moscas ao etanol, comparando um grupo de controle cuja dopamina era naturalmente regulada com um grupo experimental que apresentava níveis aumentados de dopamina.
A equipe descobriu que as moscas, independentemente de terem níveis normais ou aumentados de dopamina, tiveram uma reação semelhante ao etanol em ambiente solitário – um pequeno aumento na atividade. Mas em ambientes sociais, as moscas com aumento de dopamina mostraram hiperatividade ainda mais elevada do que o habitual.
A tarefa final dos especialistas foi identificar qual dos cinco receptores de dopamina no cérebro é o que mais contribui neste processo, e descobriu que o receptor de dopamina D1 era mais importante para a reação das moscas ao etanol em um ambiente social.
O próximo passo da equipe é explorar os meandros pelos quais o receptor de dopamina D1 serve como ponto de ligação para os sinais que contribuem para o etanol, a interação social e o AUD.
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