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Cientistas recriam passo essencial da origem da vida em laboratório

by Fesouza
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Pesquisadores da University College London (UCL) conseguiram reproduzir em laboratório um processo químico considerado essencial para o surgimento da vida na Terra. O experimento conseguiu unir RNA e aminoácidos em condições semelhantes às do planeta há cerca de 4 bilhões de anos, um passo fundamental para entender como moléculas simples evoluíram para organismos vivos.

O estudo, publicado na revista Nature, abre novas possibilidades para compreender a relação entre ácidos nucleicos e proteínas, dois componentes básicos da biologia. Embora a ciência já saiba que a vida emergiu da chamada “sopa primordial”, os mecanismos exatos desse processo ainda são objeto de debate e pesquisa.

aminoacidos
Experimento conseguiu unir RNA e aminoácidos em condições semelhantes às da origem da vida na Terra (Imagem: SergeiShimanovich / Shutterstock.com)

RNA, proteínas e a base da vida

Hoje, a síntese de proteínas depende de uma complexa máquina molecular: o ribossomo. Ele utiliza instruções químicas do RNA mensageiro para organizar aminoácidos e formar proteínas, moléculas fundamentais para as funções biológicas.

Segundo o químico Matthew Powner, da UCL, o avanço obtido é significativo:
“Conseguimos a primeira parte desse processo complexo usando uma química muito simples, em água e pH neutro, para ligar aminoácidos ao RNA. Essa reação é espontânea, seletiva e pode ter ocorrido na Terra primitiva”, afirmou.

Hipóteses sobre a origem da vida

Entre as teorias mais aceitas está a chamada hipótese do mundo de RNA, que sugere que o RNA poderia tanto se autorreplicar quanto catalisar reações químicas. Já os tioésteres, compostos altamente reativos formados por carbono, oxigênio, hidrogênio e enxofre, estão no centro de outra hipótese: a do mundo de tioésteres, que aponta para essas moléculas como fonte de energia primordial.

Cientistas recriam passo essencial da origem da vida em laboratório
Compostos altamente reativos formados por carbono, oxigênio, hidrogênio e enxofre, estão no centro de outra hipótese (Imagem: Corona Borealis Studio/Shutterstock)

No novo experimento, a equipe liderada por Jyoti Singh utilizou tioésteres como mediadores, permitindo que aminoácidos se ligassem ao RNA. O resultado unifica, de certa forma, as duas hipóteses ao mostrar como esses elementos poderiam ter interagido no ambiente da Terra primitiva.

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Um passo mais próximo da resposta

Embora ainda falte muito para se chegar a uma explicação completa sobre a origem da vida, os cientistas consideram o resultado um marco importante.

“Nosso estudo une duas teorias proeminentes sobre a origem da vida — o mundo de RNA e o mundo de tioésteres”, destacou Powner. Já Singh ressaltou a relevância do feito:
“Demonstramos como dois blocos químicos primordiais — aminoácidos ativados e RNA — poderiam ter formado peptídeos, cadeias curtas de aminoácidos que são essenciais para a vida.”

A próxima etapa será investigar se o RNA consegue se ligar de forma seletiva a determinados aminoácidos, um caminho que pode esclarecer como surgiu o código genético que sustenta todos os organismos atuais.

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