Nesta terça-feira (11), Júpiter começa um processo pelo qual seu trânsito normal para o leste através do céu é interrompido, mudando a trajetória para oeste, no que é popularmente conhecido como movimento retrógrado.
Para a astronomia, a designação mais adequada, no entanto, é “laço” retrógrado – porque, durante o curso percorrido, o planeta parece formar um laço no céu.
De acordo com o guia de orientação astronômica In-The-Sky.org, a inversão de direção do maior planeta do Sistema Solar tem início às 13h37 (pelo horário de Brasília). O gigante gasoso, então, retoma o sentido habitual em 11 de março de 2026.
Movimento retrógrado é ilusório
O colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON), explica que o movimento retrógrado dos planetas é apenas aparente, sendo causado pelo curso da Terra em torno do Sol.
À medida que ela circunda o astro, nossa perspectiva muda, e isso faz com que as posições aparentes dos objetos celestes se alterem de um lado para o outro no céu, o que se sobrepõe ao movimento de longo prazo do planeta em direção ao leste através das constelações.
A animação abaixo ilustra isso, com a flecha mostrando a linha de visão da Terra para um planeta, e o diagrama à direita mostrando o aparentemente movimento do objeto através do céu pela nossa perspectiva de visão.
“Por estar em uma órbita mais interna e, consequentemente, mais rápida, a Terra ultrapassa Júpiter a cada 399 dias. E quando isso acontece, Júpiter parece estar caminhando no sentido contrário no céu por alguns meses. Isso ocorre com todos os planetas com órbitas mais externas à Terra”, descreveu, complementando que quanto mais longe do Sol, mais tempo o planeta passa em movimento retrógrado.
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Júpiter já foi maior e ajudou a moldar o Sistema Solar
Um artigo publicado na revista Nature Astronomy traz informações surpreendentes sobre Júpiter. O estudo revela como ele influenciou a formação dos outros planetas, agindo como um verdadeiro “arquiteto” cósmico ao moldar suas órbitas e reorganizar o disco de gás e poeira ao redor do Sol.
A pesquisa foi conduzida pelos cientistas Konstantin Batygin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), e Fred Adams, da Universidade de Michigan, ambos nos EUA. Eles analisaram como Júpiter era cerca de 3,8 milhões de anos após o surgimento dos primeiros materiais sólidos no espaço em torno do Sol, em um momento em que a chamada nebulosa protoplanetária estava desaparecendo. Saiba detalhes aqui.
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