Desde que foi descoberto, em julho, o cometa 3I/ATLAS – terceiro objeto interestelar já detectado no Sistema Solar – vem sendo monitorado por astrônomos do mundo todo. A altíssima velocidade de movimento tornava difícil prever com precisão a trajetória do objeto no céu. No entanto, a Agência Espacial Europeia (ESA) superou esse desafio.
Em um comunicado publicado nesta sexta-feira (14), a ESA revelou a sonda ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), em órbita de Marte, “melhorou a previsão da localização do cometa em um fator de 10”, o que significa um aumento de 900% na precisão dos dados do cometa.
#3IATLAS update: we’ve just pinpointed the comet’s path with 10 times more accuracy, using data from our @ESA_ExoMars Trace Gas Orbiter spacecraft.😎https://t.co/M5kAleOMsq@esascience @ESA_TGO @esaoperations pic.twitter.com/S1XRR0Rv1a
— European Space Agency (@esa) November 14, 2025
Até setembro, os cálculos da trajetória do 3I/ATLAS dependiam apenas de telescópios terrestres. Entre 1 e 7 de outubro, o TGO mirou o “forasteiro” a partir de Marte. Na passagem mais próxima, ele chegou a cerca de 29 milhões de km do planeta, uma distância relativamente curta em termos espaciais.
A sonda se aproximou do 3I/ATLAS cerca de 10 vezes mais do que os telescópios na Terra e observou-o de um ângulo diferente. Combinando esses dados com observações terrestres, os cientistas conseguiram reduzir significativamente a incerteza sobre a posição do cometa.
Inicialmente, os cientistas esperavam apenas um avanço discreto. Mas os resultados foram muito superiores, dando aos astrônomos confiança para apontar seus instrumentos e acompanhar com mais precisão a trajetória do visitante interestelar, que cruza o Sistema Solar a até 250 mil km/h.

A união faz a força!
Usar observações feitas a partir de Marte não foi tarefa simples. O Sistema de Imagem Colorida e Estereoscópica da Superfície (CaSSIS), instrumento a bordo do TGO projetado para estudar a superfície marciana, teve de ser reconfigurado para mirar o espaço profundo. A câmera conseguiu identificar o distante 3I/ATLAS entre as estrelas e fornecer dados essenciais para refinar os cálculos da trajetória.
A equipe de defesa planetária do Centro de Coordenação de Objetos Próximos da Terra da ESA precisou levar em conta a posição única da sonda. Normalmente, as observações vêm de telescópios fixos na Terra ou de espaçonaves próximas, como o Hubble ou o James Webb. Desta vez, a efeméride do cometa dependia da órbita do TGO em Marte.
Para isso, equipes de dinâmica de voo, ciência e instrumentação da ESA e parceiros trabalharam juntas, enfrentando detalhes complexos para reduzir margens de erro e atingir a máxima precisão possível.
Os dados obtidos marcam a primeira vez que medições astrométricas de uma espaçonave orbitando outro planeta foram oficialmente incluídas no banco de dados do Minor Planet Center (MPC), que centraliza observações de asteroides e cometas e integra informações de telescópios, radares e sondas.

Embora o 3I/ATLAS não represente risco à Terra, sua passagem serve como um teste para a defesa planetária. Triangular dados de diferentes pontos do espaço aumenta a precisão dos cálculos e ajuda a ESA a se preparar para monitorar objetos potencialmente perigosos.
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3I/ATLAS emite sinal de rádio
Astrônomos registraram pela primeira vez um sinal de rádio vindo do cometa 3I/ATLAS, no momento em que ele ultrapassava a metade de sua rota pelo Sistema Solar.
Embora o achado tenha despertado rumores sobre uma possível origem tecnológica alienígena, especialistas garantem que a explicação é totalmente natural. Saiba mais aqui.
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