Conforme noticiado pelo Olhar Digital, um novo cometa foi descoberto na última sexta-feira (12). O objeto, que foi temporariamente chamado de SWAN25B, acaba de entrar para o catálogo do Minor Planet Center (MPC), recebendo uma nova designação: C/2025 R2 (SWAN).
O MPC é o órgão oficial da União Astronômica Internacional (IAU) responsável por reunir, verificar e divulgar todas as observações de pequenos corpos do Sistema Solar – como asteroides, cometas e quase-luas.
Vamos relembrar o que já se sabia sobre o novo cometa até agora:
- Ele foi visto pela primeira vez pelo ucraniano Vladimir Bezugly;
- O astrônomo amador notou uma mancha suspeita se movendo em imagens online do Observatório Solar e Heliosférico (SOHO, na sigla em inglês);
- Essa sonda é administrada pela NASA e pela Agência Espacial Europeia (ESA);
- Mais precisamente, o cometa foi capturado pelo instrumento Solar Wind ANisotropies (Anisotropias do Vento Solar) a bordo do SOHO;
- Trata-se de uma câmera especial que mapeia o hidrogênio no vento solar;
- Isso sugere que esse cometa pode ser rico em tal elemento;
- Ao longo das horas e dias que se seguiram após a primeira detecção, ele foi confirmado a partir de observações terrestres por diversos astrônomos.
Normalmente, depois que astrônomos definem a órbita de um cometa com observações adicionais, o MPC atribui uma designação provisória do tipo “C/ano letra-número” – ou “P/ano letra-número”, se for um cometa com período inferior a 200 anos. Em seguida, o objeto recebe o nome definitivo. Por exemplo: o cometa interestelar 3I/ATLAS, quando detectado, era referido como A11pl3Z, recebendo em seguida a designação provisória de C/2025 N1 (ATLAS) e, por fim, seu nome oficial.
Segundo dados do “Small Body Database” da NASA, trata-se de um cometa de longo período, que completa uma volta ao redor do Sol aproximadamente a cada 22 mil anos. “As incertezas ainda são grandes, principalmente em relação ao período orbital, mas já é possível afirmar que esta será a nossa única oportunidade em vida de observar esse objeto, já que ele só voltará a aparecer por essas bandas do Sistema Solar quando nenhum de nós estivermos mais por aqui”, disse Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital.
No momento, ele viaja entre as estrelas de fundo da constelação de Virgem, com melhor visibilidade para observadores no Hemisfério Sul. Como o objeto ainda está muito perto do Sol, provavelmente tendo acabado de passar pelo periélio (ponto mais próximo da nossa estrela), ainda há certa dificuldade em avistá-lo.
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Cometa SWAN R2 deve se aproximar da Terra em outubro
Atualmente, o cometa C/2025 R2 (SWAN) está próximo da magnitude 6 (tendo triplicado sua luminosidade desde a primeira observação), e estimativas preliminares apontam que ele poderá atingir magnitude 5.8.
Quanto menor esse número, mais brilhante é o objeto. Para um corpo celeste poder ser visto a olho nu, ele deve ter magnitude abaixo de 6 (em céus totalmente escuros) ou inferior a 2 (em céus com poluição luminosa, como de grandes centros urbanos).
Isso significa que o novo cometa SWAN R2 está quase podendo ser observado sem a necessidade de qualquer instrumento, como binóculos ou telescópio.
A IAU estima que a aproximação máxima com a Terra seja por volta de 12 de outubro, quando o objeto deve chegar a 0,25 unidades astronômicas (UA) do planeta – algo em torno de 37,5 milhões de km. Mas isso só o tempo dirá, considerando que o comportamento dos cometas costuma ser bastante imprevisível.
O especialista em cometas Michael Mattiazzo, da Austrália, registrou uma imagem do objeto no domingo (14), que mostra uma cauda de 2,5 graus de comprimento, o que equivale a cerca de cinco luas cheias lado a lado. No entanto, como uma câmera é mais sensível que o olho humano, é provável que ela não seja tão longa se observada diretamente, sem auxílio de equipamentos ópticos.
Como observar o objeto no céu
No Facebook, Mattiazzo disse que o cometa é visível no céu noturno próximo de Marte e Espiga, a estrela mais brilhante de Virgem. Foi exatamente abaixo dela que o astrofotógrafo húngaro Ujvárosi Beáta conseguiu capturar acessando remotamente um telescópio de campo de visão enorme na Namíbia, o que resultou na imagem espetacular abaixo:
Quem quiser ver o novo cometa, a princípio, ainda precisa da ajuda de binóculos ou telescópios de abertura entre 150 e 200 mm. Olhe para oeste após o anoitecer, na direção onde o Sol tiver acabado de se pôr, e tente encontrar Marte ou Espiga – ele deverá passar logo abaixo desses corpos celestes. Utilizar aplicativos de observação, como Stellarium, Star Walk ou Sky Safari, pode facilitar bastante.
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