Home Variedade Como a inteligência artificial virou força política nas eleições americanas

Como a inteligência artificial virou força política nas eleições americanas

by Fesouza
6 minutes read

Um novo teste para as empresas de inteligência artificial se aproxima: as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos. O movimento já está pressionando o setor a investir mais para ampliar sua presença e, principalmente, sua influência no debate político.

Segundo o The New York Times, para tentar conter pressões e interferências descontroladas, o ex-congressista Brad Carson, ao lado de aliados, começou a articular a arrecadação de cerca de US$ 50 milhões (R$ 268 milhões). A ideia é montar uma rede de super PACs (os Comitês de Ação Política) voltada a apoiar candidatos que defendem regras claras para o avanço da IA.

Cresce o embate político sobre o futuro da IA, com eleições dos EUA acelerando iniciativas de influência e articulação de poder.
Cresce o embate político sobre o futuro da IA, com eleições dos EUA acelerando iniciativas de influência e articulação de poder. Imagem: Summit Art Creations/Shutterstock

IA e política: quando as empresas entram na disputa

O setor de inteligência artificial começa a ocupar um espaço que, até pouco tempo atrás, não fazia parte do seu universo: a disputa política. Empresas e defensores de uma regulamentação mais robusta estão juntando forças para apoiar candidatos que priorizam segurança e supervisão, em contraponto a grupos que pressionam por menos limites.

O ponto central dessa disputa é o super PAC Leading the Future, que já arrecadou US$ 100 milhões (R$ 535 milhões) com apoio da Andreessen Horowitz e da família de Greg Brockman, cofundador da OpenAI. O grupo já escolheu um alvo inicial: o democrata Alex Bores, candidato à Câmara por Nova York, que defende legislação específica para segurança em IA.

Há uma enorme comunidade de empresas e organizações que realmente se importam em fazer a IA funcionar corretamente.

Jack Clark, fundador da Anthropic, ao NYT.

Mas, segundo ele, “pode haver uma comunidade dentro da indústria da tecnologia que tenha uma visão diferente”.

Disputa política sobre IA ganha força com super PACs e grupos rivais tentando influenciar o rumo da regulamentação.
Disputa política sobre IA ganha força com super PACs e grupos rivais tentando influenciar o rumo da regulamentação. Imagem: Shutterstock/Beautrium

Como os novos super PACs funcionarão

Brad Carson, ex-deputado democrata do estado de Oklahoma, lidera o plano de criar uma rede capaz de levantar, em um primeiro momento, US$ 50 milhões (R$ 268 milhões). A intenção é equilibrar a força financeira do grupo rival. Parte do dinheiro deve vir de uma nova organização, a Public First, que não é obrigada a divulgar seus doadores.

O financiamento será dividido entre:

  • Jobs and Democracy PAC: apoio a candidatos democratas;
  • Defending Our Values PAC: apoio a candidatos republicanos;
  • Campanhas específicas a favor de legislação federal sobre IA;
  • Apoio a nomes como Alex Bores e Scott Wiener;
  • Estratégias para ampliar a regulamentação da IA e reduzir a concentração de poder nas grandes empresas do setor.

O objetivo declarado é equilibrar o jogo político, evitando que interesses puramente comerciais tenham mais peso do que discussões públicas sobre risco e segurança tecnológica.

Anthropic assume liderança no debate sobre regras para IA e pressiona por políticas que priorizem segurança e impacto social.
Anthropic assume liderança no debate sobre regras para IA e pressiona por políticas que priorizem segurança e impacto social. Imagem: Sidney van den Boogaard/Shutterstock

Desafios para regulamentar a IA

A Anthropic, principal rival da OpenAI, tem assumido protagonismo nas discussões sobre regulamentação. A empresa conta com apoio de doadores ligados ao movimento do altruísmo eficaz – um grupo de pessoas e empresas que busca direcionar recursos para causas com maior impacto social.

Leia mais:

A crítica mais frequente da companhia é que o governo dos Estados Unidos parece estar acelerando o desenvolvimento da IA sem medir devidamente os efeitos para a sociedade.

Carson afirma que, por ter atuado no Congresso, conhece bem “o quão influente o dinheiro pode ser”. Ele acredita, porém, que uma rede bem estruturada pode ajudar a equilibrar forças. Ao mesmo tempo, minimiza qualquer influência direta sobre a atuação dos novos super PACs, reforçando que seu foco principal é proteger a sociedade diante da rápida expansão da IA.

O post Como a inteligência artificial virou força política nas eleições americanas apareceu primeiro em Olhar Digital.

You may also like

Leave a Comment