Como escapar do Sistema Solar? A Ciência responde!

Desde que começou a lançar foguetes, a humanidade busca se superar e ir além nas profundezas do cosmos. No entanto, até hoje, apenas algumas sondas conseguiram ultrapassar os limites do Sistema Solar, um feito raro, que exige cálculos precisos, engenharia de ponta e um planejamento de missão bem elaborado.

Primeiro, é preciso conhecer o “fim” do Sistema Solar. Essa delimitação está em debate cientifico, mas duas principais “linhas de chegada” podem ser estipuladas: a heliopausa e a influência gravitacional do Sol.

A heliopausa é a fronteira que marca o limite da heliosfera: uma “bolha” onde os ventos solares e o campo magnético do Sol têm influência. Após essa divisa, as partículas emitidas pelo astro-rei encontram a pressão do meio interestelar, onde estão as partículas liberadas por outras estrelas. Essa estrutura funciona como um escudo que impede a invasão de raios cósmicos no Sistema Solar.

Ilustração da heliosfera, que funciona como um escudo contra os raios cósmicos do espaço interestelar. (Imagem: NASA)

Já a influência gravitacional do Sol foi novamente estimada por um estudo de 2024, publicado na revista Celestial Mechanics and Dynamical Astronomy. Os pesquisadores concluíram que é possível que a gravidade do astro seja forte o suficiente para capturar objetos a até 3,8 anos-luz de distância, como cometas e planetas “órfãos”.

Para além dessa distância, a gravidade solar ainda mantém sua influência, mas ela segue diminuindo e tende a zero. Mesmo assim, nunca chega a se anular, só se torna mínima em relação à força de atração de outros astros.

Os pesquisadores acreditam que a influência gravitacional do Sol se estende até além da Nuvem de Oort, uma vasta região de objetos gelados a mais de um ano-luz de distância. Essa área é considerada por astrônomos também como um limite do Sistema Solar, marcando a transição entre a nossa vizinhança estelar e o espaço interestelar.

Ilustração mostra o Sistema Solar rodeado pelo cinturão de Kuiper e, na camada mais externa do diagrama, a nuvem de Oort, que abriga ambos. (Imagem: Maliflower73 (fundo) / Naeblys (nuvem de Oort) / istockPhoto. Edição: Olhar Digital)

Foguetes têm que vencer um “cabo de guerra” com os astros

Embora existam muitas “linhas de chegada”, para escapar da zona de influência do Sol é necessário atingir uma velocidade alta o suficiente para vencer a força gravitacional, conhecida como velocidade de escape. Na Terra, por exemplo, um foguete deve chegar a pelo menos 11,2 km/s — ou cerca de 40,3 mil km/h — para fugir da atração do planeta e seguir em direção ao espaço.

Essa não é uma tarefa fácil, mas a humanidade já desenvolveu estratégias para facilitar a fuga do globo.  As agências espaciais preferem lançar seus foguetes a partir de bases próximas à linha do Equador, onde a velocidade de rotação da Terra é maior do que em qualquer outro local do planeta. Isso faz com que as naves ganhem um impulso extra e economizem combustível.

Para que um foguete lançado da Terra consiga escapar da atração gravitacional do Sol, seria necessário atingir uma velocidade de aproximadamente 42 km/s (15,1 mil km/h), segundo o site IFLScience. Embora nenhuma tecnologia terrestre alcance essa velocidade a partir do solo, no espaço já conseguimos esse feito: cinco sondas foram lançadas para fugir do Sistema Solar, e duas já atingiram essa meta.

Quando a velocidade supera a força de atração, o foguete consegue fugir da Terra. (Imagem: Evan El-Amin / Shutterstock)

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Parecia impossível, mas as sondas Voyager conseguiram

As sondas Voyager 1 e 2 já ultrapassaram os limites da heliosfera e adentraram o espaço interestelar, tornando-se as primeiras a atingir esse marco histórico. Lançadas antes delas, as Pioneer 10 e 11 seguem uma trajetória semelhante há mais de 50 anos, embora em velocidades menores.

Sendo a mais jovem da lista, a New Horizons foi lançada em 2006 e passou por Plutão em 2015, revelando imagens inéditas do planeta anão. Atualmente, atravessa o Cinturão de Kuiper e continua sua jornada rumo à fronteira do Sistema Solar.

Esses feitos foram possíveis graças a cálculos precisos e ao uso estratégico das ferramentas espaciais disponíveis, como as manobras gravitacionais. O planejamento cuidadoso das missões garantiu que as sondas seguissem trajetórias eficientes em suas jornadas de bilhões de quilômetros.

Ilustração da trajetória seguida pelas sondas Voyager ao pegarem impulso em Saturno. (Imagem: NASA)

A Voyager 1, por exemplo, aproveitou uma manobra de assistência gravitacional em Júpiter para ganhar velocidade e ajustar sua rota com precisão. Esse impulso extra permitiu que ela chegasse a Saturno mais cedo do que sua sonda irmã.

Graças a essa estratégia, a Voyager 1 seguiu uma trajetória que a lançou em alta velocidade rumo ao espaço interestelar, ultrapassando os gigantes gasosos e alcançando os confins do Sistema Solar em tempo recorde.

Atualmente, a humanidade está com duas sondas para além da heliosfera, e outras três seguem rumo ao mesmo destino. Embora os cálculos mostrem que escapar da influência gravitacional do Sol seja uma tarefa complexa, a trajetória dessas missões comprova, mais uma vez, que a engenhosidade humana é capaz de superar até os desafios mais extremos do cosmos.

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