Um robô humanoide com capacidade de engravidar está entre os próximos projetos da Kaiwa Technology, empresa sediada em Guangzhou, na China, conforme noticiou o The Telegraph no último sábado (16). A tecnologia pretende se tornar uma alternativa para os casais que têm problemas com infertilidade.
Apresentada durante a Conferência Mundial de Robótica 2025 realizada em Pequim na semana passada, a novidade também buscará atender às mulheres que preferem não se submeter a uma gravidez biológica. Representantes da companhia estão em discussão com as autoridades locais para que um protótipo seja lançado no próximo ano.
Como o robô vai gerar o bebê?
Segundo o fundador da Kaiwa Technology, Zhang Qifeng, o robô humanoide em tamanho real terá um útero artificial implantado em seu abdômen. Ele é projetado para simular todo o processo de gravidez, começando pelo momento da concepção e terminando no nascimento do bebê.
- Durante a gestação, o feto viverá no interior do corpo do robô envolto em um líquido amniótico artificial, gerando um ambiente idêntico ao encontrado no corpo da mulher;
- Já os nutrientes para o seu desenvolvimento serão recebidos por meio de um tubo que imita a função do cordão umbilical;
- Qifeng disse que a tecnologia mostrou resultados positivos em laboratório, sendo necessário, agora, incorporá-la ao humanoide;
- No entanto, o porta-voz não detalhou como o óvulo e o espermatozoide serão fertilizados;
- Se a startup conseguir as autorizações necessárias para os testes e eles forem bem-sucedidos, o objetivo é lançar um robô para gestação que custe a partir de 100 mil yuans, o equivalente a R$ 75,6 mil pela cotação atual, em conversão direta.
Essa técnica se baseia em experimentos anteriores com úteros artificiais em estudos com animais. Em 2017, pesquisadores da Filadélfia, nos Estados Unidos, mantiveram um cordeiro prematuro em uma “biobag” com líquido amniótico artificial durante quatro semanas, levando ao seu desenvolvimento.
O sistema funciona como uma incubadora neonatal para sustentar a vida depois da gestação parcial. Já o conceito desenvolvido pela empresa chinesa dá um passo adiante, pois contempla a fertilização, a implantação e o desenvolvimento da gravidez.
Questões éticas
O anúncio do robô humanoide com capacidade de engravidar gerou vários debates sobre as implicações éticas da tecnologia. Para alguns críticos, o método é problemático, pois afeta diretamente o vínculo natural entre mãe e filho, podendo trazer impactos psicológicos para a criança.
Especialistas também se mantêm céticos sobre a real capacidade de um robô replicar a gestação humana. Para eles, as máquinas ainda não conseguem simular determinados processos biológicos mais complexos, entre os quais a secreção dos hormônios maternos.
Há, ainda, preocupações quanto à possibilidade de “patologização” da gravidez, com algumas mulheres passando a optar pelos humanoides para evitar danos ao corpo. A escritora feminista Andrea Dworkin vai ainda mais longe, acreditando que os úteros artificiais podem representar o “fim das mulheres”.
Por outro lado, os defensores da tecnologia argumentam que o robô que engravida é uma poderosa arma para combater as altas taxas de infertilidade na China. No país asiático, os índice subiram de 11,9% em 2007 para 18% em 2020.
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