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Como hospitais e operadoras estão organizando seus dados com a estratégia API-first

by Fesouza
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Nos últimos anos, a digitalização do setor de saúde deixou de ser um projeto distante para se tornar parte do dia a dia de hospitais e operadoras de planos. Impulsionada por avanços tecnológicos e pela crescente demanda por serviços cada vez mais integrados e direcionados ao bem-estar do paciente, a adoção da abordagem API-first desponta como um elemento fundamental para que as instituições consigam compartilhar e explorar seus dados de forma segura, estruturada e inteligente.

A estratégia consiste em projetar sistemas digitais já pensando, desde o início, na criação de APIs, interfaces que permitem a comunicação padronizada entre diferentes softwares. Essa mudança é decisiva para superar um dos maiores entraves do setor: a fragmentação e o isolamento dos dados clínicos e administrativos. Com o modelo API-first, é possível contar com uma base tecnológica flexível e aberta, capaz de integrar prontuários eletrônicos, sistemas de faturamento, plataformas de telemedicina, dispositivos de monitoramento remoto e aplicativos de gestão. Isso abre caminho para serviços digitais mais atualizados, como análises preditivas que ajudam a identificar riscos e ferramentas de apoio à decisão clínica em tempo real.

Um exemplo prático dessa integração está no crescimento do ecossistema de healthtechs no Brasil, que têm aplicado tecnologias como inteligência artificial, bancos de dados e APIs para modernizar a saúde. De acordo com o mapeamento Startup Landscape: Ecossistema 2024, em janeiro deste ano havia 602 healthtechs ativas, entre as tecnologias mais aplicadas por essas startups estão data analytics (24%), telemedicina (22%), inteligência artificial (21%), bancos de dados (18%) e APIs (17%), evidenciando o papel crescente dessas ferramentas na digitalização do setor.

Muitas healthtechs focam em gestão de processos, soluções de planos e financiamento e bem-estar físico e mental, atendendo principalmente outras empresas (48%) e permitindo que hospitais e operadoras integrem sistemas, melhorem fluxos internos e ofereçam serviços mais conectados aos pacientes. Esse ecossistema fornece um panorama palpável de como a abordagem API-first já é aplicada, tornando processos mais eficientes e a troca de dados mais segura.

Com isso, soluções tecnológicas especializadas ganham protagonismo no processo de transformação digital. Empresas como a WSO2 desenvolvem ferramentas que facilitam a integração e a gestão segura dos dados, como a plataforma interna de desenvolvimento Choreo, que acelera a criação de APIs e integrações, e o Asgardeo, sistema dedicado à gestão de identidade e controle de acesso. Dessa forma, suportam a construção de ambientes digitais escaláveis, flexíveis e seguros, que podem ser implementados em diferentes modelos, seja em nuvem, localmente ou em ambientes híbridos, garantindo adaptabilidade às necessidades específicas das instituições de saúde.

Entretanto, a transformação digital do setor de saúde por meio da API-first não se restringe à adoção de tecnologias. O desafio está em capacitar os profissionais para essa nova realidade. Gerentes de TI, desenvolvedores, equipes de segurança da informação e gestores clínicos precisam desenvolver competências específicas para orquestrar integrações, garantir a governança dos dados e zelar pela conformidade regulatória. Essa mudança cultural e técnica é essencial para que o potencial das APIs seja plenamente explorado, convertendo investimentos em resultados concretos, como maior eficiência operacional, redução de custos e, principalmente, melhor qualidade no cuidado ao paciente.

Além disso, ao adotar uma arquitetura orientada a APIs, hospitais e operadoras de saúde ganham agilidade para se reinventar e se adaptar às novas demandas do mercado, que incluem desde a expansão das soluções até a integração com dispositivos IoT (internet das coisas) e inteligência artificial. Essa flexibilidade é um diferencial competitivo fundamental num setor que está em constante evolução e enfrenta alguns desafios, como envelhecimento populacional, aumento da demanda por serviços especializados e pressão por custos.

É importante um investimento constante em infraestrutura, atualização tecnológica e, principalmente, no desenvolvimento humano. Capacitar equipes, fomentar uma cultura de inovação e estabelecer governança eficaz são passos essenciais para garantir que a abertura dos dados resulte em benefícios para toda a cadeia de saúde, especialmente para os pacientes. O futuro da saúde digital passa pela integração aberta, confiável e inteligente dos dados, e a abordagem API-first é a chave para desbloquear esse potencial.

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