Como novos químicos estão transformando data centers – e o que isso significa para a saúde

O governo Trump está agilizando a análise de novos produtos químicos para uso em data centers, o que pode abrir caminho para a aprovação rápida de substâncias conhecidas como “químicos eternos”. A falta de supervisão eficaz desses compostos pode gerar riscos ambientais e à saúde.

Segundo a WIRED, a medida faz parte de um pacote mais amplo de reformas, incluindo o Plano de Ação de IA da Casa Branca, voltado para expandir a fabricação e o domínio tecnológico dos EUA. Empresas do setor de semicondutores e de resfriamento de data centers estão entre as principais interessadas nessas mudanças.

Processo acelerado de análise química para data centers gera debate sobre riscos ambientais e de saúde. Imagem: snackbrain/Shutterstock

Data centers e a pressão por novos produtos químicos

Nos últimos meses, a EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) anunciou que dará prioridade à revisão regulatória de produtos químicos usados em data centers e projetos relacionados, com o objetivo de acelerar a aprovação.

Acho que eles querem impor o mínimo de restrições possível aos produtos químicos. A indústria tem ouvidos atentos e dispostos a ouvir suas opiniões.

Gary Schweer, ex-chefe de gerenciamento de novos produtos químicos da EPA, à WIRED.

A prioridade será dada a projetos que adicionem pelo menos 100 megawatts à rede elétrica, que “protejam a segurança nacional” ou que sejam considerados relevantes por secretarias federais como Defesa, Comércio ou Energia.

A secretária de imprensa da EPA, Brigit Hirsch, garante que o processo de análise manterá o mesmo rigor científico. “Nenhuma etapa do processo de revisão de novos produtos químicos será ignorada ou dispensada”, afirma.

Método de imersão bifásica reduz ventiladores e bombas, oferecendo economia de energia em data centers, mas também pode impactar na saúde pública e ambiental. Imagem: divulgação/Lenovo

Resfriamento por imersão: inovação ou risco ambiental?

Um dos campos mais promissores, mas também preocupantes, é o resfriamento por imersão, técnica que mergulha racks de servidores em líquidos especiais (os produtos químicos em análise) que não conduzem eletricidade.

Entre os métodos mais avançados está o resfriamento por imersão bifásico, que reduz a necessidade de ventiladores e bombas, economizando energia a longo prazo.

No entanto, algumas dessas substâncias contêm flúor e carbono, componentes de PFAS – os chamados “químicos eternos”. Esses compostos têm sido associados a problemas de saúde, como aumento do risco de câncer, efeitos reprodutivos e supressão imunológica.

Quais são as vantagens e desvantagens desses químicos?

  • Reduz a necessidade de ventiladores e bombas.
  • Diminui custos operacionais a longo prazo.
  • Pode reduzir em até 90% a energia usada em data centers.
  • Utiliza líquidos que podem conter PFAS, com impactos ambientais.

Para Walter Leclerc, consultor de saúde e segurança de data centers, “o resfriamento por imersão é o melhor, mas tem todos os impactos ambientais” que líquidos de resfriamento podem apresentar.

Política de aprovação rápida beneficia fabricantes de chips, que usam compostos essenciais e persistentes. Imagem: SweetBunFactory/iStock

Uma corrida pela rápida aprovação

A indústria de semicondutores, essencial para o funcionamento de data centers, também se beneficia da política de aprovação acelerada. O processo de fabricação desses chips envolve produtos químicos persistentes, especialmente na fotolitografia, etapa crucial para criar padrões em wafers de silício.

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Especialistas como Schweer e Jonathan Kalmuss-Katz, advogado da Earthjustice, afirmam que essa indústria é uma das maiores solicitantes de novos produtos químicos. A combinação de demanda por IA, expansão de data centers e fabricação de chips cria um cenário no qual a pressão política pode se sobrepor à análise detalhada de segurança.

Com isso, o debate permanece: devemos acelerar a aprovação de produtos químicos para impulsionar a competitividade tecnológica, mesmo diante dos desafios de saúde pública e ambiental que exigem atenção contínua? Aguardem cenas para os próximos capítulos.

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