Como o ônibus espacial abriu caminho para as primeiras mulheres astronautas da NASA

Em 1978, a NASA anunciou uma nova geração de astronautas para inaugurar a era dos voos do ônibus espacial. Entre os 35 selecionados, seis eram mulheres – um marco inédito na agência norte-americana.

Cinco anos depois, em 18 de junho de 1983, a física californiana Sally Ride entrou para a história ao embarcar na Challenger, tornando-se a primeira norte-americana no espaço. Até então, apenas duas soviéticas haviam alcançado esse feito: Valentina Tereshkova, em 1963, e Svetlana Savitskaya, em 1982.

A presença feminina no programa do ônibus espacial não só desafiou preconceitos, como também expôs as dificuldades e os tropeços de uma instituição que, até então, fora moldada apenas para homens.

Mulheres astronautas e o programa do ônibus espacial

  • Seis mulheres foram selecionadas pela NASA em 1978, abrindo espaço para diversidade.
  • Sally Ride foi a primeira norte-americana no espaço, em 1983, a bordo da Challenger.
  • Questões de gênero revelaram tanto avanços quanto gafes da agência.
  • O trabalho dessas pioneiras inspirou gerações futuras de astronautas, inclusive mulheres negras e de outras minorias.

Como a NASA quebrou barreiras de gênero

A entrada das mulheres na corporação não ocorreu sem estranhamentos. Nos kits pessoais enviados ao espaço, por exemplo, a NASA chegou a incluir maquiagens, o que gerou reações divididas.

Várias de nós reagimos com uma mistura de divertimento e irritação ao kit de cosméticos. (…) Um kit inteiro dedicado à maquiagem sugeria que alguém achava que seríamos menos focadas na missão do que nossos colegas homens ou que éramos obrigadas a viver de acordo com algum estereótipo jornalístico.

Kathryn Sullivan, a primeira americana a realizar uma caminhada espacial.

Outras astronautas, como Rhea Seddon, pediram alguns itens básicos de maquiagem por se preocuparem com as fotos que seriam feitas em órbita. Entre o cômico e o constrangedor, houve até mesmo uma discussão sobre a quantidade de absorventes necessários durante uma missão.

Eles colocaram alguns absorventes internos no Kit de Preferência Pessoal para a Sally olhar, e ela tirou um, e foi como desenrolar uma fileira de salsichas. Absorvente interno, absorvente interno, absorvente interno, absorvente interno… Eram uns 100! E eles perguntaram: ‘É o suficiente?’. A Sally ficou histérica

Kathryn Sullivan

Kathryn Sullivan foi a primeira mulher americana a realizar uma caminhada espacial. Imagem: NASA / Divulgação

Apesar das gafes, a agência também se ajustou em pontos fundamentais, como no design de trajes espaciais adaptados a diferentes corpos e na confecção de equipamentos de higiene adequados. “A NASA tinha se comprometido a aceitar mulheres no programa, e isso exigiu mudanças práticas”, destacou Anna Fisher, uma das integrantes da turma de 1978.

O impacto, no entanto, foi além da técnica. Ao ver mulheres cientistas e médicas ocupando posições de prestígio, até alguns colegas inicialmente resistentes mudaram de opinião. O astronauta Mike Mullane admitiu: “Eu desconfiava, e a maioria dos militares desconfiava, de como essas pessoas se adaptariam a um mundo tão diferente. Para nós, era o mesmo mundo, pilotando veículos de alto desempenho. Não demorou muito para perceber que essas pessoas tinham muito a oferecer”, disse Mullane.

O legado para as novas gerações

A presença dessas pioneiras ajudou a abrir caminho para um corpo de astronautas cada vez mais diverso. Atrizes como Nichelle Nichols, a Tenente Uhura de “Star Trek”, foram importantes na divulgação e no incentivo à inclusão de minorias no programa. Décadas depois, nomes como Mae Jemison, a primeira mulher negra no espaço, reconheceriam esse papel.

Hoje, a NASA já se apresenta como uma instituição muito diferente. Missões para a Estação Espacial Internacional contam com mulheres de origens variadas, engenheiras, médicas e pilotos de teste, mostrando que o “perfil certo” nunca esteve restrito a homens brancos.

Segundo a BBC, a mudança demorou, mas que, a partir do momento em que aconteceu, a agência assumiu de fato o compromisso com a igualdade. O voo de Sally Ride em 1983, portanto, não foi apenas um passo tecnológico, mas também um salto cultural, abrindo portas que permanecem abertas até hoje.

Membros da tripulação da missão STS-51L, do ônibus espacial Challenger: sentados, Michael J. Smith, Francis R. “Dick” Scobee e Ronald E. McNair; em pé, Ellison S. Onizuka, Christa McAuliffe, Gregory B. Jarvis e Judith A. Resnik. Imagem: NASA

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