O ativista Charlie Kirk, um dos nomes mais proeminentes da extrema-direita nos Estados Unidos, morreu na quarta-feira (10) após levar um tiro no pescoço. Minutos depois, vídeos do ataque começaram a circular – e a viralizar – em redes sociais.
Kirk participava de um evento conservador na Universidade de Utah Valley, no estado homônimo. Ele discursava para centenas de pessoas no campus quando foi atingido.
Como redes sociais têm lidado com imagens do assassinato de Charlie Kirk
O The Verge contatou várias empresas de tecnologia para perguntar como tratariam os vídeos e as postagens ligadas ao ataque.
A Meta – dona de Facebook, Instagram, Threads – disse que aplica sua política contra conteúdos violentos e gráficos. Isso inclui remover materiais mais explícitos, aplicar avisos de sensibilidade em outros casos e restringir o acesso de usuários jovens.

O YouTube afirmou estar “com o coração junto à família de Kirk” e disse que destaca conteúdo jornalístico em sua página inicial e nas buscas. A empresa removeu parte dos vídeos mais gráficos e restringiu por idade outros materiais que mostram o ataque. A plataforma também reforçou que proíbe conteúdos que zombem ou celebrem a morte de pessoas identificáveis.
O Bluesky afirmou que conteúdos que glorificam violência violam suas diretrizes de comunidade. A rede disse que analisa denúncias e remove publicações que celebram danos contra qualquer pessoa.
O Discord informou que suas diretrizes também proíbem conteúdos que promovam violência e que tem removido ativamente vídeos e publicações relacionados ao assassinato que violem suas regras.
No Reddit, a porta-voz Gina Antonini declarou que a empresa monitora a plataforma e usa ferramentas como hashing para impedir o reenvio de vídeos violentos. Segundo ela, moderadores também foram instruídos a seguir as regras gerais e o código de conduta.
Já TikTok e X (antigo Twitter) não responderam aos pedidos de comentário do site até a publicação desta matéria.
O padrão de proliferação de vídeos violentos
O caso se encaixa num padrão já conhecido. Poucos minutos após o disparo em Utah, vídeos do assassinato de Kirk apareceram no X. Em apenas duas horas, quando sua morte foi confirmada, as imagens já somavam mais de 11 milhões de visualizações na plataforma.

O material gráfico também se espalhou por Instagram, Threads, YouTube e Telegram, onde acumulou milhões de visualizações. Em muitos casos, os vídeos foram republicados com sobreposições gráficas e trechos antigos de Kirk.
Situações semelhantes já aconteceram em outros episódios de violência recente nos EUA. Foi assim em 2018, no massacre numa sinagoga de Pittsburgh, e em 2019, nos ataques contra duas mesquitas na Nova Zelândia. Em todos os casos, imagens sangrentas circularam de forma imediata e ampla, sem barreiras eficazes de contenção.
Moderação em xeque
Empresas como Meta e Google dizem há anos que removem ou limitam conteúdos violentos. Já o X, de Elon Musk, tem política contra material “excessivamente sangrento” e pede que usuários coloquem avisos de alerta em conteúdos violentos.
Na prática, porém, usuários conseguem driblar facilmente os filtros. Uma das técnicas mais comuns é acelerar os vídeos ou inserir textos para dificultar a detecção automatizada pelas plataformas. Ao mesmo tempo, várias redes – lideradas pelo X – reduziram suas equipes de moderação de conteúdo nos últimos anos e relaxaram regras contra discurso de ódio.
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Impacto político e social
Para um especialista ouvido pelo New York Times, era inevitável que o momento exato do disparo contra Kirk fosse amplamente compartilhado. A diferença, neste caso, é a dimensão política.
“É a primeira vez que uma figura tão reconhecida é assassinada de forma tão pública e que isso se espalha dessa maneira nas redes sociais”, avaliou Emerson Brooking, diretor de estratégia do Digital Forensic Research Lab, do Atlantic Council.
Segundo ele, o episódio tende a ter efeitos de longo prazo: “Infelizmente, este é um momento viral com enorme poder de permanência. Ele terá consequências duradouras para a vida política e cívica dos Estados Unidos.”
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