Diversos países do mundo têm investido em soluções para combater os efeitos das mudanças climáticas. Uma das mais conhecidas e perceptíveis é o incentivo para substituição de carros movidos a combustão por veículos elétricos.
Neste cenário, a Etiópia tem se destacado. A nação africana já contabiliza mais de 100 mil unidades de modelos eletrificados, número que representa cerca de 8,3% de todos os veículos registrados em território etíope.
País se transformou em poucos anos
- A Etiópia é historicamente um dos países menos motorizados da África.
- Em 2016, eram apenas 6,7 veículos por mil habitantes, muito abaixo da média africana de 72,7.
- O cenário era resultado especialmente da escassez de produtos causada pelos altos impostos de importação, que podiam chegar a 200%.
- Nos últimos anos, no entanto, o governo etíope adotou medidas como a isenção de impostos para elétricos, incentivos à montagem local dos modelos e parcerias com montadoras chinesas como BYD e GAC.
- Desde 2023, as autoridades ainda proibiram a importação de carros com motor a combustão.
- A transição aconteceu de forma rápida e o país tornou-se a líder continental na adoção de veículos elétricos.
- A capital Adis Abeba, por exemplo, hoje reúne milhares de eletrificados nas ruas, incluindo táxis elétricos e scooters, além de uma ampla rede de carregadores públicos para os motoristas.
- As informações são do portal Energy for Growth Hub.
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Barreiras para ampliação do número de carros elétricos
Apesar dos avanços, existem importantes limitações estruturais. Apenas 55% da população etíope conta com acesso à eletricidade. Além disso, as estações públicas de recarga existem praticamente apenas na capital. Enquanto isso, as zonas rurais, que concentram metade dos 120 milhões de habitantes, enfrentam acesso limitado à energia, dificuldade de financiamento e estradas inadequadas.
A adoção de carros elétricos fora das grandes cidades ainda é limitada por obstáculos como falta de técnicos especializados, alto custo dos veículos e burocracia para registro. Uma scooter elétrica, por exemplo, pode custar até US$ 1.500, um valor inalcançável para quem vive com menos de US$ 7 por dia.
O governo etíope estuda alternativas como conversão de veículos a combustão para elétricos e parcerias internacionais para ampliar a infraestrutura de recarga. Projetos como o da japonesa Dodai e da startup Woda Vehicle Manufacturing apostam na produção local e no desenvolvimento de soluções adaptadas às realidades rurais, incluindo veículos com painéis solares e pneus reforçados.
Estes esforços têm atraído investidores e montadoras globais. O governo etíope projeta alcançar uma frota de 500 mil elétricos até 2035, além de ter pelo menos 15 empresas para montar ou produzir os modelos localmente. Se isso der certo, o país poderá consolidar-se como o principal polo de mobilidade elétrica da África.
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