O avião supersônico Concorde era um símbolo do poder aeronáutico e tecnológico da Europa, podendo percorrer distâncias em metade do tempo de uma aeronave comum. No entanto, há 25 anos, um acidente fatal envolvendo o avião deixou mais de 100 mortos e encerrou a era da aviação supersônica comercial.
O incidente foi o único do Concorde em cerca de 30 anos de operação, mas abalou a confiança dos passageiros para sempre.

Conheça o avião supersônico Concorde
O Concorde foi idealizado na década de 1960, como uma parceria entre Reino Unido e França para competir com a tecnologia aeronáutica dos Estados Unidos. Ele estreou em 1969, operado pela Air France e pela British Airways, e se tornou um verdadeiro símbolo da aviação.
O avião chegava a uma velocidade de Mach 2, duas vezes a velocidade do som, e podia percorrer distâncias em metade do tempo que outras aeronaves. Por exemplo, o modelo cruzava o Oceano Atlântico em cerca de três horas (para se ter ideia, um voo comum indo de Nova York a Londres leva sete horas).
O Concorde também era exclusivo. Ele media 62 metros de comprimento, levava apenas 100 passageiros por vez e era caro para ser operado (principalmente devido ao custo do combustível), costumando ser uma opção apenas para clientes ricos.
Além do custo de operação e das passagens, o som supersônico também dificuldade a expansão deste tipo de modelo, que acabava ficando limitado a poucas rotas.

O acidente que encerrou a fama do Concorde
Em 25 de julho de 2000, o voo Air France 4590 decolou do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, na França, e cerca de um minuto depois. Ele caiu em um hotel na cidade de Gonesse, na região metropolitana da capital, e foi fatal, matando 109 pessoas a bordo e quatro pessoas no solo.
Um avião McDonnell Douglas DC-10 que decolou minutos antes na mesma pista deixou cair um pedaço de metal de 43 centímetros – uma parte da carcaça de proteção feita de titânio. Quando chegou a vez do Concorde, ele passou por cima do objeto e teve um de seus pneus rompido.
Durante a decolagem, os fragmentos da borracha do pneu se soltaram e chegaram até o tanque de combustível, causando um vazamento. Então, o combustível vazado entrou em combustão e pegou fogo na asa esquerda. O avião supersônico não conseguiu ganhar altitude e se chocou contra o hotel pouco mais de um minuto após sair do solo.

Julgamento demorou para sair
Como lembrou o Uol, o relatório da investigação levou cerca de 18 meses para ficar pronto. Veja o que aconteceu depois:
- Na época, as autoridades da França responsabilizaram a Continental Airlines, que operava o avião McDonnell Douglas DC-10, por falhas de manutenção que provocaram a queda do metal;
- Em 2010, a empresa foi considerada culpada por homicídio culposo (quando não é intenção de matar) e foi multada em 200 mil euros;
- Um dos integrantes da equipe de manutenção foi condenado a 15 meses de prisão por ter colocado a peça do jeito errado. Ele recorreu e foi absolvido.
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Acidente encerrou carreira de 30 anos do Concorde
O acidente foi o único registrado envolvendo o Concorde. Depois do caso, as autoridades aeroportuárias reforçaram os processos de inspeção e manutenção das pistas.
Os voos do avião supersônico foram suspensos temporariamente e o modelo ganhou melhorias, como tanques de combustível blindados e pneus mais resistentes. Ele voltou a voar no ano seguinte, em 2001, mas o atentado às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, voltou a abalar a confiança do público na aviação.
No final das contas, o Concorde nunca reconquistou os clientes e foi aposentado pelas duas companhias aéreas em 2003, após 34 anos do primeiro voo.
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