Numa sociedade cada vez mais industrializada e ruidosa, estar na presença do silêncio é uma das formas mais eficazes de conseguir ter um pouco de paz e sossego. Mas em muitos lugares pode-se dizer que este é um item raro porque outro personagem costuma entrar em cena: a poluição sonora.
A poluição sonora se caracteriza pelo excesso de ruídos estridentes e não desejados, que impactam no bem-estar e na qualidade de vida. O trânsito, obras e construções, máquinas industriais e o funcionamento de estabelecimentos como bares e baladas são os principais causadores de ruídos nas médias e grandes cidades.
Mas a poluição sonora pode ser causada não só por fatores externos, como também por ações individuais cotidianas como, por exemplo, o uso prolongado e em volume alto de fones de ouvido ou mesmo assistir TV em decibéis muito acima do recomendável.
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Por que a poluição sonora é prejudicial?
As consequências negativas da poluição sonora para a saúde humana podem ser imediatas ou a longo prazo. Isto pode variar de acordo com alguns fatores, entre eles estão o nível das emissões sonoras, tempo de exposição, condições de saúde pré-existentes e idade.
Muito ou pouco, é certo que muitos de nós estamos expostos diariamente a pelo menos algum tipo de ruído indesejado. Por isso, o Olhar Digital elencou 5 efeitos negativos da poluição sonora para a saúde. O último deles é o mais curioso.
1 – Problemas de audição

Quando as ondas sonoras entram no ouvido, elas fazem vibrar os pequenos ossos da região, as células ciliadas e as sensíveis membranas auditivas e é essa vibração que sinaliza ao cérebro que estamos ouvindo algum som.
Mas, quando o som é extremamente alto ou frequente, pode causar incômodos mais brandos como o zumbido, e até mesmo prejudicar seriamente a audição, causando danos parciais ou permanentes nas membranas e células ciliadas, como é o caso da Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR).
2 – Irritabilidade

A poluição sonora é um gatilho para questões mentais como ansiedade, nervosismo e irritação. O som excessivo acaba por dar falsas pistas ao cérebro de que algo grave e preocupante está acontecendo, e, como consequência, o sistema nervoso entra em ação. Em um estudo da Universidade Federal do Maranhão, publicado na Revista Saúde e Meio Ambiente, é apontada a razão do porquê isto acontece.
“Se o ruído é excessivo, o corpo ativa o sistema nervoso que se prepara para enfrentar esse inimigo invisível. O cérebro acelera-se e os músculos contraem-se sem motivo, fazendo surgir sintomas secundários como aumento dos níveis pressóricos, elevação da glicemia, ocorrência de distúrbios gastrointestinais e neoplasias”, afirma Gabrielly Ladeia, autora do estudo.
3 – Insônia

Morar em avenidas e ruas com muito trânsito de automóveis, ou mesmo próximo de aeroportos e festas pode ser um problema para adormecer. E não apenas isto, pois dormir mal causa um efeito cascata, trazendo uma série de outras consequências como irritabilidade e dificuldade de aprendizado e foco. É também durante o sono de qualidade que o corpo elimina toxinas e fortalece o sistema imunológico.
Em outro estudo intitulado “Ambiente urbano e percepção da poluição sonora”, uma pesquisa foi feita sobre o tema em Curitiba com 892 pessoas. Ao serem perguntadas sobre em qual período do dia sentiam-se mais incomodadas com os barulhos da rua, a maioria delas, 42%, respondeu ser mais perturbada no período da noite. E 66,8% dos entrevistados apontaram como som mais incômodo os barulhos provocados pelo trânsito.
4 – Problemas cardiovasculares

A poluição sonora também pode ser causar problemas cardiovasculares como a hipertensão e o infarto do miocárdio. Quando há uma exposição crônica ao som excessivo, o corpo dá diversas respostas como respiração acelerada e o aumento dos batimentos cardíacos. O ruído pode inclusive elevar a pressão arterial mesmo durante o sono.
Segundo levantamento da Agência Europeia do Ambiente (AEA), a cada ano a poluição sonora leva ao surgimento de 48 mil novos casos de doenças cardíacas na Europa, e causa a morte prematura de 12 mil pessoas todos os anos.
5 – Poder virar um vício
Sim, é exatamente isto que você leu. Embora fugir dos ruídos seja quase que um senso comum para a maioria das pessoas, muitas delas podem se ver entediadas ou impacientes com a ausência de som, seja num momento de relaxamento, ou mesmo tentando praticar uma meditação e esse comportamento tem um motivo.
Segundo um estudo da Universidade São Francisco, em Campinas, embora o som excessivo possa irritar num primeiro momento, a longo prazo ele age como uma droga, educando o cérebro a necessitar de mais barulho. “O ruído estressante libera substâncias excitantes no cérebro, tornando as pessoas sem motivação própria, incapazes de suportar o silêncio”, afirma o artigo.
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