Conheça a ciência que a missão de carga SpaceX CRS-25 vai levar para a ISS

Nesta sexta-feira (10), um foguete Falcon 9 será lançado da Estação da Força Espacial dos EUA, em Cabo Canaveral, na Flórida, levando no topo uma cápsula Dragon recheada de suprimentos, equipamentos e uma série de experimentos científicos. Essa será a 25ª missão de Serviços de Reabastecimento Comercial (CRS-25) da SpaceX para a Estação Espacial Internacional (ISS) sob contrato com a NASA.

De acordo com a agência, a ciência dirigida ao laboratório orbital nessa missão inclui investigações sobre a composição global da poeira terrestre e seu efeito sobre o clima, maneiras de construir habitats fora da Terra com recursos espaciais, cicatrização humana no espaço, entre outras.

Bilhões de amostras da poeira da Terra podem ser analisadas

Conhecido como EMIT (sigla em inglês para Investigação da Origem Mineral da Superfície da Terra), um dos estudos passará o próximo ano medindo a composição mineral da poeira nas paisagens mais secas da Terra. Em uma entrevista coletiva concedida na última semana, Robert Green, principal investigador da missão EMIT, explicou o processo chamado por ele de “ciclo de poeira mineral do planeta”.

Segundo o cientista, a poeira soprada na atmosfera terrestre pelos fortes ventos dos desertos viaja milhares de quilômetros. O conteúdo mineral dessa poeira atmosférica afeta o sistema climático global interconectado, e a compreensão da composição desses minerais é fundamental para descobrir como isso se dá. 

EMIT vai medir a composição mineral da poeira nas regiões áridas da Terra, criando um mapa que pode vir a melhorar a compreensão de como a poeira terrestre afeta as comunidades. Imagem: NASA

“Dependendo dos minerais presentes, por exemplo, a poeira atmosférica absorverá e refletirá a luz solar de diferentes formas, aquecendo ou resfriando áreas, afetando a formação de nuvens e a química atmosférica”, disse Green, acrescentando que esse tipo de poeira também pode servir como um rico depósito de nutrientes quando se instala no oceano ou em solo.

Atualmente, segundo ele, existem apenas cinco mil amostras minerais do ciclo global de poeira da Terra nas mãos dos cientistas. Com o EMIT, esse número tende a crescer significativamente.

Assim que for anexado ao Módulo de Logística Externa 1 da ISS, o EMIT (que representa a maior carga da missão CRS-25) será capaz de analisar espectroscopicamente mais de um bilhão de amostras de poeira de todo o planeta. Os cientistas esperam usar esses dados para atualizar modelos de sistemas globais para atividades como previsão do tempo e pesquisas climáticas.

Tijolos espaciais para construir colônias de exploração

Com as missões planejadas à Lua e até mesmo a Marte cada vez mais próximas, cresce a necessidade de descobrir como construir habitats sustentáveis a partir de recursos de origem local. Se materiais de construção como aço e concreto já são pesados e extremamente ineficazes para lançar para a órbita, imaginem para chegar à Lua ou ao Planeta Vermelho.

Por essa razão, estudantes da Universidade de Stanford, na Califórnia, estão investigando como a microgravidade afeta a formação de um concreto alternativo que mistura uma molécula orgânica com água e recursos “in situ“, como regolito lunar ou poeira marciana, para criar um composto de solo biopolímero (BPC). 

Hardware de voo do experimento “Biopolimer Research for In-Situ Capabilities”, uma investigação de como a microgravidade afeta o processo de criação de um concreto feito com um material orgânico e recursos locais, como poeira lunar ou marciana. Imagem: James Wall

Em vez de utilizar uma reação química, calor ou pressão, os elementos usados em BPCs permitem que a mistura seque com “cerca de metade da força do cimento Portland”, de acordo com a estudante de Ciência da Computação Jocelyn Hoang Thai, uma das líderes da equipe.

Esse experimento vai usar albumina de soro bovino (BSA) para criar seis tijolos a bordo da estação espacial, cada um com cerca de 7 milímetros de comprimento. Na Terra, a BSA forma pontes proteicas que conectam partículas de sujeira durante o processo de secagem. Os pesquisadores esperam comparar tijolos misturados no espaço com contrapartes feitas na Terra para determinar a influência da microgravidade no processo de secagem e na formação da ponte proteica, e como isso afeta a densidade e a força dos tijolos.

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SpaceX leva amostras de pele e vasos sanguíneos para a ISS

A missão CRS-25 vai enviar para a ISS um experimento médico liderado pela Agência Espacial Europeia (ESA) e a Universidade de Florença, na Itália. Um conjunto de chips de tecido, recipientes projetados para armazenar células humanas para estudo em microgravidade, contém amostras de pele e vasos sanguíneos humanos, eticamente derivados, que foram feridos e, em seguida, suturados para estudar as forças mecânicas pontuais sobre o processo de cura em microgravidade.

Monica Monici, da Universidade de Florença, principal pesquisadora do estudo denominado Suture in Space, destacou os benefícios de estudar suturas no espaço. “Experimentos anteriores em culturas celulares e modelos animais mostraram que o fechamento de feridas está atrasado em condições de microgravidade”, explicou a cientista. “Como o tempo de evacuação do espaço para a Terra [em futuras missões] pode ser muito longo, a necessidade de implementar cuidados de trauma e cirurgias aumenta. A cicatrização de feridas deve ser considerada um grande desafio a ser investigado, uma vez que é fundamental para a sobrevivência da tripulação”.

Outros experimentos que serão levados à ISS pela missão CRS-25 envolvem o envelhecimento do sistema imunológico, como as comunidades de microrganismos no solo são afetadas pela microgravidade e a pesquisa vencedora da 9º edição do programa Genes no Espaço, uma parceria da NASA com instituições educacionais dos EUA para incentivo às carreiras em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).

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