Conheça a história do eCommerce ou comércio eletrônico, as lojas de compra e venda pela internet

O comércio eletrônico hoje é uma atividade mais que comum para quem acessa a internet e vive nas redes sociais. Abrir uma loja digital, passear pelo catálogo, adicionar itens ao carrinho virtual e fechar a compra, às vezes com algum cupom de desconto, praticamente virou rotina.

Esse setor movimenta muito dinheiro e facilita a vida na hora de fazer compras de quase qualquer item, além de ter gerado verdadeiros gigantes na indústria. A seguir, confira a origem e a evolução dessa área, incluindo nomes marcantes e sites que fizeram história, inclusive no mercado nacional.

O que é eCommerce ou comércio eletrônico?

O e-commerce é o processo de compra ou venda de bens e serviços por meios digitais. Mas ele não fica restrito só a encher o carrinho em um site ou aplicativo: é todo o conjunto de atividades comerciais na internet, incluindo pré-venda, pós-venda, suporte e anúncios.

Pedir itens remotamente é uma atividade mais antiga no comércio, mas usando catálogos e os meios de comunicação disponíveis na época, sejam cartas, o telégrafo ou um telefone. Então essa vontade de ter os produtos entregues em casa já é bem antiga.

Os primeiros experimentos

Computadores de universidades em rede já trocavam texto e arquivos entre si, então a transação entre sistemas era um negócio ao menos já imaginado. Na década de 1970, começou a correr a lenda de que alunos de Stanford e do Instituto de Tecnologia do Massachussetts (MIT) negociavam entre eles uma certa substância ilícita em forma de cigarro usando a conexão da ARPANET, a mãe da nossa internet. 

Isso nunca foi documentado ou confirmado por fontes, possivelmente nunca aconteceu e a transação em si seria toda presencial, então tecnicamente não foi uma compra online. Mas é uma boa história que mostra um dos potenciais comerciais dessa tecnologia.

O que foi mesmo verdade é que, em 1979, Michael Aldrich cria o conceito e o equipamento por trás do ‘teleshopping’. Ele conectou uma televisão a um computador por uma linha telefônica, a partir de uma interface bem simples que era tipo um catálogo.

Michael Aldrich e o teleshopping. (Imagem: Reprodução/X)

Dois anos depois, a empresa Thomson Holidays, que era tipo uma agência de viagens, cria um mecanismo parecido pra vender pacotes de turismo. Já em 1982 nasce a primeira empresa de comércio eletrônico. É a Boston Computer Exchange, um pai dos marketplaces atuais, só pra vender e comprar computadores usados. E tudo era feito pela BBS, um sistema de comunicação também pré-internet.

Aí a gente para em 1984, quando tem alguns acontecimentos curiosos. A britânica aposentada Jane Snowball, de 72 anos, vira a primeira consumidora comum de um produto por eCommerce. Ela usou um aparelho chamado Videotex – o mesmo lá do Aldrich, uma espécie de TV conectada a linhas de telefone, para pedir compras do supermercado em uma iniciativa que queria ajudar idosos a fazer algumas tarefas remotamente. 

Jane Snowball e a compra remota pela TV. (Imagem: Reprodução/BBC)

Foi o ano também em que a CompuServe inaugural o Electronic Mall, ou shopping eletrônico. Era como se fosse um pai da Amazon, com produtos bem diferentes de vários vendedores disponíveis.

A expansão dos mercados virtuais

A ‘internet’ como a conhecemos hoje estava se formando e os primeiros serviços com todas as etapas de compra acontecendo online foram sendo criados. Em 1990, Tim Berners-Lee e Robert Cailliau propõem o projeto da World Wide Web, o WWW, que incluía principalmente a navegação por hipertexto e ir de uma página pra outra com cliques. Mas todos os exemplos que eu citei antes ainda não envolviam o pagamento pelo computador.

Em 1992  nasce o espaço de comércio de livros Book Stacks ainda em uma lista de discussões pré-internet. Ele se torna mais tarde o site Books.com, um ótimo endereço, e acaba adquirido por uma grande rede logo depois. Esse é tido como o primeiro comércio eletrônico mais acessível, não só pra quem era muito ligado em tecnologia.

Uma versão já avançada da Book Staks. (Imagem: Reprodução/Squarespace.com)

Já em 11 de agosto de 1994, a primeira venda online foi documentada. Ela aconteceu graças a jovens empreendedores em um sistema de segurança para vendas com cartões de crédito, chamado de Commercenet. O primeiro produto foi um CD do cantor Sting e a Pizza Hut também foi uma das primeiras redes a fazer uma transação online. 

Isso começou a ser possível principalmente por causa do Netscape Navigator, que tinha os primeiros mecanismos de proteção digital e criptografia pra guardar os dados de um cartão, o que até então não existia. A partir daí, foi aberta a porteira pros sites começarem a surgir  e 1995 é um ano chave. Foi aqui que surgiram três gigantes desse setor:

  • o Craigslist, uma espécie de classificados bem variado em que você pode anunciar ou pedir absolutamente qualquer coisa;
  • o AuctionWeb, uma plataforma de leilão digital que depois seria rebatizada como eBay;
  • e o projeto do empresário Jeff Bezos ao lado da então esposa Mackenzie, que é batizado de Amazon.com: uma livraria virtual com um catálogo já grande e bastante agilidade na entrega. 

A empolgação com tudo isso foi tanta que em 96 as vendas online globais passam de 1 bilhão de dólares pela primeira vez. E os meios não param de avançar: no ano seguinte, na Finlândia, a terra da Nokia, foi feita a primeira transação digital por aparelhos móveis. Era uma máquina de vendas da Coca-Cola no aeroporto, com o valor da latinha adicionado na conta do telefone.

Enchendo o carrinho virtual

Outro ano importante é 1999: foi aqui que nasceu o PayPal, em uma união de empresas que incluiu a X.com de um ainda pouco conhecido rapaz chamado Elon Musk. E na China quem começa a operar é o Alibaba, um marketplace online gigantesco e já cheio de investimentos liderado pelo empresário Jack Ma.

Toda essa euforia sofre um baque grande entre 2000 e 2001, quando é registrado o estouro da bolha pontocom, a bolha da internet. Foi um momento em que a bolsa de valores da Nasdaq inflou tanto sem a segurança necessária que explodiu. Ela quebra vários sites, incluindo algumas lojas, e aumenta desconfiança em negócios online por algum tempo.

A primeira versão do AdWords. (Imagem: Reprodução/Scaledon)

Também em 2000 a Google lança o Adwords, que revoluciona o mercado de anúncios online e também do comércio eletrônico, porque você podia anunciar alguma coisa por meio dos resultados de busca de um dos sites mais famosos do mundo. O AdSense saiu três anos depois para aumentar o alcance de publicidade na internet e ferramentas de busca já abrigavam banners de lojas online.

Já em 2002 temos uma grande compra: o eBay adquire o PayPal por mais de 1 bilhão de dólares. Essa aquisição não deu tão certo, mas já refletia o tamanho e a importância da área. E começam a surgir também alguns sites mais nichados, pra públicos ou tipos de produto específicos. Em 2003, o destaque é o iTunes Store, a primeira grande loja de música digital que era uma tentativa de frear a pirataria no setor com a venda de álbuns ou canções avulsas.

A loja de músicas do iTunes. (Imagem: Reprodução/Cnet)

E tem outra curiosidade: você conhece bem a Black Friday, aquela loucura de descontos depois do Dia de Ação de Graças que começou nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo. Mas você sabia que a Cyber Monday, que é o dia de promoções na segunda seguinte, é bem recente? Ela se iniciou em 2005, como uma forma de tentar alavancar especificamente compras online.

Além disso, a Amazon lança nesse ano o Prime, um programa por assinatura de vantagens e benefícios que envolvem entregas mais rápidas e descontos exclusivos. Esse virou um modelo de serviços parecidos entre outras lojas. 2005 ainda marca o ponto em que a Steam, maior plataforma de distribuição de jogos digitais pra PC, começa a vender também títulos de outras desenvolvedoras além da própria Valve.

Foi também o ano de início das operações do Etsy. Essa página não é tão conhecida aqui, mas o modelo de negócios dela vingou: foi a primeira loja digital para produtos artesanais, tipo objetos de decoração, móveis e afins feitos com os mais diversos materiais. Outros lançamentos de peso incluem o Shopify em 2006, que ajudou outras empresas a construírem as próprias lojas digitais de maneira personalizada, e também o sistema de venda de cupons de desconto do Groupon em 2008, que aqui no Brasil foi representado também pelo site Peixe Urbano.

A partir daqui, o mobile e a diversificação nos modelos de negócio começa. No começo da década de 2010, a chegada da Google Wallet e o Apple Pay consolidam as compras pelo celular. Em 2017 o Instagram começa a facilitar a compra de itens direto do feed de uma rede social e três anos depois, na pandemia da covid-19, há uma aceleração ainda maior desse mercado.

O início no Brasil

No cenário nacional, vamos direto para a metade da década de 1990, o que é muito cedo se comparamos com a história da internet por aqui. A Internet comercial tinha menos de um ano de vida e estava longe da prioridade para a grande maioria das famílias brasileiras.

Em 1995, o professor e empreendedor Jack London fundou a Booknet, a primeira livraria virtual do Brasil e primeiro e-commerce nacional. Ele fez isso depois de visitar a Amazon e querer replicar o modelo por aqui. As operações começaram em 96 com 12 mil livros de 35 editoras e até livrarias virtuais de outros países. O frete era de no máximo três dias pra Rio de Janeiro e São Paulo. O Jack faleceu em 2016, aos 67 anos, e foi uma das figuras mais importantes desse início da internet no Brasil em termos de negócios. Ele também criou uma empresa pioneira de venda de ingressos no Brasil, o TIX.

O site da BookNet. (Imagem: Reprodução/Wayback Machine)

Nesse mesmo ano, outra loja virtual chamada Brasoftware também começava as operações. E em 97 o Pão de Açúcar era um dos líderes no varejo online. Ele começou a vender itens remotamente antes, mas o cliente precisava do catálogo e pedir via telefone ou fax. Também nesse ano o PontoFrio.com é lançado, primeiro só para consultas sobre os produtos e depois como canal de vendas.

em 1998 a Booknet foi comprada por uma empresa de investimentos e rebatizada de Submarino. Nesse ponto, a empresa ainda não gerava lucro, mas isso aconteceria alguns anos depois e ela até entraria na Bolsa de Valores. O Submarino foi depois incorporado na Americanas.com e gerando ao lado da Shoptime o grupo B2W. 

Aqui começa o boom de lojas virtuais, com nomes como a própria americanas.com, arremate.com, o site do Magazine Luiza, os argentinos do Mercado Livre e muito mais. Foi uma alta tão grande que os Correios criaram o e-Sedex, um serviço de entregas exclusivo pra comércio eletrônico que durou até 2017.

Imagem: Reprodução/Frenet

Outro destaque desse período foi a Gol, a companhia aérea. Ela que teve a proposta de venda de passagens aéreas inicialmente só por meios online. Além disso, em 2003 surgem as primeiras plataformas de comparação de preços, como Bondfaro e Buscapé. Já em 2005 nasce o DealExtreme, talvez a primeira loja online chinesa que começou a ganhar fama internacional e depois abriu espaço para nomes como Aliexpress, Shopee e Temu.

Caindo no gosto popular

O ano de 2007 é considerado o período de descentralização do e-commerce brasileiro, ou seja, quando as grandes plataformas perdem força e os sites nichados crescem. Isso dura vários anos aqui no Brasil. Neste ponto, se popularizam os sites de venda de celulares mais baratos, com nomes como Mega Mamute e Cissa Magazine. Essas lojas especializadas incluem também livrarias, como a Saraiva; informática, como Kabum e várias outras; roupas e calçados, como a Netshoes.

A Amazon só veio para o Brasil em 2012, também começando por aqui apenas com livros, mas já com a política agressiva de descontos e entrega veloz que quebrou muitas concorrentes. E o Brasil ainda tem vantagem em relação a outros países por causa do nosso sistema bancário: o pagamento nunca foi problema pra gente gerando boleto ou então desde o fim de 2020 por meio do Pix, que acelerou ainda mais as coisas.

 

A quantidade de lojas também disparou e os métodos para compra e venda só foram ficando mais fáceis. Só que nem todas as notícias foram bem recebidas, já que em 2023 tivemos a chegada do Remessa Conforme. O programa de impostos aumentou taxas e balançou as compras de sites internacionais, em especial da China

O eCommerce hoje é integrado a um delivery de praticamente tudo e com muita tecnologia envolvida. Os galpões imensos para distribuição dos produtos são gerenciados por sistemas automatizados. Além disso, IAs ajudam cada vez mais na recomendação de produtos e até em resumir avaliações.

Dos sites listados nessa história, qual é o seu favorito e onde mais o seu carrinho de compras virtual fica cheio? Conte para a gente nas redes sociais do TecMundo!

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