Home Variedade Conheça a história real de Andrea Casamento, do filme A Mulher da Fila

Conheça a história real de Andrea Casamento, do filme A Mulher da Fila

by Fesouza
7 minutes read

O novo filme argentino da Netflix, A Mulher da Fila, emocionou o público ao retratar o drama silencioso das mulheres que esperam na porta das prisões. 

A produção é inspirada na história verdadeira de Andrea Casamento, uma argentina que transformou o sofrimento pessoal em uma causa coletiva e que mudou a forma como o país enxerga os familiares de pessoas privadas de liberdade.

História real de A Mulher da Fila - Andrea Casamento e Alejo
Andrea Casamento e Alejo, com quem se casou (Foto: Reprodução/Redes Sociais). 

A personagem vivida por Natalia Oreiro é uma representação direta de Andrea: uma mulher comum, de classe média, que vê sua vida desabar quando o filho é preso injustamente. 

A partir desse ponto, a trama mergulha em uma realidade dura e invisível: as filas de visita, a humilhação das revistas, a espera constante e o preconceito social que acompanha quem ama alguém encarcerado.

Mas o mais impressionante é que cada detalhe do filme tem raízes reais. Por trás da ficção está a história de uma mãe que se recusou a aceitar o silêncio e construiu, a partir da dor, um dos movimentos de direitos humanos mais importantes da Argentina.

A Mulher da Fila e a prisão que mudou o rumo de uma vida

Tudo começou em 4 de abril de 2004, quando o filho de Andrea, de apenas 18 anos, foi preso em Buenos Aires, acusado de roubar empanadas em um bairro de classe média. 

O caso parecia absurdo (e era). O jovem foi levado ao Complexo Penitenciário de Ezeiza, onde ficou seis meses em prisão preventiva até ser absolvido por falta de provas.

Durante esse tempo, Andrea conheceu um mundo que até então desconhecia: o das filas intermináveis, das revistas corporais humilhantes e da burocracia que transforma familiares em suspeitos. 

Ela costumava dizer que “não era apenas o filho quem estava preso, era ela também”. Essa sensação de impotência e isolamento foi o ponto de virada de sua vida.

Andrea Casamento: das filas à fundação da ACiFaD

Nos meses em que esperava para visitar o filho, Andrea encontrou dezenas de mulheres na mesma situação, mães, esposas e irmãs que compartilhavam o mesmo sofrimento. Naquelas conversas nasceu algo poderoso: a consciência de que elas não estavam sozinhas.

Em 2008, Andrea fundou a ACiFaD (Associação Civil de Familiares de Detidos), uma organização dedicada a oferecer apoio jurídico, psicológico e social a quem enfrenta o encarceramento de um ente querido. 

O trabalho começou pequeno, mas cresceu rapidamente e se tornou uma referência nacional, acompanhando milhares de famílias afetadas pelo sistema prisional argentino.

Amor dentro e fora dos muros

Enquanto atuava nas filas e visitava presídios, Andrea conheceu Alejo, um homem que estava preso. A relação começou por meio de cartas e conversas rápidas durante as visitas. Com o tempo, o vínculo entre os dois se aprofundou e, mesmo separados pelos muros, surgiu o amor.

Depois que Alejo deixou a prisão, eles se casaram. O relacionamento foi mais do que pessoal: tornou-se um símbolo do trabalho de Andrea, baseado na crença de que todas as pessoas merecem uma segunda chance. 

Alejo passou a colaborar com a ACiFaD, ajudando ex-detentos na reinserção social e fortalecendo o olhar humano da instituição.

No filme da Netflix, essa relação é retratada como um dos elementos centrais da trama, destacando a coragem de Andrea em se permitir amar em meio ao caos e à dor e em ver humanidade onde a sociedade só enxerga culpa.

A Mulher da Fila: o drama argentino que chega à Netflix com uma história real e comovente
A Mulher da Fila utiliza a história real de Andrea Casamento para representar outras mulheres na mesma situação (Foto: Netflix).

A Mulher da Fila: da dor pessoal à atuação internacional

A trajetória de Andrea Casamento ultrapassou as fronteiras argentinas. Sua dedicação à causa dos direitos humanos chamou a atenção de organismos internacionais. Em 2021, ela foi nomeada para o Subcomitê das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura (SPT), cargo que ocupou até 2024.

Foi a primeira mulher argentina, e uma das poucas no mundo, a representar o olhar das famílias de detentos nesse espaço. De vítima do sistema, Andrea se tornou uma referência global, levando às Nações Unidas o relato de quem vive o cárcere não entre grades, mas nas filas, nas ausências e no silêncio social.

Em entrevistas, Andrea costuma dizer que “a fila é o espelho da sociedade”. Para ela, esse espaço reúne histórias, desigualdades e esperanças. É onde as mulheres constroem laços, cuidam umas das outras e aprendem a sobreviver. Essa metáfora deu origem ao título do filme e traduz com precisão o espírito de sua jornada.

O diretor Benjamín Ávila, também responsável por Infância Clandestina, explica que o objetivo de A Mulher da Fila é justamente mostrar o que o público raramente vê: o cárcere do lado de fora, vivido por quem espera. 

O resultado é um drama íntimo e político, que ressoa com a história real de Andrea e com milhares de famílias que enfrentam o mesmo destino.

O legado de Andrea Casamento

Hoje, Andrea segue à frente da ACiFaD, participa de fóruns internacionais e é considerada uma das principais vozes pela reforma penitenciária na América Latina. Sua trajetória virou exemplo de resiliência e empatia. Uma mulher que transformou a perda em propósito e o amor em ferramenta de mudança social.

A Mulher da Fila, portanto, não é apenas um filme inspirado em sua vida, mas um tributo àquelas que, como Andrea, permanecem firmes do lado de fora, sustentando a esperança quando o mundo insiste em virar as costas.

Comente nas redes sociais do Minha Série! Estamos no Threads, Instagram, TikTok e até mesmo no WhatsApp. Venha acompanhar filmes e séries com a gente!

You may also like

Leave a Comment