Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (15) (que você confere aqui) repercutiu a história da jovem cientista Larissa Paiva, reconhecida por suas conquistas na divulgação e expansão da ciência.
Popular nas redes sociais com o nome Larittrix, uma referência à estrela Bellatrix da constelação de Orion, Maria Larissa Pereira Paiva, aos 20 anos, já detectou mais de 25 asteroides em colaboração com a NASA, analisou mais de 2 mil galáxias para o Observatório Astronômico Nacional do Japão (NAOJ) e impactou mais de 20 mil estudantes por meio de projetos de popularização científica, como o “Pires Ferreira nas Estrelas” e o Time Larittrix.
Com mais de 300 palestras ministradas, Larissa é embaixadora de iniciativas como Medalhei, Olimpíadas Científicas, Estude Melhor e Líder STEM, além de ter sido reconhecida pela instituição Força Meninas como destaque em Liderança Nacional. Também já foi homenageada pelo presidente da República por seu protagonismo e compromisso com a disseminação da ciência no Brasil.
Curiosidade de Larissa pelas estrelas surgiu na infância
O interesse de Larissa pela astronomia começou na infância. Nascida em Pires Ferreira, no sertão da Ibiapaba, interior do Ceará, ela observava o céu estrelado todas as noites, até que aos oito anos resolveu questionar sua avó. “Eu parei de brincar e comecei a olhar para as estrelas. Dessa vez foi diferente, eu ousei perguntar: qual o nome das estrelas?”, relatou. Nesse momento, foi apresentada ao nome popular das constelações, dentre elas, a popular Três Marias a marcou.
Aos 13 anos, a inauguração de uma lan house em sua cidade ampliou os horizontes da jovem cientista ao lhe garantir o acesso à internet. Larissa pesquisou tudo que sempre teve curiosidade, como as nomenclaturas científicas das estrelas e a explicação para os fenômenos astronômicos.
Isso a despertou para a divulgação científica, começando pelas conversas de família, onde os primos e a avó foram seus primeiros alunos. “Meu acesso ao conhecimento foi um convite para levar esse acesso para outras pessoas”, comentou.

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Caçar asteroides com a NASA mudou a história de Larittrix
Foi em 2021 que Larissa encontrou seu primeiro asteroide em um projeto de colaboração internacional entre a NASA e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Com 16 anos à época, ela pegou emprestado um notebook do vizinho para poder participar do projeto e levou horas buscando a rocha espacial.
“O Caça Asteroides foi o projeto que mais me marcou. Além da vontade de pesquisar e entender, eu queria me engajar no grupo de caçadores. Quando os jornais da minha cidade começaram a divulgar a minha primeira detecção, eu ganhei um notebook que uso até hoje para tudo”, relatou.
O reconhecimento alcançou nível nacional: ela recebeu da Secretaria de Educação do Ceará a doação de um computador portátil. Em seguida, conquistou uma bolsa de estudos para cursar o ensino médio no colégio Farias Brito, em Fortaleza. Seu talento e dedicação também a levaram a Brasília, onde foi homenageada pelo presidente da República.

Em 2023, Larissa recebeu o título de primeira astronauta análoga do Ceará, ao participar de uma missão simulada a convite da Wogel Enterprise Aerospace, uma empresa especializada em simulações espaciais. Também localizada na capital nacional, a experiência contou com aulas de física, primeiros socorros e astronomia.
Ela continua participando da caça a asteroides e já contabiliza 25 descobertas. No projeto internacional Galaxy Cruise, iniciativa do NAOJ, a jovem analisou mais de 2 mil galáxias, em um trabalho que reuniu voluntários de diferentes países.
“Ser cientista cidadã mudou a minha vida”, relatou a jovem cientista
Hoje, Larissa estuda Pedagogia na UAB-UVA (Universidade Aberta do Brasil – Universidade Estadual Vale do Acaraú), coordena a ONG Pires Ferreira nas Estrelas e preside o Time Larittrix, onde divulga a ciência e inspira outras jovens a se tornarem pesquisadoras.
Os projetos que a jovem cientista participou fazem parte das iniciativas de ciência cidadã: quando pessoas fora do meio acadêmico colaboram no desenvolvimento de pesquisas, auxiliando da coleta de dados até a análise das informações. O termo surgiu na década de 1990, mas a cooperação de cidadãos em estudos data do século XIX.
Essas iniciativas mostram que com curiosidade e dedicação, aliadas ao acesso a internet, é possível participar de projetos que exploram da Terra até os cantos mais profundos do Universo, como as plataformas Zooniverse e Stardust@home.
“O impacto social e político da ciência cidadã é o principal para mim. Não adiantaria participar de diversos projetos e não levar para o meio educacional, por isso escolhi Pedagogia”, explicou.

“Ser cientista cidadã mudou a minha vida. Sou grata a todo mundo da equipe da Caça Asteroides e todos que colaboraram nesse trajeto”, comentou.
A jovem cientista tem uma tatuagem da constelação de Orion em seu braço direito. O nome da estrela Bellatrix, no “ombro” do gigante caçador que nomeia a constelação, tem origem no latim e significa “guerreira”.
Com premiações nacionais e mais de 20 mil estudantes impactados, Larissa pretende seguir divulgado a ciência. “Quero expandir os projetos e ir para mais cidades do interior do Ceará. Já são mais de 300 palestras, mas ainda acho que é só o começo. Estou buscando me especializar, fazer mais cursos e me desenvolver academicamente para profissionalizar cada vez mais meu trabalho”, concluiu.
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