Quando assistimos Medo Real, nova série documental de terror da Netflix, somos atraídos por imagens sombrias, reconstituições dramáticas e depoimentos intensos, mas a obra vai além da estética do terror: ela se propõe a contar histórias que, segundo seus protagonistas, aconteceram de verdade.
A combinação de narrativa documental com dramatização cria uma ponte entre o real e o sobrenatural, e nos impele a perguntar: até que ponto as lendas são verdadeiras?
Neste texto, iremos desvendar os casos reais por trás dos episódios, explorando os relatos mais conhecidos e as implicações de apresentar o inexplicável em formato de entretenimento.
Medo Real: série da Netflix aborda dois casos reais
A série se divide em duas narrativas principais, cada uma ocupando blocos distintos dos seus episódios:
“Eerie Hall” (episódios 1 a 3)
Neste arco, conhecemos Chris Di Cesare, atleta universitário que se muda para um campus em uma universidade de Upstate Nova York nos anos 1980.
Ele e colegas começam a experimentar eventos inexplicáveis nos dormitórios, ruídos estranhos, presença de uma força invisível, distúrbios no sono e um medo crescente que corrói sua sanidade.
Conforme investiga sua própria história, Chris descobre que a entidade parece ter vínculo com o seu passado.
“This House Murdered Me” (episódios 4 e 5)
No segundo arco, acompanhamos a família Miller, que compra uma casa vitoriana com intenção de reformá-la e iniciar uma nova vida. Logo, percebe-se que o imóvel guarda traumas antigos: invasões misteriosas, portas que rangem sozinhas, aparições no espelho e até fenômenos que ameaçam o bem-estar do filho.
Desesperados, eles buscam ajuda com os renomados investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, figuras reais que já inspiraram diversas narrativas de horror.
Cada trecho da série alterna entre depoimentos de quem afirma ter vivido os eventos e recursos dramatizados, com reconstruções detalhadas dos episódios traumáticos.
Os protagonistas reais: Ed e Lorraine Warren
Para quem acompanha narrativas paranormais, os nomes Ed e Lorraine Warren são quase lendários. Casal de investigadores do sobrenatural, eles estiveram à frente de inúmeros casos (reais ou alegados) que deram origem a livros, documentários e filmes.
Lorraine se dizia médium, trabalhando em transe consciente para vislumbrar espíritos; Ed, por sua vez, se autodenominava demonologista e estudioso do oculto.
Seus arquivos e investigação tornaram-se matéria-prima para adaptações cinematográficas como Invocação do Mal, franquia em que muitos dos temas e construções ficam claros ecos para Medo Real.
A presença dos Warren em “This House Murdered Me” conecta diretamente a série à tradição do horror “baseado em fatos”, reforçando o tom de veracidade apelada pela produção.
Saiba mais sobre os casos de “Eerie Hall” e “This House Murdered Me”
Eerie Hall: fantasmas do passado universitário
No drama de campus, o mistério gira em torno de uma força invisível que parece seguir Chris. A série sugere que o espírito está ligado a acontecimentos passados, talvez eventos traumáticos ocorridos dentro de paredes antigas ou segredos enterrados pelo tempo.
Embora o nome real de Chris Di Cesare e os detalhes precisos (data, local exato) não sejam amplamente divulgados, o enredo remete ao arquétipo dos “dormitórios assombrados”, muito presente no imaginário de quem acredita em fenômenos paranormais.
Nesse tipo de narrativa, são comuns recursos como transtornos do sono, visões que se tornam mais vívidas à noite, sensação de presença, e associação simbólica entre a entidade e traumas pessoais, o que a série explora com intensidade nos três primeiros episódios.
This House Murdered Me: residências amaldiçoadas
No segundo caso, o cerne está no conflito entre o desejo de um lar acolhedor e a hostilidade que ele abriga. A estrutura vitoriana, escolhida pelos Miller por sua beleza e história, descobre-se palco de horrores: ruídos teimosos, aparições no espelho, manifestações físicas e uma presença que intimida até o filho pequeno.
Quando Ed e Lorraine são chamados, iniciam-se as investigações sobrenaturais, e a narrativa pede ao espectador que aceite a possibilidade de uma casa viva que castiga quem ousa habitar seu espaço.
De acordo com a série, a casa fica em Salt Lake City, no estado de Utah, e grande parte dos eventos apresentados se passa nos arredores desse local.
A lógica usada pela produção é semelhante a muitos relatos atribuídos aos Warren em outras histórias: cada elemento observado (barulhos, visões, objetos em movimento) seria um fragmento de uma “memória residual” ou de uma entidade ligada ao local.
Verdade ou ficção? O equilíbrio que Medo Real busca
Ao adaptar relatos reais (ou supostamente reais) para o audiovisual, a produção de Medo Real corre um fio tênue. Por um lado, ela investe em autenticidade ao incluir depoimentos dos supostos sobreviventes e ao vincular sua narrativa a figuras conhecidas como os Warren.
Por outro lado, para envolver o espectador, recorre à dramatização, uso de clima visual e tensão escalonada, elementos que naturalmente intensificam e “apimentam” a história.
Por fim, cabe a cada espectador acreditar ou não nas histórias de terror. E, você, acredita na veracidade dos casos macabros?