Não sei onde você vive no Brasil, mas já viajou para outras regiões? Além das características geográficas diferentes, o que mais chama a atenção é a diversidade cultural e linguística.
Assim como o Brasil, os Estados Unidos também entram nessa lista. É claro que o tamanho não é o único fator para o nascimento de um dialeto. Os especialistas afirmam que todas as palavras usadas no dia a dia têm uma história e um contexto social.
Pesquise, por exemplo, a origem da palavra “você”, uma das mais utilizadas aqui no país. Quando estudamos Português na escola, usamos o “tu” para conjugar verbos. O “você” se tornou a versão mais popular, embora antigamente de popular ele não tinha nada. Era um pronome de tratamento pomposo.
Enfim, pesquise; é muito interessante. Não vou me estender tanto, pois o objetivo desse texto é outro. Pesquisadores da Universidade Internacional da Flórida identificaram um novo dialeto que está sendo falado em comunidades latinas na parte sul do estado. Ele recebeu o apelido de “Inglês de Miami”.
Como é esse novo Inglês de Miami?
Ele é uma mistura do Inglês americano com o Espanhol.
A estrutura desse dialeto é mais parecida com a segunda língua, embora as palavras sejam quase todas da primeira.
Explico: é como se você traduzisse tudo ao pé da letra.
Algo que fazemos muito quando aprendemos um novo idioma.
Não sei se você já fez aula de Inglês aqui no Brasil.
Normalmente os alunos tendem a formar a frase em Português na cabeça e aí traduzir ao pé da letra – o que quase sempre dá errado.
No caso do Inglês de Miami, algumas expressões como “throw a party” viraram “make a party” – algo mais literal.
Isso sem contar a inserção de palavras em Espanhol no meio da frase.
E a pronúncia e o ritmo diferentes, mais próximos da língua mãe dos imigrantes latinos.
Quando nasce um dialeto
É difícil precisar uma data, mas os cientistas da Universidade da Flórida acompanham esse caso há pelo menos 10 anos.
Eles passaram a identificar o Inglês de Miami como um novo dialeto a partir do momento em que ele começou a ser falado por uma quantidade expressiva de pessoas. E não somente pelos imigrantes, mas também pelos nativos.
Isso acontece com frequência em comunidades bilíngues. Isso porque os imigrantes se casam, têm filhos e esses filhos passam a falar o dialeto único. E isso se fortalece ainda mais na escola, já que os professores desses locais também são, em sua maioria, imigrantes.
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O mais interessante é que, apesar de um pouco diferente, esse dialeto é facilmente compreendido por americanos de outras partes do país. Mas aí entra outra questão levantada pelos pesquisadores: o preconceito, sobretudo quando a variedade surge de uma comunidade mais marginalizada na sociedade.
De acordo com o professor Phillip M. Carter, diretor do Centro de Humanidades em Ambiente Urbano da Universidade da Flórida, isso deve acabar:
“Quero que o Miami English perca seu estigma porque o Miami English é a variedade da língua materna de alguém. É a língua que a pessoa aprendeu com seus pais, que ela usou na escola, que ela ouve em sua comunidade. É a variedade da língua com a qual ela desenvolveu sua identidade, desenvolveu suas amizades, encontrou o amor. Por que isso deveria ser estigmatizado?” indagou o professor.
Uma lição que vale para os Estados Unidos e também para o Brasil.
As informações são do IFL Science.
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