As estrelas-do-mar são conhecidas por sua aparência amigável e vida pacifica. Mas nem todas seguem esse padrão. As estrelas-do-mar-coroa-de-espinhos (Acanthaster planci), conhecidas como CoTS em inglês, são predadoras vorazes, capazes de amassar e devorar quilômetros de corais em alguns meses.
Agora, um novo estudo sobre a comunicação entre essas destruidoras marinhas, publicado na revista iScience, pode ajudar biólogos a salvar corais indefesos da fome voraz das CoTS.
Pesquisadores da Universidade da Costa do Sol, na Austrália, e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa (OIST), no Japão, descobriram que essa estrelas-do-mar usam sua armadura corporal de espinhos para captar mensagens químicas enviadas pelas parceiras. Essa rede de comunicação invisível atua como um “controle mental” coletivo, permitindo que animais sem cérebro e sem sangue fiquem conectados, se movam e atuem em conjunto.
“Por meio de análises genômicas e proteômicas, descobrimos que os espinhos das CoTS são usados para detectar e secretar uma ampla gama de peptídeos – não apenas toxinas defensivas”, explicou o professor Noriyuki Satoh, chefe da Unidade de Genômica Marinha do OIST, em um comunicado.
Espinhos dessas estrelas-do-mar servem como antenas
A equipe de cientistas extraiu esses peptídios e os introduziu em um tanque cheio de água e estrelas-do-mar-coroa-de-espinhos. Ao detectarem o sinal químico, elas se tornaram mais ativas e se moveram em diversas direções.
Os pesquisadores então formularam a hipótese de que os padrões de movimentação são ativados por essas moléculas, como sinais de fumaça dentro da água. Após um detalhado exame dos peptídeos, a equipe também constatou que esses compostos não participavam do sistema imune e nem eram resultados de qualquer outra ação física dos animais.
Não foi possível definir a mensagem que esses peptídeos carregam. Mas a equipe conseguiu, por análise genética, definir que essas moléculas são ativamente produzidas e reguladas pelos espinhos, as “antenas naturais” das CoTS.
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Cientistas “controlaram a mente” de estrelas-do-mar
A descoberta dá uma nova ferramenta aos biólogos para controlar a disseminação das CoTS. Antes, a única solução para os surtos desses animais era retirá-los um a um até que o coral estivesse limpo — um trabalho difícil, já que esses seres são cobertos de espinhos e se movem rapidamente.
Com base no novo estudo, os pesquisadores sintetizaram uma proteína não tóxica que pode atrair essas estrelas-do-mar. Essa mistura, nomeada de atractinas de Acanthaster, foi testada no tanque de água e fez com que os animais se reunissem em um só lugar.
“Com essas atrações, esperamos contribuir para o desenvolvimento de uma medida eficiente e segura contra surtos de CoTS”, disse Satoh.
A nova pesquisa marca o início de uma possível estratégia para combater as estrelas-do-mar-coroa-de-espinhos. Com o avanço dos estudos, cientistas esperam desenvolver formas mais precisas de usar essa proteína no controle das CoTS, o que será um passo importante na luta para salvar os recifes de corais dessas predadoras vorazes.
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