COP30: como o oceano pode ajudar a reduzir emissões em 35% até 2050?

Soluções climáticas focadas nos oceanos podem ajudar a reduzir em até 35% as emissões globais até 2050. A estimativa está no chamado “Pacote Azul” (blue package, em inglês) apresentado nesta terça-feira (18) pela enviada especial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) para Oceanos, Marinez Scherer, em Belém.

O roteiro alinha e impulsiona as “Iniciativas de Avanço Oceânico” em cinco setores de alto impacto. “Esses não são objetivos abstratos. São ações práticas, baseadas na ciência, que podem ser implementadas agora se agirmos juntos e com urgência”, defendeu a doutora em Ciências Marinhas e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

30% do comércio marítimo deve passar por portos adaptados às mudanças climáticas até 2030 pelo plano (Imagem: beingbonny/iStock)

O que prevê o plano?

  • Conservação marinha: investimentos de US$ 72 bilhões (R$ 383 bilhões) para garantir a integridade dos ecossistemas oceânicos, protegendo, restaurando e conservando pelo menos 30% do oceano até 2030;
  • Alimentos aquáticos: fornecimento de pelo menos US$ 4 bilhões (R$ 21 bilhões) anualmente para apoiar sistemas alimentares aquáticos resilientes que contribuam para ecossistemas saudáveis ​​e regenerativos e sustentem a segurança alimentar e nutricional de três bilhões de pessoas;
  • Energia renovável oceânica: instalar pelo menos 380 GW de capacidade offshore, estabelecendo metas e medidas facilitadoras para resultados líquidos positivos em termos de biodiversidade, e defender a mobilização de R$ 10 bilhões (R$ 53 bilhões) em financiamento concessional para economias em desenvolvimento, a fim de atingir esse objetivo;
  • Transporte marítimo: combustíveis com emissão zero devem representar pelo menos 5% do total, com o objetivo de atingir 10% do combustível para transporte marítimo internacional e 15% para transporte marítimo doméstico até 2030. 450.000 marítimos precisam de requalificação e treinamento até 2030; 30% do comércio marítimo deve passar por portos adaptados às mudanças climáticas até 2030. Reduzir o impacto do transporte marítimo internacional na biodiversidade marinha em 30% até 2030;
  • Turismo costeiro: investimento de US$ 30 bilhões (R$ 159 bilhões) anualmente para apoiar a redução pela metade das emissões do turismo costeiro; e investimentos adicionais para fortalecer a resiliência das comunidades locais, bem como para recuperar e proteger os ecossistemas, visando a gestão sustentável do turismo em destinos insulares e costeiros mais vulneráveis ​​às mudanças climáticas.
Plano defende a instalação de pelo menos 380 GW de capacidade offshore (Imagem: Igors Aleksejevs/iStock)

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Aliado

Atualmente, 78% dos países membros da iniciativa Blue NDC Challenge incluem pelo menos uma referência explícita ao oceano em seus compromissos climáticos – um aumento de 39% em comparação com planos anteriores. Para a pesquisadora, o oceano assumiu o lugar que lhe cabe ao lado da Amazônia e da transição energética na COP30 – temas centrais no debate climático.

“Mas reconhecimento e metas não bastam. O que é necessário agora é vontade política e investimento para implementar o Pacote Azul. Devemos agir juntos em um Mutirão Azul – um movimento coletivo de governos, comunidades, inovadores e cidadãos trabalhando lado a lado pelo oceano que nos sustenta”, defendeu Scherer.

Pacote Azul prevê investimentos anuais para apoiar a redução pela metade das emissões do turismo costeiro (Imagem: Tunatura/iStock)

A pesquisadora acredita que o oceano é o aliado mais poderoso da humanidade na luta contra as mudanças climáticas, absorvendo o excesso de calor e dióxido de carbono. No entanto, estão sob enorme pressão – ondas de calor marinhas estão branqueando os recifes de coral, a acidificação está erodindo os ecossistemas, e a desoxigenação está espalhando zonas mortas pelos mares.

“Proteger e restaurar a saúde dos oceanos não é apenas uma prioridade ambiental, mas sim uma questão de sobrevivência e resiliência humana. Nações costeiras e insulares, povos indígenas e comunidades pesqueiras estão na linha de frente das mudanças climáticas e da deterioração da saúde dos oceanos. Suas vozes devem liderar e seu conhecimento deve guiar nossa resposta”, alertou a cientista. 

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