O Acordo de Paris, pela primeira vez, vai causar uma redução nas emissões, o que deve ocorrer até 2030. Apesar de histórica, a queda não deve ser suficiente para reverter o quadro e aproximar o mundo da meta climática proposta no acordo. As informações foram divulgadas no relatório sobre Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) – os planos climáticos dos países – divulgado pela ONU antes da COP30, que acontece em novembro em Belém.
Dez anos após a adoção do acordo histórico, o documento destaca que o mundo entrou em uma “nova era de ação e ambição climática”, com países adotando metas e estratégias em escala inédita. No entanto, a velocidade dessas mudanças ainda é insuficiente para limitar o aquecimento global a 1,5°C, como recomenda a ciência.
O relatório mostra avanços significativos na qualidade e no escopo dos compromissos climáticos:
- 88% dos países afirmaram que suas NDCs foram influenciadas pelo Balanço Global (GST)
- 89% adotaram metas que abrangem toda a economia
- 73% incluíram componentes de adaptação e resiliência
- Pequenos países insulares em desenvolvimento integraram perdas e danos como elemento central
Além disso, houve progresso na incorporação de questões de gênero, participação social, transição justa e mecanismos de mercado de carbono no âmbito do Artigo 6 do Acordo de Paris.
“A humanidade está agora claramente curvando a trajetória das emissões para baixo pela primeira vez — embora ainda não rápido o suficiente”, disse Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, o braço de clima da ONU.

Redução das emissões deve trazer benefícios
Embora as NDCs analisadas representem apenas um terço das emissões globais – limitando conclusões abrangentes –, a ONU realizou projeções complementares que incluem compromissos anunciados até setembro de 2025. Esses dados indicam que as emissões globais devem cair aproximadamente 10% até 2035.
O documento ressalta que os benefícios da ação climática já são mensuráveis em “milhões de novos empregos e trilhões em investimentos”. As energias renováveis, por exemplo, superaram o carvão como maior fonte de energia global em 2025.
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No entanto, a transição equitativa – onde todos os países se beneficiam da energia limpa – exigirá mais apoio às nações que menos contribuíram para a crise climática, mas são as mais afetadas por seus impactos.
COP30 é definida como ponto de virada
O relatório define três prioridades para a conferência de Belém:
- Enviar um sinal claro de que as nações mantêm o compromisso com a cooperação climática
- Acelerar a implementação em todos os setores econômicos
- Conectar a ação climática à vida das pessoas, garantindo divisão equitativa dos benefícios
“O panorama mais amplo é o de um mundo que já está pagando um preço enorme pelo aquecimento global, mas que também está se aproximando de pontos de inflexão econômica positivos”, conclui o documento. “Ainda estamos na corrida, mas para garantir um planeta habitável, precisamos acelerar o ritmo urgentemente.”

A COP30 ocorrerá em Belém do Pará de 10 a 21 de novembro, com expectativa de definir os próximos passos cruciais para implementação do Acordo de Paris.
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