Covid-19: estudo da USP indica risco de chegada de variantes mais perigosas

Uma pesquisa realizada por pesquisadores do Instituto de Ciência Biomédicas (ICB) e do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP) apontou que existem riscos altos de surgirem novas variantes mais perigosas da Covid-19 nos próximos meses. 

“A principal conclusão a que chegamos é que não devemos deixar o vírus circular, pois não sabemos como serão as variantes nos próximos meses”, ressalta a professora do ICB-USP e autora do estudo, Cristiane Guzzo, à revista Galileu.

Leia também!

Veja os fatores de risco para hospitalização por Covid-19 que mudam de acordo com a idadeSubvariante inédita da Ômicron é identificada em criança de SPHomem testou positivo para Covid-19 por 505 dias

“Estamos em uma situação confortável para os próximos meses, quando a imunidade induzida pelas doses de reforço das vacinas e pela grande disseminação da variante ômicron ainda estará alta. Mas, depois, a tendência é que as pessoas comecem a se infectar novamente e ficaremos sujeitos ao surgimento de variantes ainda mais contagiosas e fortes do que as já conhecidas, o que diminui a eficácia das vacinas. Como não temos meios de prever a evolução da pandemia e o comportamento das novas variantes, todo o cuidado ainda é necessário para evitar a circulação do vírus”, aponta.  

Guzzo relata que é um grande erro decretar que a pandemia de Covid-19 não se trata mais de uma emergência sanitária, como fez o Ministério da Saúde na última semana.  

Os pesquisadores revisaram mais de 150 artigos sobre o SARS-CoV-2 e analisaram aspectos do patógeno, como capacidade de evasão do sistema imune, potencial de mutação, transmissibilidade e até mesmo a eficácia das vacinas.  

“Identificamos que 9,5% das mutações produzidas pelas variantes estão localizadas na região N Terminal [NTD] da proteína. Isso mostra que essas mutações não estão diretamente associadas à interação com o receptor humano ACE2, mas afetam principalmente a capacidade dos anticorpos reconhecerem o vírus”, contou a autora.

Covid-19: estudo da USP indica risco de chegada de variantes mais perigosas Imagem: Kateryna Kon/Shutterstock

Foi possível concluir que o coronavírus é mais mutável do que se imaginava. Notou-se que a região que provoca a interação entre a proteína spike e o receptor ACE2 apresentou 7,7% de mutações, o que faz o número de infecções aumentarem.  

“A maioria das vacinas busca estimular a produção de anticorpos que inibam a interação entre a proteína spike e o receptor ACE2, de forma a diminuir a infecção viral. Uma das formas pelas quais o patógeno consegue burlar essa inibição é modificando a região de interação com a célula humana”, explica.  

Transmissão mais rápida 

O estudo brasileiro afirma ainda que as pessoas infectadas pela Covid-19 estão começando a transmitir a doença cada vez mais cedo com a chegada de novas variantes do SARS-CoV-2.  

“Vimos que 74% das transmissões pela delta foram feitas por assintomáticos. As pessoas infectadas pela cepa original começavam a transmitir o vírus um dia antes do início dos sintomas. Já no caso da delta isso passou a acontecer com dois dias de antecedência. São detalhes que mostram que o vírus está ampliando sua capacidade de se esconder em nosso organismo”, diz Guzzo. 

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!

O post Covid-19: estudo da USP indica risco de chegada de variantes mais perigosas apareceu primeiro em Olhar Digital.

Related posts

Google lança no Brasil novos recursos de proteção contra golpes

Amazon troca nome de internet via satélite concorrente da Starlink

Tecnologia com até 54% OFF nas lojas oficiais da Shopee