Um estudo da Universidade de Oxford apontou que o risco de desenvolver problemas neurológicos e psiquiátricos pode continuar elevado até dois anos após a infecção por Covid-19. Publicado na revista “The Lancet Psychiatry”, o artigo indicou que os problemas mais comuns após a doença são psicose, demência, névoa mental e convulsões.
Divulgada pelo G1, a pesquisa também identificou um risco maior, entre adultos, de desenvolver depressão e ansiedade, mas que diminuiu dentro de dois meses após a infecção.
“É uma boa notícia que o maior risco de diagnósticos de depressão e ansiedade após a Covid-19 é de relativamente curta duração e não há aumento no risco desses diagnósticos em crianças. No entanto, é preocupante que algumas outras condições, como demência e convulsões, continuem a ser diagnosticadas com mais frequência após a Covid, mesmo dois anos depois”, disse Maxime Taquet, professor de Oxford que liderou as análises.
Covid longa: riscos de problemas neurológicos continuam até dois anos após infecção. Imagem: Josie Elias/Shutterstock
O estudo avaliou 1,2 milhão de registros públicos de saúde de pacientes dos Estados Unidos que tiveram Covid-19. Para Paul Harrison, autor sênior do estudo, os resultados são importantes tanto para os pacientes, quanto para as instituições de saúde e comunidade médica, já que “sugerem que novos casos de condições neurológicas ligadas à infecção por Covid-19 provavelmente ocorrerão por um tempo considerável após o término da pandemia”.
No caso de crianças e adolescentes, o risco também foi detectado, mas em menor nível: ao todo, o estudo incluiu mais de 185 mil menores de 18 anos. A pesquisa foi a primeira em larga escala a analisar o risco de problemas neurológicos e psiquiátricos em crianças que tiveram Covid, além de também ser a primeira a observar os mesmos riscos relacionados às variantes.
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“O surgimento da variante delta foi associado a um aumento no risco de várias condições; no entanto, é importante observar que o risco geral dessas condições ainda é baixo”, ressaltou Taquet.
“Com a Ômicron como a variante dominante, embora vejamos sintomas muito mais leves diretamente após a infecção, taxas semelhantes de diagnósticos neurológicos e psiquiátricos são observadas como com a delta, sugerindo que a carga sobre o sistema de saúde pode continuar mesmo com variantes menos graves em outros aspectos.”
A equipe destacou, no entanto, que há limitações importantes a serem consideradas: o estudo não contabilizou casos autodiagnosticados e assintomáticos, pois geralmente não são adicionados a registros eletrônicos de saúde. Outro ponto que não foi analisado foi a duração e gravidade de cada infecção.
Covid longa: riscos de problemas neurológicos continuam até dois anos após infecção. Imagem: Kateryna Kon / Shutterstock
Recentemente, um estudo brasileiro, coordenado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pela Universidade de São Paulo (USP), concluiu que mais de 30% dos pacientes com Covid-19 sofrem com sintomas neurológicos, que incluem falta de atenção, raciocínio lento, sonolência, fadiga excessiva, ansiedade, depressão, dificuldades com linguagem e, o mais conhecido, a falha de memória.
Embora o estudo tenha sido divulgado apenas na semana passada, alguns resultados já haviam sido publicados em 2020, como preprint (pré-publicação). De acordo com a equipe do Brasil, eles foram “o primeiro grupo no mundo a divulgar o que a gente divulgou. O preprint já teve 70 citações e tem a parte boa de mostrar quem colocou o pé primeiro nessa terra.” Saiba mais detalhes aqui!
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